O Liverpool não poupou dinheiro na última janela de transferências. Reforçou o gol com Alisson Becker, o meio-campo com Fabinho e Naby Keita e o ataque com Xherdan Shaqiri.
De todos esses atletas, Xherdan Shaqiri foi o mais barato – custando 12,5 milhões de libras – e era tratado como uma boa alternativa para suprir as ausências do trio de ataque.
Entretanto, o Suíço tem se destacado bastante nos últimos jogos, onde atuou muito bem como meio-campista e já começa a “incomodar” Jürgen Klopp por uma vaga no time titular.
Xherdan Shaqiri: o camisa 10 que faltava
Desde que Phillipe Coutinho se transferiu para o Barcelona, em janeiro, os Reds perderam o único armador clássico em seu elenco.
É bem verdade que, na maioria dos jogos, a ausência foi completamente ignorada e o Liverpool até cresceu após a saída do meio-campista.
Na atual temporada, os comandados de Klopp sentiram falta de um camisa 10 de origem, e para alegria dos Reds, Shaqiri se mostrou apto a resolver este problema.
O suíço atuou centralizado em quatro partidas: Southamptom, Huddersfield Town e Cardiff City pela Premier League; e contra o Estrela Vermelha pela Liga dos Campeões.
Xherdan Shaqiri oferece ao Liverpool uma imprevisibilidade maior, tendo em vista que tem um bom chute de fora da área e a capacidade de desequilibrar no terço final do ataque.
Outra vantagem do atleta é auxiliar cada vez mais os laterais, onde são fundamentais para o desenvolvimento no estilo de jogo do Liverpool.
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Na partida contra o Estrela Vermelha, pela Liga dos Campeões, onde os Reds ganharam por 4 a 0, a jogada que abriu o placar teve papel fundamental de Xherdan Shaqiri e Andrew Robertson – lateral esquerdo da equipe.
O suíço enxerga um espaço vazio na defesa adversária e tem a inteligência de ousar um passe mais difícil naquele momento.
Resultado: Robertson aparece livre, cruza para o brasileiro Roberto Firmino, que domina e bate com a perna esquerda para abrir o placar.
No entanto, Xherdan Shaqiri tem uma importância ainda maior quando os Reds enfrentarem aqueles times que adotam uma postura bem defensiva.
Ele tem 3 características cruciais para o rompimento desses sistemas: bola parada, chute de fora da área e ousadia nos lançamentos.
Em entrevista ao site oficial do clube, John Aldridge, ex-atacante do Liverpool, se mostrou bastante empolgado com o camisa 23 atuando como meio-campista.
Quando ele entrou contra o Cardiff City, o jogo mudou e nos tornamos imprevisíveis. […] Shaqiri pode ser um grande jogador para nós nesta temporada, e sua qualidade é ÓTIMA para assistir.
Em qual esquema ele se encaixa melhor?
As equipes de Klopp têm suas particularidades. São times bastante agressivos – com e sem a bola – e a famosa intensidade não é fácil de adquirir.
Tradicionalmente, o Liverpool joga no 4-3-3. Com um volante à frente da defesa e dois homens mais avançados, os famosos box to box.
Quando os escolhidos para jogarem nesta função mais ofensiva são Georginio Wijnaldum, Naby Keita ou James Milner, há um equilíbrio bem maior entre defesa e ataque.
Isso porque esses atletas não sobrecarregam o sistema defensivo, coisa que era bastante comum quando o Liverpool tinha Coutinho nesta função.
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Para Xherdan Shaqiri se firmar cada vez mais no meio-campo, é necessário que as suas características defensivas sejam cada vez mais aprimoradas.
Isso porque ele precisa recompensar a ausência de Mohamed Salah na marcação, pois o egípcio não faz a recomposição até o final, podendo deixar Alexander Arnold sobrecarregado.
Quando Klopp passou a usar Oxlade-Chamberlain como meia, o atleta tinha uma característica de um velocista – assim como Shaqiri – mas se adaptou a função e foi um dos destaques do Liverpool até a lesão.
Outro jeito de Klopp encaixar Xherdan Shaqiri é no 4-2-3-1, usando o suíço como o meia atrás de Firmino ou Salah – que, em muitas vezes, se torna o centroavante do time.
Neste esquema, o Liverpool ganha muito em ofensividade, mas, em contrapartida, se expõe muito, por isso em algumas ocasiões Joe Gomez é o escolhido para atuar na lateral direita.
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Isso acontece porque Alexander Arnold tem como principal característica o apoio, e Gomez não sobe tanto para o ataque, deixando o time mais sólido defensivamente.
No 4-2-3-1, Shaqiri por muitas vezes aparece pelos lados, onde Firmino assume a função de armador e Salah assume o comando do ataque.
Isso por muitas vezes acaba confundindo a defesa, pois a movimentação desses atletas é muito rápida e parecem sempre estar à frente.
E a marcação nessa formação também tem variações. Salah fica mais adiantado e Sadio Mané, Firmino e Shaqiri formam uma linha mais recuada.
Shaqiri tem no Liverpool a oportunidade de elevar sua carreira e deixar para atrás o rótulo de bad boy e jogador comum.
Multifuncional, o atleta já caiu nas graças da torcida e deve ganhar cada vez mais espaço entre os titulares.