WSL 2019/2020: resumo da briga pelo título

Com o fim da WSL 2019/2020, a PL Brasil preparou um resumo da Women’s Super League. São análises de todos os doze times e a seleção da temporada, para você ficar por dentro do que aconteceu no Campeonato Inglês feminino! Neste texto, vamos falar da briga pelo título da WSL 2019/2020.

Prometia ser uma briga boa pelo título até a última rodada da WSL 2019/2020. Mas, devido à paralisação da liga por conta da pandemia do coronavírus, infelizmente tivemos os resultados antes da hora por meio da média de pontos de cada time (alguns clubes chegaram à paralisação com mais jogos que outros).

Dessa maneira, o Manchester City, que liderava com um ponto e um jogo a mais que o vice-líder Chelsea, acabou terminando na segunda colocação. As Blues terminaram com uma média de 2,6 pontos por jogo (39 pontos em 15 jogos), enquanto as Citizens tiveram média de 2,5 pontos (40 em 16 jogos). Assim, as londrinas levaram a taça.

A PL Brasil analisa os desempenhos na WSL 2019/2020 de Chelsea e Manchester City.

A temporada do Chelsea

As Blues vinham de uma temporada de “bolas na trave” em 2018/2019. Foram semifinalistas das FA Cup, da Copa da Liga e da Champions League, além de terceiras colocadas na WSL. Portanto, o principal objetivo da técnica Emma Hayes era dar o passo à frente que faltava para chegar ao título da WSL 2019/2020.

Houveram perdas importantes no início, como a goleira Hedvig Lindahl (fim de contrato) e a experiente meio-campista Karen Carney (aposentada). Mas Hayes foi ao mercado e trouxe bons nomes.

Duas contratações tiveram maior destaque: a meia norueguesa Guro Reiten e a badalada artilheira australiana Sam Kerr, esta chegando para a segunda metade da temporada.

Porém, o início não foi muito promissor. Especialmente após a magra vitória por apenas 1 a 0 sobre o recém-promovido Tottenham e um empate suado contra o Brighton (1 a 1). Ficou claro que as Blues precisariam de muito mais se quisessem fazer frente a Manchester City e Arsenal, seus maiores concorrentes na briga pelo título.

Um dos fatores que fez a diferença a favor do Chelsea foi a legião norueguesa de Emma Hayes. Nos quatro jogos seguintes, foram quatro triunfos (um deles contra o Arsenal, por 2 a 1) com quatro dos dez gols do time anotados pelas nórdicas. Dos quatro tentos, dois foram de Reiten, um da zagueira Maria Thorisdottir e outro da lateral Maren Mjelde.

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Quem também cresceu de produção no embalo da boa sequência foi a atacante Bethany England. Até a sexta rodada, a centroavante tinha apenas dois gols na liga, mas nos nove jogos seguintes marcou em todos, com impressionantes 12 tentos.

Após o início abaixo do esperado, as Blues empataram em apenas outras duas oportunidades – contra Liverpool (1 a 1) e Manchester City (3 a 3), ambas fora de casa. Exceto isso, venceram todos os demais confrontos.

O Chelsea terminou a temporada encurtada da WSL de maneira invicta, com 12 vitórias e três empates. Além disso, ostentou o melhor ataque da competição, com 47 gols marcados, e a segunda melhor defesa, com apenas 11 tentos sofridos.

É claro que os torcedores da parte azul de Londres esperavam ver o título da WSL 2019/2020 em campo, liderando à frente de Manchester City e Arsenal não só em aproveitamento, mas em número de pontos também.

Entretanto, é inegável que o time vinha fazendo excelente trabalho, e de fato apresentou o melhor futebol da liga até a paralisação.

Destaque do Chelsea: Bethany England

WSL 2019/2020: resumo da briga pelo título
Dan Istitene/Getty Images

Seria a atacante Bethany England um produto da grande fase dos Blues, ou seria a arrancada para o título da WSL 2019/2020 do Chelsea um produto de Bethany England?

Fato é que a camisa nove foi o grande nome da campanha vitoriosa do time em toda a temporada, sendo a vice-artilheira da WSL. A camisa ficou apenas dois gols atrás da holandesa Vivianne Miedema.

Além dos 14 gols marcados na liga, a atacante de 26 anos balançou as redes sete vezes na Copa da Liga, chegando a 21 gols em apenas 24 partidas em todas as competições.

Dotada de um excelente senso de colocação, além de finalizar bem com as duas pernas ou de cabeça, England foi essencial ao time ao longo da temporada. Tanto que, além de artilheira, foi a jogadora que disputou mais partidas pelo Chelsea na WSL.

Como seu sobrenome já denuncia, England faz parte da seleção inglesa e, após esta grande temporada, ela é cada vez mais uma figura carimbada entre as Lionesses. E com justiça.

A temporada do Manchester City

Foi por muito pouco, mas dessa vez as Citizens não voltaram a levantar o troféu da WSL. Se em 2018/2019 a diferença para o campeão Arsenal foi de sete pontos, dessa vez o que separou o Manchester City do título da WSL 2019/2020 foi apenas um décimo na média de pontos. No entanto, a temporada ainda assim foi histórica para o clube.

Logo na primeira rodada, as Citizens receberam seu principal rival, Manchester United, no primeiro clássico de Manchester da história da WSL, o qual terminaria com vitória das donas da casa por 1 a 0. O jogo ficou marcado pelo maior público da história da competição, com mais de 31 mil torcedores presentes no Etihad Stadium.

A boa estreia diante de tantos olhos serviu de motivação à equipe do treinador Nick Cushing. Nos sete jogos seguintes, foram seis vitórias e apenas uma derrota – para o Arsenal – com 17 gols marcados e apenas um sofrido.

Dominantes em todos os estágios do jogo – defesa, meio-campo e ataque – as Citizens só pecaram nos confrontos diretos contra concorrentes ao título.

Nos quatro duelos contra Arsenal e Chelsea, a equipe venceu um (2 a 1 contra o Arsenal), empatou outro (3 a 3 contra o Chelsea) e perdeu dois (1 a 0 e 2 a 1 contra Arsenal e Chelsea, respectivamente).

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Apesar do rendimento um pouco abaixo nos grandes jogos, a regularidade do Manchester City impressionou. Liderado por um forte sistema defensivo, com destaque para as zagueiras Steph Houghton e Gemma Bonner e a volante Keira Walsh, o time só foi vazado nove vezes em 16 jogos.

Apenas em duas ocasiões a equipe treinada por Nick Cushing sofreu mais de um gol na WSL: na derrota por 2 a 1 e no empate em 3 a 3, ambos contra o Chelsea. Dono do terceiro melhor ataque (39 gols) e da melhor defesa da liga, o Manchester City teve campanha de 13 vitórias, um empate e duas derrotas.

Na reta final antes da paralisação, Nick Cushing deixou o clube após sete anos de trabalho. Ele partiu rumo aos EUA, para ser assistente técnico do New York City FC, da MLS. Quem assumiu foi o interino, Alan Mahon, e recentemente, o galês Gareth Taylor foi efetivado.

Há nove anos trabalhando nas categorias de base do City, Taylor terá pela frente o maior desafio de sua jovem carreira como técnico. Além de ser sua primeira experiência treinando uma equipe profissional, certamente contará com a pressão imediata por títulos.

Destaque do Manchester City: Pauline Bremer

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Muito se esperava da recém-chegada Ellen White, uma das artilheiras da Copa do Mundo de 2019 com seis gols. E mesmo com ela anotando cinco tentos em 11 partidas, outros nomes brilharam mais. São os casos da escocesa Caroline Weir (oito gols na temporada) e a canadense Janine Beckie (vice-líder de assistências da WSL, com sete).

Entretanto, a grande estrela da temporada foi a centroavante Pauline Bremer. Extremamente oportunista, a alemã de 24 anos marcou dez gols em 12 partidas na WSL, a terceira na artilharia da liga. Em todas as competições, foram 19 tentos em 19 jogos.

Contratada pelo clube em 2017, Bremer sofreu uma grave lesão ao quebrar a perna em sua estreia, contra o Everton, o que a manteve por 13 meses longe dos gramados. Mas a alemã não se deixou abalar. Finalmente bem fisicamente para sua primeira temporada inteira na Inglaterra, foi a grande referência no ataque do time azul de Manchester.

No final de fevereiro, já com a liga paralisada, Bremer anunciou que não havia renovado seu contrato com o Manchester City. Ela retorna à Alemanha, rumo ao Wolfsburg na temporada 2020/2021. Certamente uma grande perda e uma dor de cabeça para o novo treinador Gareth Taylor.

Hugo L'Abbate
Hugo L'Abbate

Jornalista (PUC-MG) atualmente trabalhando como correspondente na Escócia. Ex-Globoesporte e Tagesspiegel. Acompanha desde a National League e a Irn-Bru Cup à Copa do Mundo e a Champions League.