Wrexham ‘rico’? Como estão as finanças do clube do ator Ryan Reynolds

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Apesar de disputar apenas a quinta divisão da Inglaterra, o Wrexham tem sido um dos times mais populares do futebol britânico. Tudo graças às estrelas de Hollywood Ryan Reynolds e Rob McElhenney, que compraram o pequeno clube do País de Gales e o tornaram mundialmente famoso através da série “Bem-vindos ao Wrexham”.

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Com o aporte dos norte-americanos milionários, o Wrexham montou um elenco acima do nível da National League e lidera a competição, com 100 pontos. O acesso só ainda não está garantido porque o segundo colocado, o Notts County, tem apenas três pontos a menos — e só o campeão garante o acesso direto à quarta divisão.

Dado o interesse que passou a existir no pequeno time galês que pertence a Reynolds e McElhenney, o site inglês “The Athletic” publicou uma análise sobre o balanço financeiro divulgado recentemente pelo Wrexham.

Os números, vale ressaltar, são referentes à temporada de 2021/22, a primeira inteira da dupla dos Estados Unidos no comando. O Wrexham terminou em segundo lugar na National League e acabou derrotado para o Grimbsy Town nos playoffs, permanecendo na quinta divisão. O balanço ainda não conta com o impacto financeiro trazido pela série, que no Brasil é transmitida pela Star+, já que a produção estreou apenas em outubro de 2022.

Receitas e despesas do Wrexham

Dito isso, vamos aos valores: o Wrexham teve um faturamento de 6 milhões de libras (R$ 38 milhões) em 2021/22, o que representa um aumento de 404% em relação à temporada anterior.

Conta para esse faturamento um empréstimo (que é pago com juros pelo clube) feito pelos donos no valor de 3,67 milhões de libras e mais 1,2 milhões de libras investidos pelos próprios em ações.

Ainda entraram no caixa galês 2,65 mil libras em receitas de ingressos de jogo (que, na temporada anterior, foram zeradas devido à pandemia de covid-19); 1,3 mil através da venda de mercadorias; e 1,05 mil com patrocínios e propagandas. O time hoje é patrocinado pelo popular aplicativo chinês TikTok.

Mesmo assim, as receitas não impediram que o Wrexham fechasse a temporada com um déficit de 2,9 milhões de libras. Colaboraram para o prejuízo principalmente os gastos com futebol, mensurados em 3,94 milhões de libras — 394% a mais que no ano anterior –, e a compra do estádio Racecourse Ground da Wrexham Glyndwr University por 2 milhões de libras. O estádio passa inclusive por reformas para aumentar sua capacidade.

Nas despesas do futebol entram não só as operações diárias, mas também o valor gasto com salários e transferências. A folha de pagamento anual não é divulgada pelo clube, embora as estimativas apontem para algo na casa dos 2,5 milhões de libras. Já o dinheiro investido em transferências foi de 1,2 milhão de libras durante 2021/22, incluindo as 300 mil libras pagas por Ollie Palmer, até então a transferência mais cara da história do Wrexham.

Mesmo patamar de rivais

Apesar do aporte milionário sugerir um balanço financeiro inchado para o patamar do time, os valores apontados pelo Wrexham não diferem tanto assim dos concorrentes de divisão. O Stockport, que subiu para a Football League Two como campeão da National League, divulgou um prejuízo de 4,8 milhões de libras em 2021/22. O Notts County, maior concorrente dos galeses na temporada atual, tiveram um déficit de 1,7 milhões. Já o Chesterfield, atual quarto colocado, teve perdas na casa de 2,3 milhões de libras.

O que chama a atenção, de fato, é o faturamento de 6 milhões de libras, um recorde para um clube inglês fora das quatro principais divisões.

Ainda não é possível projetar o balanço da temporada atual do time das estrelas de Hollywood. Os custos devem ter aumentado, uma vez que o clube gastou mais dinheiro para garantir o acesso, ao mesmo tempo que também aumentaram as receitas com patrocínios, visibilidade e série da Star+.

Acesso representaria salto nas finanças

O que dá para saber é que o acesso, se garantido, representaria a subida de patamar financeiro do Wrexham. Só a subida já garantiria aos cofres do clube mais 1,1 milhão de libras vindas da English Football League. Isso fora as receitas com possíveis jogos transmitidos na televisão, o que costuma representar um salto para equipes desse nível.

Por outro lado, jogar nas quatro divisões da Inglaterra exige que o clube cumpra certas regras do fair play financeiro. O Wrexham não poderá gastar, por exemplo, mais do que 55% da sua receita em salários. Com uma folha salarial que já é digna de quarta divisão, a conta de Reynolds e McElhenney deve fechar desde que os donos não queiram dar um passo maior do que a perna. Por enquanto, não parece ser o caso.

Diogo Magri
Diogo Magri

Jornalista nascido em Campinas, morador de São Paulo e formado pela ECA-USP. Subcoordenador da PL Brasil desde 2023. Cobri Copa América, Copa do Mundo e Olimpíadas no EL PAÍS, eleições nacionais na Revista Veja e fui editor de conteúdo nas redes sociais do Futebol Globo CBN.

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