Lucas Paquetá teve uma temporada de altos e baixos em sua estreia na Premier League. Com o West Ham convivendo com situações complicadas na tabela, a posição e a função do brasileiro em campo, mais defensivas e de menos bola no pé, às vezes eram encaradas como estranhas – principalmente do ponto de vista dos que acompanharam aquele jovem meia-atacante surgir no Flamengo.
Nesta segunda-feira (10), porém, o brasileiro recebeu a camisa 10 dos Hammers após a saída de Manuel Lanzini. Isso pode indicar uma mudança para o jogador da seleção brasileira? Vem aí uma temporada diferente para Lucas Paquetá?
A PL Brasil já havia feito uma análise sobre o comportamento de Paquetá dentro dos mecanismos dos Hammers e explicamos os motivos do jogador ter ganhado tanto destaque defensivo no time de David Moyes.
Paquetá: volante ou meia no West Ham?
O West Ham jogou a maior parte da temporada em 4-2-3-1. O brasileiro se encaixou em diferentes posições nesse esquema: volante, meia armador ou até extremo pela esquerda. A segunda formação mais utilizada por Moyes foi o 3-4-3, que naturalmente não comporta uma posição de “camisa 10”. Então, Paquetá foi recuando.
Com a saídas de Lanzini, que lhe rendeu a camisa 10, e principalmente de Rice, destaque do time que está perto de ser anunciado pelo Arsenal, o brasileiro deve ter mais protagonismo no meio-campo dos Hammers. O que os números e o elenco têm a dizer para ele na próxima temporada?
Sem Declan Rice e com Soucek em baixa, o brasileiro deve participar ainda mais da construção desde áreas mais baixas no campo. No entanto, é evidente que seu envolvimento ofensivo melhora quando joga mais à frente.
Segundo números da plataforma de dados “Wyscout”, Paquetá tem uma média superior de assistências, finalizações, dribles e duelos ofensivos, por exemplo – levando em consideração estatísticas por 90 minutos – quando joga como meia em relação aos seus minutos como volante.
Paquetá em jogos como volante (por 90 minutos)
Gols: 0,13
Assistências: 0,09
Finalizações: 1,78
Passes para finalizações: 0,98
Dribles: 2,26
Duelos ofensivos: 8,74
Toques na área: 1,61
Paquetá em jogos como meia (por 90 minutos)
Gols: 0,11
Assistências: 0,17
Finalizações: 1,84
Passes para finalizações: 0,67
Dribles: 3,41
Duelos ofensivos: 11,06
Toques na área: 1,73
Como volante, no entanto, ele participa mais do jogo e seus números de passes são superiores: curtos, longos, cruzamentos, passes para frente e para finalização, por exemplo. Isso foi ilustrado durante a Copa do Mundo, em que o camisa 7 da seleção brasileira jogou ao lado de Casemiro como segundo volante. No próprio Lyon, antes do West Ham, ele descia para armar o jogo entre os volantes.
Há o peso da camisa 10?
Paquetá vestiu a camisa 10 no Lyon e brevemente na seleção brasileira. O peso figurativo não deve ser grande, tampouco a responsabilidade de ser a principal estrela do ataque dos Hammers. Na última temporada, por exemplo, ele já foi o terceiro jogador com mais chutes no elenco (40) na Premier League, mesmo com apenas 28 rodadas.
Entre os jogadores que tiveram média superior a um cruzamento por jogo no time de Londres, o brasileiro foi o segundo com mais acertos (37%) e o terceiro com mais passes (41,6 a cada 90 minutos). Rice, que vai para o Arsenal, foi o líder (49,7).
Entre os meio-campistas, também foi o segundo com mais passes para frente (14,8 a cada 90 minutos), novamente atrás de Rice. O ex-Flamengo também deve ser o responsável pelas inversões e lançamentos longos que Rice faz com maestria.
Também segundo o Wyscout, Paquetá foi o jogador com mais passes inteligentes por jogo nos Hammers e com certa folga: 1,57 – Bowen, o segundo colocado, teve 0,99. Só esteve atrás de Rice (novamente) em passes para o terço final (6,48 a cada 90 minutos) e liderou o time em passes em profundidade (1,88 a cada 90 minutos) e no acerto dos passes progressivos (81,8%).
A saída do capitão do West Ham é um grande indicador de que Paquetá terá mais responsabilidade com bola, o que tende a fazer com que ele cresça ainda mais, uma vez que suas maiores valências são mostradas com a posse. Foram as tabelas curtas com Neymar e os dribles na seleção brasileira que elevaram sua popularidade no futebol europeu, afinal.