De São José dos Campos, cidade a 95 km da capital, até chegar ao Manchester City aos 19 anos, Vítor Reis nunca demonstrou intimidação na promissora carreira e sempre encarou os grandes desafios.
Mas antes de chegar ao Etihad Stadium ou de dar os primeiros passos no gramado do Allianz Parque, tudo começou na R-10 Soccer, uma escola de futebol localizada na Zona Norte de São José dos Campos. E logo no início, o Vitinho, como era conhecido entre os professores, já demonstrava que teria um futuro promissor — e vestindo um uniforme azul claro e branco.
— Eu coloquei ele na zaga e ele já se destacou no treino. Liderança ali atrás, já com sete aninhos de idade, já falando, comandando os “moleques” de nove anos de idade, saía jogando com a bola no pé, não dava chutão. Ele já tinha uma boa leitura de jogo, uma boa visão de jogo — contou Robson Custódio, mais conhecido como Robinho, dono da R-10 Soccer e um dos primeiros técnicos do Vítor Reis em entrevista para a PL Brasil.
— A partir daquele dia, ele já começou a treinar comigo, eu já subi ele de categoria e já começou a disputar campeonatos de sub-9. Ali ele já mostrou que tinha um grande potencial.
O início do Vitinho na escolinha formadora de craques
A R-10 Soccer é uma escolinha de futebol particular fundada por Robson e voltada para crianças de 7 a 14 anos que sonham com uma carreira no esporte. Há 17 anos no mercado, o projeto tem parcerias com clubes brasileiros para recrutamento, convidando olheiros para acompanharem os treinos e campeonatos.
As aulas acontecem no Estádio ADC Parahyba com estrutura simples e estilo “futebol raiz”: gramado natural, vestiário modesto e arquibancadas para 5 mil pessoas. Os alunos recebem uniformes e utilizam materiais como bolas, cones e barreiras nos treinos, que ocorrem pela manhã e tarde, com turmas divididas por idade e supervisionadas por professores.
Jogadores que hoje brilham pelos gramados do Brasil e do mundo servem de exemplo do sucesso. Yuri Alberto, atualmente no Corinthians, e Vítor Reis, hoje no Manchester City, foram alunos da R-10 Soccer.
— Em todos os nossos treinamentos, a gente começa na parte de coordenação motora, faz um trabalho de fundamentos para melhorar na evolução do jogador mesmo. O nosso trabalho aqui não é recreativo, é trabalho de formação igual o clube trabalha. — destaca Robinho.
Vitinho chegou na R-10 aos sete anos e foi recrutado para a base do Palmeiras aos dez. Quando completou 14 anos, se mudou para os alojamentos do Alviverde, mas continuou participando das atividades na escolinha de São José dos Campos.
— A gente foi acompanhando a evolução do Vítor em cada categoria. Muitos alunos quando chegam aos 13, 14 anos já não conseguem maturar. O Vítor não. Ele foi cada vez mais subindo o degrau em uma escala até chegar ao topo profissional — explicou Robinho.

Vítor Reis, um destaque desde pequeno
No dia 1º de julho de 2024, o Palmeiras entraria em campo sem Gustavo Gómez e Murilo. E justamente no jogo contra o maior rival, o Corinthians. Para o lugar dos veteranos, dois garotos: Kaiky Naves e Vítor Reis.
Naves já era um nome conhecido dos palmeirenses, mas Vítor Reis era uma novidade para muitos. E ele não decepcionou. Além da boa atuação na defesa, o jovem de então 18 anos foi o autor do segundo gol na vitória por 2 a 0 e se tornou um dos nomes de confiança de Abel Ferreira.
Mas para quem trabalhou com Vítor, o desempenho contra o Corinthians logo na estreia não era uma novidade. A joia brasileira era destaque desde criança antes de chegar ao Palmeiras.
— Ele já demonstrou personalidade com sete anos de idade. Foi trocado para o Palmeiras e foi desenvolvendo cada vez mais a liderança dele. A gente já batia o olho e falava “esse daí futuramente está jogando profissionalmente”. É um menino esforçado. Então tem tudo para dar certo. Não tinha como dar errado — destacou Robinho, em tom orgulhoso.
Até o fato de balançar as redes não foi uma surpresa para o primeiro professor do Vítor. Ele já jogou como meio–campista, lateral e chegou a ser artilheiro de uma competição de base, mas o forte sempre foi ser zagueiro.
Para conseguir tudo isso, não faltou dedicação para o jogador. As cobranças pela seriedade durante as aulas e os conselhos dos professores foram fundamentais para o zagueiro, adicionado ao seu talento, como explica Robinho. Os alunos estão cientes que, se vão para as aulas, terão a cobrança dos treinadores para participar das atividades e fazer a diferença futuramente na carreira.
— Apesar de ser tão novinho, ele já tinha uma liderança. Você via como ele estava querendo mesmo. Então é muita dedicação, muito treinamento, muito esforço, muita cobrança. A pessoa tem que estar bastante focada e tem que estar querendo. Foi o que eu sempre disse para o Vitinho.

Um grande reforço para o Manchester City
Rapidamente Vítor Reis ganhou o carinho dos palmeirenses. O desempenho do brasileiro encantou os torcedores e atraiu o interesse do exterior. Arsenal e Brighton demonstraram interesse no brasileiro e chegaram a formalizar propostas ao Palmeiras.
No entanto, foi o Manchester City que levou a melhor nas negociações. Vítor Reis integra o elenco dos Citizens e será um reforço para a defesa de Pep Guardiola.

O brasileiro leva para o futebol os conselhos e as lições aprendida ainda na R-10 Soccer. Robson sempre aconselhou o jogador sobre a seriedade nos trabalhos nos clubes e “matar um leão por dia” na luta pela vaga no time.
— Ele sempre treinou sério até aqui na escola, imagine lá no clube como que ele deve ter acatado isso com mais seriedade, que é o sonho dele, ele não ia perder essa oportunidade. Então, graças a Deus realizou esse sonho e o nosso também, de colocar mais um jogador num clube profissional.
E os torcedores do City podem ficar empolgados com o jovem zagueiro de 19 anos. Mesmo tão jovem, ele serve de inspiração para as novas gerações de jogadores, principalmente após uma visita especial aos treinos na R-10 Soccer em dezembro de 2024.
— Eu até comentei perto dos pais dos alunos que futuramente ele ia estar jogando fora. O clube que realmente contratar o Vítor Reis vai estar contratando um excelente jogador, um jogador dedicado, competente e futuramente jogador da seleção brasileira — destacou Robinho orgulhoso sobre o seu antigo aluno.
