O ponto forte do novo Liverpool que oferece perigo para o Manchester United no domingo

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Para lavar completamente a alma do torcedor, a vitória do seu time é maravilhosa, mas não é suficiente — o grande rival tem que perder também. Isso quer dizer que os últimos anos têm sido felizes para a torcida do Liverpool.

Não porque o Everton, o rival histórico da cidade, anda mal. Para alguns se trata da cereja no bolo, para outros é uma pena — é uma relação distinta e, sim, tem torcedores do Liverpool que gostariam de ver o vizinho num lugar mais confortável.

Não, a rivalidade mais acirrada é com o gigante tradicional da cidade que se encontra a somente 50 quilômetros de distância — o Manchester United.

E as temporadas recentes, depois de Alex Ferguson, têm sido difíceis para o United, enquanto o Liverpool de Jürgen Klopp, com futebol empolgante, conquistou títulos e amigos. Um banho gostoso e prolongado para a alma do Liverpool.

A rixa ficou grave nos anos 1970 e 1980.

O Liverpool acumulava títulos. Mas a sua torcida guardava um ressentimento com o espaço que a mídia dava para o United, visto por muitos como o time mais glamoroso.

E nas duas décadas seguintes, o motivo para ressentimento só cresceu — além do glamour, o United de Ferguson ganhava enquanto o Liverpool ficou na fila. Mas com o Klopp por um lado, e uma sequência de tentativas mal-sucedidas de substituir o Ferguson no outro, o jogo virou.

O primeiro Manchester United x Liverpool pós-Klopp

E agora, no domingo, na terceira rodada da temporada atual, tem o primeiro encontro entre os dois rivais na era pós-Klopp. E, baseado naquilo que a gente viu até agora, dá para concluir que o Liverpool continua com a vantagem.

O time de Arnie Slot, com os mesmos jogadores da era Klopp, tem sido um pouco diferente. O técnico novo fala em um estilo com mais posse da bola. E pode ser que o time que Klopp formou não seja mais capaz de jogar da maneira que o Klopp mandava.

Bem, em fases, ainda pode botar aquela pressão doida em cima do adversário, medida que Klopp sempre argumentava ser melhor que qualquer camisa 10, pois a ação coletiva assim ganha a bola perto do gol rival.

Mas não vai jogar assim o tempo todo. O defensor chave, Virgil Van Dijk, agora tem 33 anos, e nem sempre vai ficar tão confortável operando numa linha alta. O Liverpool atual tem a possibilidade de recuar mais, abrindo espaço para contra-ataques em velocidade, onde o atacante colombiano Luis Diaz está brilhando.

Jogadores do Liverpool comemoram gol. Foto: Icon Sport

O interessante é que é exatamente isso — o ponto forte do Liverpool de Arnie Slot — que oferece perigo para o time do United.

Ficou mais evidente em Old Trafford — palco do jogo deste domingo — que fora de casa no sábado, quando perdeu para o Brighton. Na primeira partida da temporada, o United conseguiu vencer o Fulham em casa, sim. Mas somente porque o visitante londrino desperdiçou tantas oportunidades na transição, com o meio-campo do United, como na última temporada, perigosamente aberto.

O Liverpool vai ser mais eficiente no contra-ataque, o que quer dizer que o United vai ter que ser mais eficiente na proteção.

Ciente do tamanho do buraco, o técnico Erik Ten Hag identificou uma possível solução — o volante uruguaio Manuel Ugarte, que lembra bastante um jovem Javier Mascherano. O United tem passado essa janela de transferências jogando pôquer com o Paris Saint Germain para tentar chegar a um acordo para comprar o jogador.

Conseguiu. Ugarte agora defende o United — e vai ter que defender mesmo, especialmente se logo depois de assinar contrato ele for atirado aos leões de Liverpool no domingo. Seria um belo bem-vindo ao Premier League, Manuel Ugarte!

Ugarte PSG Manchester United
Manuel Ugarte pelo PSG (Foto: Imago/Sportimage)
Tim Vickery
Tim Vickery

Tim Vickery cobre futebol sul-americano para a BBC e para a revista World Soccer desde 1997, além de escrever para ESPN e aparecer semanalmente no programa Redação SporTV. Foi declarado Mestre de Jornalismo pela Comunique-se e, de vez em quando, fica olhando para o prêmio na tentativa de esquecer os últimos anos de Tottenham Hotspur.