Dorival Júnior fez a sua primeira convocação para a seleção brasileira no dia 1º de março já com diversas novidades. Sua adversária na estreia, a Inglaterra, teve a convocação de Gareth Southgate anunciada nesta quinta-feira (14).
Além das novidades, o treinador brasileiro ainda teve de fazer mudanças na lista original. Por conta de lesões, Maquinhos, Ederson e Gabriel Martinelli — os dois últimos da Premier League — foram cortados. Léo Jardim, Fabrício Bruno e Galeno foram chamados em seus lugares.
Antes da partida de estreia de Dorival, a primeira do Brasil contra a seleção inglesa em sete anos, fica a dúvida: qual dos dois times tem o melhor elenco? A PL Brasil analisa para chegar a uma resposta.
A comparação entre as listas de Brasil e Inglaterra
Dorival chamou 26 atletas, um a mais do que Southgate. O inglês, inclusive, teve algumas peculiaridades na sua lista: levou apenas um lateral de cada lado, três “camisas 9” e alguns jogadores bastante contestados.
O ex-treinador do São Paulo, por sua vez, aposta na renovação, com muitos jovens e estreantes, com a sua própria experiência pessoal — jogadores contestados para a Seleção, mas que foram comandados por ele em Flamengo e São Paulo.
Goleiros
- Brasil: Bento (Athletico-PR), Léo Jardim (Vasco), Rafael (São Paulo)
- Inglaterra: Jordan Pickford (Everton), Sam Johnstone (Crystal Palace), Aaron Ramsdale (Arsenal)
Possivelmente o setor que menos agrada nos dois lados. Apesar de Bento ser um nome pedido por uma parte dos torcedores, ainda se imaginava um processo de transição com Ederson e Alisson à sua frente, e possivelmente uma briga com Lucas Perri pela terceira vaga — quase nunca útil de fato.
Léo Jardim vive bom momento no Vasco e Rafael foi campeão da Copa do Brasil com Dorival, mas não são as primeiras opções que vêm à cabeça quando se pensa em goleiros para a seleção brasileira.
Do outro lado, Ramsdale perdeu a posição no Arsenal e tem falhado quando acionado, mesmo tendo sido destaque na temporada passada. Pickford é um goleiro sólido pela seleção há anos, por mais que haja debate sobre sua titularidade, e Johnstone nunca foi ameaça real. Nick Pope, outro nome de peso, está machucado.
VEREDITO: Ainda assim, na comparação atual, os goleiros ingleses são superiores aos brasileiros. Não seria o caso em uma escalação ideal, com Alisson e Ederson, dois dos melhores da posição na Premier League, levando clara vantagem.
Zagueiros
- Brasil: Beraldo (PSG), Gabriel Magalhães (Arsenal), Fabrício Bruno (Flamengo), Murilo (Palmeiras)
- Inglaterra: Jarrad Branthwaite (Everton), Lewis Dunk (Brighton), Joe Gomez (Liverpool), Ezri Konsa (Aston Villa), Harry Maguire (Manchester United), John Stones (Manchester City)
Talvez o fato de não querer convocar três canhotos tirou a vaga de Murillo, do Nottingham Forest, na convocação de Dorival, um nome muito mais pedido do que Fabrício Bruno e Murilo.
Nas condições normais, Marquinhos é o titular na direita. Bremer, da Juventus, também é um nome forte e que possivelmente merecia mais do que os dois que atuam no Brasil, mesmo que não tenha caído nas graças do público que pouco o conhece.
Beraldo e Magalhães são nomes excelentes. O zagueiro do Arsenal é destaque dos Gunners e da Premier League, enquanto o ex-São Paulo recém-chegado ao PSG já faz sucesso, inclusive atuando como lateral-esquerdo. Certamente é um dos nomes mais promissores da posição.
O time inglês, no entanto, tem nomes mais consolidados, mesmo que criticados. John Stones foi, junto a Rodri, o principal jogador do Manchester City campeão de tudo na temporada passada, enquanto Konsa é um líder no sólido Aston Villa e Brantwhaite, um dos nomes para o futuro que já entrega em alto nível na Premier League.
Maguire, criticado, mas intocável por Southgate, e Joe Gomez, que pode ser utilizado como lateral, correm por fora, enquanto Dunk, também sólido pelo Brighton, não é o principal nome da posição.
VEREDITO: No conjunto da obra, a Inglaterra tem opções mais qualificadas para a posição mesmo tendo nomes que, com outro treinador, sequer fariam parte do time, enquanto o Brasil tem dois jogadores “incontestáveis”, mas que dividem o mesmo lado da zaga.
Laterais
- Brasil: Danilo (Juventus), Yan Couto (Girona), Ayrton Lucas (Flamengo) e Wendell (Porto)
- Inglaterra: Kyle Walker (Manchester City), Ben Chiwell (Chelsea)
Wendell é um nome pouco conhecido e que gera dúvidas até nos portugueses, enquanto Danilo, quase que incompreendido, nunca caiu nas graças dos brasileiros. Yan Couto é uma das melhores opções para a direita no futuro, mas Ayrton Lucas também gera dúvida no mais alto nível.
A seleção brasileira tem boa dosagem nos dois lados: um lateral mais construtor e outro mais agudo, de linha de fundo. A diferença da lateral direita, bastante superior à esquerda, no entanto, é uma questão.
A Inglaterra tem possivelmente o melhor conjunto de laterais do mundo, mas só chamou dois. Seja por lesão e até problemas pessoais, nomes como Alexander-Arnold, Reece James, Luke Shaw, Kieran Trippier e Ben White são todos opções superiores às brasileiras, mas que não estão na lista.
VEREDITO: Em um cenário normal, não há a menor comparação: é o setor em que o Brasil é muito inferior aos ingleses. O cenário atual, no entanto, talvez seja de equilíbrio, dadas as incertezas sobre como Southgate usará suas opções pelos lados — mas a vantagem continua no lado inglês.
Meio-campistas
- Brasil: André (Fluminense), Andreas Pereira (Fulham), Bruno Guimarães (Newcastle), Casemiro (Manchester United), Douglas Luiz (Aston Villa), João Gomes (Wolverhampton), Lucas Paquetá (West Ham), Pablo Maia (São Paulo)
- Inglaterra: Jude Bellingham (Real Madrid), Conor Gallagher (Chelsea), Jordan Henderson (Ajax), James Maddison (Tottenham), Declan Rice (Arsenal)
A comparação pode ser difícil, uma vez que o Brasil tem oito jogadores no setor e a Inglaterra apenas cinco — sete, na prática, mas Foden e Palmer foram colocados como atacantes. Nos oito contra sete não haveria debate, a seleção inglesa é muito superior.
No oito contra cinco, no entanto, é possível debater. O Brasil tem nomes óbvios para fazer parte do próximo ciclo, como André, Bruno Guimarães, Douglas Luiz e Paquetá. Destes, apenas o primeiro ainda não se provou no mais alto nível, apesar do grande potencial.
João Gomes e Pablo Maia, em níveis diferentes, são opções interessantes para renovar a posição, e o primeiro deve ter mais sequência depois de repetidas atuações de destaque na Premier League. O são-paulino talvez não seria chamado se o técnico não fosse seu ex-comandante, mas não é uma escolha absurda e vale o teste.
O meio inglês, por outro lado, é de outro patamar. Bellingham, Rice e Maddison estão em um nível superior aos brasileiros, mesmo se comparados aos que já se destacam na Premier League. São três dos melhores das suas posições no mundo.
Gallagher é um nome consistente e, por mais que não seja estrela, entrega em alto nível. Henderson é o mais criticado e com razão: sua convocação, a essa altura, já não faz mais tanto sentido.
No Brasil, quem chega perto desse perfil é Casemiro. O volante é histórico e um dos principais jogadores da história da posição, mas tem uma temporada ruim no Manchester United, com erros cruciais em fase ofensiva e defensiva. Na Seleção, se mostra bastante abaixo do nível desde a Copa do Catar e deveria perder a posição, mesmo que seja importante para o momento de transição.
VEREDITO: Mais uma posição em que, no papel, a Inglaterra leva.
Atacantes
- Brasil: Endrick (Palmeiras), Galeno (Porto), Raphinha (Barcelona), Richarlison (Tottenham), Rodrygo (Real Madrid), Savinho (Girona), Vinicius Junior (Real Madrid)
- Inglaterra: Jarrod Bowen (West Ham), Phil Foden (Manchester City), Anthony Gordon (Newcastle), Harry Kane (Bayern de Munique), Cole Palmer (Chelsea), Marcus Rashford (Manchester United), Ivan Toney (Brentford), Ollie Watkins (Aston Villa), Bukayo Saka (Arsenal)
Endrick é uma das maiores promessas do futebol mundial, mas ainda não está no nível internacional dos demais. Savinho está em sua primeira temporada de destaque e merece a convocação, mas ainda não chega no nível dos dois principais atacantes brasileiros.
Galeno entrega alto nível no Porto e substitui Martinelli, que deve receber mais oportunidades nesse ciclo e com razão. Raphinha vive de altos e baixos, mas é uma opção sólida, enquanto Richarlison voltou a crescer depois de meses em baixíssimo nível.
Ainda assim, Richarlison não se compara a Harry Kane e ainda é inferior a Watkins. Saka e Foden ainda que jovens, são dois dos principais jogadores da Premier League e estão desempenhando em altíssimo nível — superior ao de qualquer brasileiro. Bowen, companheiro de Paquetá, é um dos artilheiros do campeonato.
Cole Palmer é possivelmente o melhor jovem da Premier League e deu um salto gigante no Chelsea, enquanto Gordon é uma opção de ponta “rabisqueiro” que tem crescido no Noewcastle.
Entre os contestáveis estão Rashford, que caiu muito desde que apresentou um nível quase de Bola de Ouro pós-Copa do Mundo, e Toney, que ficou suspenso por meses e voltou recentemente ao Brentford.
VEREDITO: Ainda assim, o debate fica apenas entre Vini Jr e Rodrygo, que batem de frente e, dependendo do dia, vencem seus duelos pessoais com, por exemplo, Saka e Foden. Mas o conjunto de talento no ataque inglês é bastante superior.