Desde sua implementação no futebol, o Video Assistant Referee, ou simplesmente VAR, foi alvo de muitas críticas. A principal delas? As longas pausas durante as partidas por conta das interferências feitas pelo árbitro de vídeo.
Após aprovada pelos clubes, a tecnologia chegou ao futebol brasileiro nesta temporada. Para a felicidade da turma do contra, até agora a experiência tupiniquim está sendo muito questionada.
Contudo, nem tudo se resume ao mau uso dos dispositivos e desespero. Em apenas uma rodada, a Premier League mostrou com maestria como o VAR pode ser acionado de forma pontual, rápida e eficaz. Uma verdadeira aula.
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Mesmo em lances complicados, como no gol anulado de Gabriel Jesus na goleada do Manchester City diante do West Ham, a arbitragem inglesa atuou muito bem. O problema com o tento, revogado por uma irregularidade mínima envolvendo Sterling, foi resolvido em pouco mais de um minuto.
No Brasileirão, uma jogada bastante semelhante no confronto entre Avaí e Cruzeiro, custou quase seis minutos de paralisação. Dentro da decisão do Campeonato Gaúcho, envolvendo Grêmio e Inter, um possível pênalti parou o duelo por incríveis nove minutos.
Mas quais os motivos para toda essa diferença de lá para cá? Tal disparidade passa por três pontos-chave: organização, profissionalização da arbitragem e prioridade na manutenção das características do torneio.
No campo organizacional, a diferença é gritante. A arbitragem inglesa é discreta, só interrompe o jogo em último caso. Dentro da primeira rodada, em muitos confrontos a torcida sequer percebeu que estava havendo uma checagem. E aconteceram várias: 70 para ser mais preciso.
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A profissionalização do quadro de árbitros também é algo que conta. Inclusive, já deveria ser adotada no Brasil. Na Inglaterra, os donos do apito vivem apenas de futebol. Também por conta disso, são mais cobrados por suas decisões. É o caminho mais correto a se seguir.
Por fim, mas não menos importante, a manutenção do estilo de jogo da Premier League. A principal liga de futebol do mundo possui características marcantes: a velocidade, a intensidade, o dinamismo. Saber a hora de interferir com o VAR, além de ser rápido, é essencial para que tais qualidades não acabem ficando de lado. É o que está acontecendo.
O fato é que a Premier League conseguiu mostrar com apenas dez jogos algo que parecia óbvio para muita gente: o problema do VAR no Brasil é culpa de quem opera, não da tecnologia. É preciso aperfeiçoar o modus operandi da coisa, não execrar a inovação, que acabou de chegar e veio para ficar.