O árbitro de vídeo (VAR) é utilizado na maioria das ligas atualmente, inclusive na Série B do Campeonato Brasileiro, mas na Championship (segunda divisão inglesa), não.
Matheus Martins, que jogou duas temporadas na Championship pelo Watford, chegou a criticar o não uso da ferramenta na segunda divisão inglesa.
— É muito ruim. Lá não marcam faltas que marcam no Brasil. A porrada rola, não tem falta. O João Pedro [o brasileiro do Brighton jogou antes com Matheus no Watford] já falou para mim: ‘Essas faltas de costas não cai não, porque os caras não marcam’. O cara tem que pisar na canela para dar falta — disse o brasileiro em entrevista ao “Charla Podcast”.
De acordo com o jornal britânico “The Times”, a principal justificativa para a não utilização do VAR na Championship é devido ao fato de ser uma tecnologia muito cara.
Para se ter ideia, em 2019, quando o VAR chegou definitivamente ao Campeonato Brasileiro, o custo da ferramenta foi de R$ 49 mil por partida, sendo que os clubes pagaram R$ 18 mil e a CBF os R$ 31 mil restantes. No total, entidade gastou R$ 11,78 milhões, e as equipes, R$ 6,84 milhões.
A English Football League (EFL), que organiza a Championship, já manifestou que não tem planos de acelerar a introdução do VAR na segunda divisão inglesa. Mas há opções mais baratas sendo consideradas.
VAR já foi usado na Championship
Embora a tecnologia tenha sida usada em toda a Championship, na temporada 2021/22, o VAR foi introduzido nas finais dos play-offs da segunda divisão inglesa, League One (terceira divisão) e League Two (terceira divisão), em Wembley.
Foi a primeira vez que o VAR foi usado nas finais dos play-offs, algo que se repetiu nas duas temporadas subsequentes. Embora ainda não tenha previsão para a ferramenta ser utilizada em todo o campeonato, ela continuará sendo usada nas finais dos play-offs em Wembley.
VAR deveria ser utilizado na Championship?
O VAR chegou à Premier League em 2019/20, mas nunca foi uma unanimidade, pois ainda acontecem muitos erros de arbitragem.
Ao final da temporada 2023/24, os clubes da primeira divisão inglesa chegaram a votar se queriam ou não a permanência da ferramenta, mas apenas o Wolverhampton ficou pelo lado contrário ao uso do aparelho.
De acordo com o jornal britânico “The Athletic”, os árbitros da Championship acertaram 85,6% das decisões importantes na temporada 2023/24 sem a ajuda do VAR.
O painel de Incidentes-Chave da Partida (KMI) da EFL analisou 1.592 decisões na Championship durante a temporada 2023-24 e considerou 1.363 corretas, com 229 incorretas.
O painel de KMI é um grupo que se reúne semanalmente para revisar incidentes importantes de arbitragem. Foi introduzido na Championship antes da temporada 2023/24, tendo sido implementado na Premier League na campanha anterior.
Ele é composto por sete membros, incluindo ex-jogadores e treinadores, além de um membro da EFL e do Professional Game Match Officials Board (PGMOL), órgão de arbitragem do futebol inglês.
Os principais incidentes da partida incluem pênaltis, cartões vermelhos, bloquear uma oportunidade clara de gol, receber o segundo cartão amarelo, gols e impedimentos que levaram a gols.
Ausência do VAR na Championship enfrentou críticas de treinadores
Daniel Farke, do Leeds, sugeriu que seu time estava recebendo decisões incorretas de arbitragem na segunda divisão em 2023/24, que teriam sido resolvidas pelo VAR.
O ex-técnico do Leicester, Enzo Maresca, pediu a introdução da ferramenta no campeonato em janeiro, após perder pontos contra Coventry City e Ipswich Town.
O técnico do Middlesbrough, Michael Carrick, questionou o quão difícil seria implementar o VAR, enquanto muitos torcedores expressaram sua desaprovação pela tecnologia.