Bombardeio em Manchester fez com que United e City dividissem o mesmo estádio

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Embora característica comum no Brasil, times rivais jogando no mesmo estádio não é um fenômeno tão presente na Inglaterra. Em Manchester, uma tragédia levou City e United a dividirem o “mesmo teto”.

A Segunda Guerra Mundial afetou o futebol dos países europeus, impedindo, por exemplo, a realização de competições profissionais na Inglaterra entre 1939 e 1946. Vários jogadores deixando seus clubes para servirem seu país. Com o início do embate, as forças militares inglesas requisitaram, junto ao Manchester United, o uso de Old Trafford como depósito.

A cidade de Manchester — importante estrategicamente para o país, pela área industrial — foi bombardeada pelas forças militares da Alemanha de Adolph Hitler no fim do ano de 1940.

Assim, a partida dos Red Devils contra o Stockport County, marcada perto do Natal, precisou ser realocada para o estádio do adversário, já que Old Trafford sofreu alguns danos, mas “contornáveis”.

Foi em março de 1941, meses depois do primeiro ataque, que veio o grande bombardeio, que destruiu parte do estádio fazendo com que o cotidiano do clube passasse a ser realizado em outro local da cidade, de posse do presidente James W. Gibson.

Arquibancadas, vestiários, salas da diretoria… Quase tudo foi praticamente devastado pelas bombas nazistas. Foi o maior dano a um clube inglês durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante as obras no seu próprio estádio, o United passou a atuar no Maine Road, então estádio do rival City. Eles pagavam 5 mil libras por ano, mais uma porcentagem da renda dos jogos sendo repassada à diretoria azul.

Em 1944, o presidente Gibson se juntou ao político do Partido Trabalhista e membro do Parlamento, Ellis Smith, torcedor fanáticos dos Diabos Vermelhos, para pressionar o governo em buscar de verbas para a reconstrução do estádio.

No ano seguinte, com o fim da Segunda Guerra, a Comissão de Danos da Guerra repassou ao Manchester United 4,8 mil libras para a remoção dos destroços e quase 18 mil libras para reconstruir as arquibancadas.

Com um país parcialmente destruído e emocionalmente abatido, o governo inglês focou seus esforços e investimentos nas “espinhas-dorsais” das cidades. A reconstrução de casas eram uma das prioridades das autoridades.

No entanto, os ingleses sofreram, dentre outros problemas, com a carência de materiais de construção. Assim, o sonho do retorno do Manchester United a Old Trafford precisou ser adiado em cinco anos.

Após ficar anos no Maine Road, casa do City, o United fez sua “reestreia” em casa apenas no dia 24 de agosto de 1949, na vitória sobre o Bolton por 3 a 0, com 41.748 espectadores emocionados e esperançosos.

Pedro Ramos
Pedro Ramos

Coordenador da PL Brasil. Editor da PL Brasil entre 2012 e 2020 e subcoordenador na PL Brasil até o meio 2024. Passagens pelo jornal Estadão e o canal TNT Sports. Formado em Jornalismo e Sociologia.
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