A temporada 2009/2010 começou para o Manchester United com uma grande baixa: após seis anos vestindo a camisa vermelha, Cristiano Ronaldo partiu para o Real Madrid. Para herdar a icônica camisa 7 e tentar substituí-lo, Michael Owen chegou em uma transferência sem custos. E o ex-Liverpool teve um de seus momentos mais marcantes logo que chegou ao clube, em um Manchester Derby que terminou United 4×3 City.
Aliás, aquela partida tinha um tempero especial: Carlitos Tévez. Isso porque o argentino, que até a temporada anterior atuava pelos Red Devils, saíra de maneira conturbada de Old Trafford, justamente para assinar com o rival azul – que dava os seus primeiros passos como novo rico.
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Um Tévez com fome
Com as atrações adicionais, o primeiro tempo do clássico de 20 setembro de 2009 foi marcado por muita disputa e algumas entradas ríspidas, mas pouco futebol. Logo no começo, enquanto a zaga citizen ainda se acertava, Ryan Giggs cobrou um lateral rápido para Patrice Evra, que recebeu, invadiu a área e serviu Wayne Rooney. O “Shrek” lutou e mandou para o fundo das redes, abrindo o placar.
Se dentro das quatro linhas o espetáculo não era o esperado, fora delas a torcida do United era um show à parte no que diz respeito a Tévez. Cada participação do atacante era seguida por uma sonora vaia. Mas foi dele surgiu que o empate dos visitantes.
Rio Ferdinand fez a proteção de uma bola longa para Ben Foster, ao passo que Carlitos disputou com o goleiro, ganhou a posse e entãp serviu Gareth Barry: chute rasteiro e gol. Na sequência, todos os companheiros foram celebrar com o ‘perseguido’.
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Assim, Tévez era o centro das atenções. O argentino parecia jogar com raiva, querendo dar uma resposta. Aliás, tanta vontade lhe rendeu um amarelo quando deu uma entrada por trás em Ferdinand. E então a torcida chiou. Pouco tempo depois, Anderson revidou da mesma forma e também levou amarelo. Com isso, a torcida aplaudiu.
Desse modo, o jogo seguia pouco inspirado, apesar de muito disputado. Ainda na primeira etapa, Dimitar Berbatov errou um cabeceio. Depois, Craig Bellamy entrou por cima da bola em Anderson e não foi punido.
Já em um dos últimos lances antes do intervalo, Tévez quase calou Old Trafford. Kolo Touré interceptou um passe de calcanhar de Rooney no meio-campo, disparou em direção ao campo de ataque e tocou para Stephen Ireland; ele deixou para Carlitos, que, cercado por Evra, chutou na trave, por pouco não resultando em golpe duro para os Red Devils.
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Sai a transpiração e entra a inspiração
Após o fraco primeiro tempo, o puxão de orelha de Alex Ferguson no intervalo deve ter sido daqueles. Isso porque a postura do mandantes foi completamente diferente na etapa final.
Logo no começo, Evra – com marcação dupla – passou de letra para Giggs. O galês cruzou e Darren Fletcher apareceu na área para cabecear e recolocar o time em vantagem. Shay Given pensou que a bola iria para fora e retirou os braços, nem esboçando uma defesa.
E o Manchester United tinha velocidade, toques rápidos e muita movimentação. O lado esquerdo de ataque era bem explorado e rendia muitas oportunidades, ora com Giggs, ora com Ji-sung Park, mas a equipe não conseguia concretizar.
Em contrapartida, o Manchester City não via a cor da bola. Contudo, em um cabeceio errado de Evra no meio-campo os Citizens recuperaram a bola e avançaram; Tévez recebeu já acionando a ponta esquerda com Bellamy, que cortou para dentro e finalizou, acertando o ângulo esquerdo de Foster. Empate, portanto, e dois gols para cada equipe no placar.
Após os Citizenes igualarem o marcador, os Red Devils empurraram os rivais ainda mais em seu campo e assim começou um festival de gols perdidos – principalmente por Berbatov – e de grandes defesas de Shay Given. O búlgaro parou em Given em três oportunidades; Nemanja Vidic cabeceou e a defesa tirou quase na linha; Ryan Giggs pegou um cruzamento de Valencia de primeira e o arqueiro, mais uma vez, defendeu.
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Tévez e Owen: o ato final
Aos 31 minutos da etapa complementar, Dimitar Berbatov deu lugar a Michael Owen. O United continuava no campo de ataque, mas o inglês não era servido como o búlgaro. E o relógio já marcava 80 minutos quando Ryan Giggs cobrou uma falta na ponta esquerda e Darren Fletcher apareceu para testar para o fundo das redes, lance muito semelhante ao seu primeiro tento. Reta final e o United tomava a frente, 3 a 2 no clássico.
Todavia, os comandados de Ferguson cometeram o terceiro erro fatal e Craig Bellamy marcou seu segundo gol na partida. Ferdinand tinha a bola dominada quando tentou um mal sucedido passe por elevação no meio-campo. Assim, Bellamy foi acionado, disparou, invadiu a área e, mesmo sem ângulo, mandou para as redes aos 90 minutos.
Assim, a partida parecia destinada ao empate. Contudo, o jogo ainda reservava um lance final, uma síntese daquele derby.
Aos 50 minutos, Carlitos Tévez cometeu uma falta por trás em John O’Shea no meio-campo; Rooney se posicionou para a cobrança e o time do United foi todo para a área. Falta batida, Stephen Ireland afastou em um primeiro momento e Tévez tentou completar de cabeça, mas a bola voltou a Wayne Rooney, que mandou um balão para cima.
A defesa do City novamente tentou afastar e mais uma vez a bola caiu nos pés de um jogador de vermelho, desta vez Ryan Giggs; o camisa 11 viu Owen entrando sozinho na área pela esquerda e enfiou a bola; o atacante dominou e rapidamente deu um toquezinho com o pé direito, tirando de Given e mandando, lentamente, para o fundo das redes. Explosão em Old Trafford!
O camisa 7 entrou sumido, mas apareceu no momento crucial.
Escalações de United 4×3 City
Manchester United: Ben Foster; Patrice Evra, Rio Ferdinand, Nemanja Vidic, John O’Shea; Anderson (Michael Carrick), Ryan Giggs, Ji-Sung Park (Valencia), Darren Fletcher; Dimitar Berbatov (Michael Owen), Wayne Rooney. Técnico: Alex Ferguson.
Manchester City: Shay Given; Micah Richards, Wayne Bridge, Joleon Lescott, Kolo Touré; Stephen Ireland, Shaun Wright-Phillips, Gareth Barry, Nigel de Jong (Martin Petrov); Carlitos Tévez, Craig Bellamy. Técnico: Mark Hughes.