Pessoas querendo conhecer outras pessoas com gostos e intenções em comum: essa é a premissa básica que influenciou na criação dos aplicativos de speed-dating, dos quais o Tinder é o representante mais famoso. A lógica é parecida com o mercado da bola: um clube de futebol identifica uma necessidade e busca um jogador para atendê-la. Nas duas situações, quando as partes combinam, dá match!
Tradicionalmente no futebol, os responsáveis por conectar clubes e jogadores sempre foram empresários e intermediários. Mas a tecnologia de speed-dating chegou também ao mundo da bola e tem chacoalhado o mercado. A plataforma mais famosa, conhecida como o “Tinder do futebol” é o TransferRoom, um aplicativo que reúne agentes, diretores e até mesmo jogadores profissionais. Lá, clubes podem contratar, vender e anunciar que têm atletas disponíveis no mercado, assim como estes podem oferecer seu serviços.
Os desenvolvedores do TransferRoom afirmam ter intermediado mais de 3 mil transferências desde sua criação, em 2016. Existem encontros de diretores e empresários presenciais em mesas para duas pessoas, em uma espécie de “date” (termo em inglês utilizado para definir um encontro romântico).
O TransferRoom reúne mais de 700 clubes pelo mundo, incluindo grandes equipe da Premier League ao Brasileirão. A empresa faz dois encontros anuais, durante os meses de janela de transferência na Europa (janeiro e julho), onde clubes e agentes podem se encontrar para fazer negócio. E eles são “forçados” a interagir.
O grande “date” do TransferRoom
O site inglês “The Athletic” revelou detalhes da última edição do encontro, que ocorreu em Stamford Bridge, estádio do Chelsea. Nele, estiveram representantes de 235 clubes e 45 empresários de jogadores na mesma sala, compartilhando 135 mesas durante 48 horas.
E quando dá “match” no mercado da bola?
Antes do evento, aqueles que pretendem comparecer podem acessar o aplicativo, ver quem irá comparecer e solicitar reuniões com pessoas específicas. Assim como no Tinder, o outro usuário pode aceitar ou rejeitar. Quando aceita, há o “match”, e a dupla tem 15 minutos para se reunirem em uma mesa para dois.
O “date” tem menos romance e mais negócio. Inclusive, há um relógio que sinaliza o tempo e um alarme soa para marcar os últimos minutos da conversa, fazendo com que os negociantes acelerem as conversas e vão direto ao ponto.
Casos de sucesso
O Amiens, da segunda divisão do campeonato francês, tem um dos casos recentes de bom uso do aplicativo. O clube, que já vinha de negociações de sucesso como a ida Tanguy Ndombele indo ao Lyon (antes de ir ao Tottenham) em 2017, vendeu outros seis jogadores nos últimos três anos utilizando o TransferRoom.
Clubes pagam assinaturas anuais que variam de 10 mil libras (R$ 61,2 mil) a 60 mil libras (R$ 387,6 mil) para ter acesso à ferramente. Os membros “VIP”, do plano mais caro, podem listar seus jogadores como disponíveis, fazer anúncios de quem planejam vender e até fazer pitch meetings – espécies de “reuniões de venda”.
No último evento, por exemplo, o Southampton selou o acordo para contratar Carlos Alcaraz do Racing, da Argentina, por 13,5 milhões de euros. O valor médio das transferências no TransferRoom foi de 1 milhão de euros em janeiro de 2022 para 3 milhões de euros na última janela de transferências.
— A experiência nas mesas (dos eventos) é mais íntima e você não encontra isso em nenhum outro lugar. Alguns dos clubes viajaram mais de 10 mil quilômetros para irem, mas tiveram 25 reuniões presenciais. Eles precisariam viajar o mundo em três semanas para conseguir isso – disse Frederik Broholt, diretor comercial do TransferRoom, ao The Athletic.
Tamanho o sucesso, a empresa levou as reuniões à América do Sul. Depois de passar por Orlando, Madri e Berlim, o próximo evento será em São Paulo, nos dias 19 e 20 de junho.