O futebol europeu enfrentou alguns desastres em sua história, dentre eles a Tragédia de Heysel. Esse episódio triste até hoje é lembrado por torcedores.
O futebol inglês sofreu muito por causa dos hooligans. As seguidas cenas de violência dentro e fora dos estádios chocaram o mundo do futebol.
Um evento primordial para que todas as mudanças na Premier League decorrentes tivessem início foi a Tragédia de Heysel, durante a final da Copa dos Campeões (Liga dos Campeões atualmente) de 1985.
Tragédia de Heysel: Triste noite para o futebol
A noite daquele dia 29 de maio de 1985 reservava à Juventus e ao Liverpool uma decisão. Ao menos no planejamento, a partida seria memorável para os clubes pelo futebol e briga pelo título.
O Liverpool vivia sua melhor fase da história. Até aquele ano, o Liverpool tinha sete títulos europeus. Seria o quinto de Copa dos Campeões na história.
Bob Paisley, grande nome da história do Liverpool, havia saído em 1983 do clube, aposentando-se do futebol. Joe Fagan tentava novamente um título, depois de dois anos da sua última campanha vencedora na competição.
Já para a Juventus, aquele jogo era fundamental. Diferente da equipe inglesa, a equipe bianconeri nunca havia conquistado a Copa dos Campeões. Entretanto, tinha jogadores campeões do mundo em 1982 na Espanha com a seleção italiana, além de Michel Platini, o grande craque mundial naquele momento.
No fim da partida, o gol do francês deu o título inédito aos italianos e acabou com toda as piadas dos rivais.
A história do estádio
Eram 59 mil pessoas no estádio de Heysel. Localizado em Bruxelas, na Bélgica, aquele era o centro das atenções no último dia da temporada 1984/85.
O campo, que hoje recebe o nome de Estádio Rei Balduíno, era o palco de uma final da competição europeia pela quarta – e última – vez.
Originalmente, o estádio criado em 1946 tinha capacidade máxima para 11 mil pessoas a mais do que o público presente naquele dia. Entretanto, o reduzido número de público naquela noite não significava ter um bom estado para receber jogos tão simbólicos.
As arquibancadas não estavam em boas condições. Para um confronto como aquele, o palco em Bruxelas não era o mais indicado. Aliás, muitos estádios europeus, à época, não seriam.
Tanto que, antes da partida, torcedores ingleses cavaram buracos em meio ao grande muro belga. Com isso, puderam entrar sem pagar e sem o controle da segurança do evento. Isso causou superlotação nas arquibancadas.
Hooligans em ação
Mas o estado do campo ou da arquibancada não foram os únicos motivadores deste desastre, embora a má distribuição de torcedores tenha ajudado muito. Os hooligans tiveram, novamente, uma participação efetiva em um acontecimento trágico no futebol europeu.
Foram 39 torcedores mortos. A grande maioria deles era de italianos. Os ingleses também sofreram. Quem estava no meio da multidão sofreu com a briga e toda a confusão.
Mais do que isso, eles viam que aquelas pessoas começaram a ser a “imagem dos britânicos”. Muitos criaram uma ideia de ingleses agressivos, briguentos e que gostavam de causar confusões na cabeça. Isso gerou certa xenofobia, fazendo com que os “filhos da rainha”, em geral, fossem intitulados como perigosos e violentos.
O momento foi antes do apito inicial do confronto. Os torcedores estavam muito próximos. Havia apenas um alambrado separando as torcidas. No meio disso, poucos policiais tentavam proteger a área de separação na arquibancada. Pedras, entre outros objetos, foram lançadas de um lado para o outro.
Com os italianos espremidos na parede, alguns tentaram fugir escalando o alambrado. Eles pulavam para o outro lado e caíam dentro da área da torcida mais voraz do Liverpool. Este encontro potencializou ainda mais a tragédia do estádio de Bruxelas.
Com tanta confusão, o estádio cedeu. Mais de 600 feridos e 39 mortos, de grande maioria italianos. Este foi o resultado da barbárie. O despreparo e as condições pífias do estádio cooperaram para a tragédia, mas os hooligans potencializaram e muito esses acontecimentos.
Depois de tudo, a bola rolou
Tão patético quanto a decisão da Uefa de realizar o jogo — embora o Liverpool tenha recusado de primeira, pois estavam abalados com as mortes, ou à penalidade inexistente naquele jogo — foi a comemoração do gol de Platini como se ninguém havia morrido ali, do lado, horas antes.
Foi um jogo feio, sem muito brilho técnico. Certamente, o motivo disso havia sido a tragédia.
Depois da Tragédia de Heysel, era a hora de combater o vandalismo. Os hooligans precisavam ser extintos. Uma ação da Uefa teve como principal motivo a punição para todos os times ingleses.
Eles foram excluídos de todas as competições internacionais por cinco anos. Somente em 1999, com o Manchester United, de Alex Ferguson, que a Inglaterra voltou a ter um representante no topo do campeonato.
A Tragédia de Heysel alertou o mundo do futebol para isso, mas foi outro momento histórico, embora negativo, que fez com que tudo mudasse nos estádios: o Desastre de Hillbourough, quatro anos depois.