Por que goleada do Tottenham é amostra perfeita de preocupação e expectativa

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Tottenham e West Ham fizeram o clássico londrino da 8ª rodada da Premier League neste sábado (19), no Tottenham Hotspur Stadium. A partida acabou em vitória dos Spurs por 4 a 1.

Os gols foram marcados por Son, Bissouma, Kulusevski e contra de Areola, pelo time mandante, e Kudus pelos visitantes. Entre os brasileiros disponíveis para a partida, apenas Paquetá foi titular e mais dois começaram no banco: tanto Richarlison pelos Spurs, quanto Luis Guilherme pelos Hammers.

Tottenham foi, mais uma vez, de 8 a 80

O time de Ange Postecoglou tem mostrado flashes de um time muito capaz e dominante. Mas, por grande parte da temporada, esses momentos são limitados a apenas isso: flashes.

A goleada sofrida de virada para o Brighton ilustra isso no lado negativo: começou bem, sofreu demais com a falta de atenção e intensidade. Contra o West Ham, foi o contrário.

Kudus comemora gol do West Ham contra o Tottenham
Kudus comemora gol do West Ham contra o Tottenham (Foto: Imago)

O Tottenham começou mal. Os jogadores perdiam seus duelos, tinham recomposição ruim na transição defensiva e sofria de desatenção para marcar dentro da área.

Foi assim que surgiu a primeira grande chance do jogo, com um cruzamento de Bowen encontrando Kudus livre do outro lado para uma ótima defesa de Vicario. O gol saiu poucos minutos depois, em uma jogada idêntica.

No entanto, quando os Spurs conseguiram encaixar a pressão alta, sufocar os Hammers e manter a bola, tudo melhorou. Marcou o gol de empate ainda no primeiro tempo e foi muito superior na segunda etapa.

Son em destaque e um maratonista importante

O principal nome do jogo foi Son, que participou de grande parte das jogadas de perigo do time da casa. Ele marcou um gol, teve a finalização que gerou o gol contra e deu uma pré-assistência.

O sul-coreano ajuda muito na intensidade do time no ataque. É sempre vertical, mesmo sem tanto espaço, seja buscando dribles, tabelas por fora para ser encontrado por dentro ou acionando jogadores em ultrapassagem.

Tanto que a principal jogada de perigo dos Spurs envolvia Son prendendo o lateral adversário e encontrando Udogie ultrapassando pelo lado e tentando cruzamentos para trás — assim surgiu o gol de Bissouma, que virou o placar.

Son em partida do Tottenham
Son em partida do Tottenham (Foto: Imago)

Além do capitão, Kulusevski foi outro jogador importante e muito se deve pela sua mudança de posição. Antes, como ponta, pecava em situações de um contra um incisivo e vertical. Agora, como meia, participa muito mais.

O sueco é o jogador que mais percorre quilômetros por partida na Premier League: 13km por jogo, em média. Isso porque é importante no sistema defensivo, mas também, como meia, está em todos os lugares.

A criação do time passa muito por ele: apoia na esquerda com ultrapassagem pela lateral ou pelo meio-espaço, ajuda em tabelas com Son e Maddison, e apoia na direita como meia em um triângulo com Brennan Johnson e Pedro Porro.

Kulusevski faz o gol saindo da direita como um driblador, quase um ponta. Depois, dá passe para Son gerar o gol contra da mesma forma, caindo da ponta pelo meio. Mas grande parte do seu jogo foi nos meio-espaços, ajudando em tabelas e no último passe.

O que falta para o Tottenham voar?

Consistência é a palavra para os Spurs. O time é muito agressivo para atacar e defender, intenso, vertical e dominante com a bola. Um dos mais interessantes de se ver na Premier League.

A questão é que isso não acontece com frequência. E mesmo que haja esse momento durante os jogos, em pequenos lapsos, o time perde a concentração, leva muitos gols e perde jogos.

Ange Postecoglou depende da concentração dos seus jogadores, algo que sempre foi muito criticado no elenco dos Spurs. Mas, quando “vira a chave”, o Tottenham é difícil de ser parado.

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Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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