Imagina marcar o primeiro gol em seis jogos pelo novo clube, ir para uma entrevista e saber que o seu treinador detonou o time após o jogo. Agora, pensa que um ex-técnico do seu ex-clube também já o detonou na televisão.
Essa é a sensação que o espanhol Pedro Porro, do Tottenham, teve ao falar com o “The Guardian”.
Porro marcou o primeiro gol da partida entre Tottenham e Southampton, que terminou empatada em 3 a 3, no St Mary's Stadium, na última rodada da Premier League. O técnico Antonio Conte fez críticas pesadas ao seu elenco depois do jogo, chegando a dizer que não trabalhava com um time e sim com 11 jogadores egoístas.
Questionado sobre o assunto, o jogador respondeu ao “The Guardian”: “Do que está falando? Eu não vi nada até agora”. Então, o jornal inglês prontamente apresentou as falas de Conte ao atleta, que depois apenas disse: “Bem, é a opinião dele. Não vou me envolver”.
Por outro lado, Porro mostrou que sente mágoa de um antigo treinador do Tottenham, Tim Sherwood, que comandou o time na temporada 2013/14.
Após a estreia do lateral-direito contra o Leicester, Sherwood disse: “Pedro Porro é tão ruim, é inacreditável”.
O espanhol rebateu as críticas do hoje comentarista esportivo.
“Isso não me incomoda, exatamente. Sabemos que as pessoas têm a sua opinião, que vão dizer que você joga mal, que não é bom e outras coisas. Tentei não fazer caso disso, mas é impossível. Sempre tem alguém pra dizer ‘você viu isso?'. Você lê o que é dito sobre um jogador que está há dois dias num clube, dois dias, e isso te atinge porque você pensa: ‘Acabei de chegar aqui'. Eu não sou uma máquina, que chega e conhece todas as pessoas e que fica integrado. Espero que ele continue dizendo coisas ruins sobre mim, vai me tornar mais forte”, declarou Porro.
O espanhol Pedro Porro tem apenas 23 anos, mas já tem experiência de sobra. Aos 14 anos, saiu de casa para se juntar ao Rayo Vallecano. Em seguida, rumou-se para Girona, onde, apesar de ter atuado bem, experimentou o que é ser rebaixado. Depois, ele foi para o Manchester City, aos 19 anos. Com a mesma idade, o jogador foi emprestado ao Valladolid. De lá foi para o Sporting, onde se destacou, e amava Lisboa, porém foi vendido ao Tottenham por 45 milhões de euros (R$ 256 milhões).
Passagem pelo City
Ao “Guardian”, Pedro disse que não sabe dizer o motivo de ter ido ao Manchester City, apesar do Girona pertencer ao grupo City. ““Meu agente me disse. Eu estava surpreso. É um dos melhores clubes que existe, apesar de eu ser jovem. É um lugar para aprender”, disse.
Porro revelou que não chegou nem a treinar no Manchester City e muito menos a falar com Pep Guardiola ou com a equipe.
“Eles contaram aos meus agentes e procuramos (um lugar para ir). Nada foi dito diretamente para mim. Assim, você não se sente importante. E isso é difícil. Você está lá, mas você não está lá. Eu tomei isso como um (sinal de que) eu tinha que crescer e seguir meu próprio caminho. Não é só que é um clube grande, eu também era pequeno”, afirmou o lateral.
Busca pela redenção
Pedro Porro diz que estava feliz no Sporting, porém, um conselho de seu amigo e companheiro de equipe, Marcus Edwards, o fez ver que precisava aceitar um novo desafio.
“A vida são momentos e eu não poderia deixar passar uma oportunidade como essa. O Sporting me deu tudo e não havia problema, mas estava pronto para dar o próximo passo. Quero jogar na melhor liga do mundo, os melhores jogadores estão lá, e era um sonho jogar nos Spurs.
Pedro Porro chegou ao Tottenham em janeiro e segue se esforçando para se adaptar o mais rápido possível.
“Estou me integrando o mais rápido que posso. Meu inglês não é muito bom, as primeiras semanas foram um pouco mais difíceis. Eric Dier fala português e ajudou, Cuti (Cristian Romero) também. Eu conhecia as palavras, entendia algumas coisas, mas nunca tinha estado lá. Eu entendo as conversas da equipe: o gerente fala inglês de maneira diferente, como italiano, o que é mais fácil. No último jogo, soltei um pouco mais”, disse.
Para finalizar, o lateral do Tottenham deixou o seu recado final para Tim Sherwood. Ele ressaltou mais uma vez que havia acabado de chegar no clube e que era natural uma atuação ruim perante o período de adaptação ao novo time e ao país.
“Tinha só uma semana (de Tottenham), nunca joguei um minuto no City, nunca joguei na Inglaterra na minha vida. É um par de dias, eu começo contra o Leicester. O que você quer? Para eu marcar cinco e cortar 70 bolas?! Qualquer um pode ter um dia ruim. Eu não o conheço. Não sei o que aconteceu para ele falar. As pessoas passaram adiante, dizendo que ele tinha falado mal de mim. Mas ele não será o único que terá que calar a boca”, concluiu”.