Curiosamente, dois dos principais jogadores do Arsenal neste começo de temporada não iniciaram o ano como titulares. Lucas Torreira e Alexandre Lacazette estavam no banco de reservas no jogo de abertura da Premier League, contra o Manchester City.
Depois de algumas partidas, porém, os dois já mostraram sua qualidade em diferentes situações e mandam um recado dentro de campo para o técnico Unai Emery: não podem mais ser reservas neste time.
Torreira é uma jovem aposta do Arsenal. O meia uruguaio foi contratado da Sampdoria por 26 milhões de libras.
Com a boa marcação e a excelente qualidade no passe como características principais, logo chamou a atenção do futebol europeu na última temporada e foi trazido pelo time de Londres após a Copa do Mundo.
Já Lacazette é mais conhecido da torcida dos Gunners. O atacante francês chegou ao clube para a temporada 2017-18 e terminou como artilheiro, com 17 gols em todas as competições. Em 2018-19, porém, começou como reserva após uma dura concorrência aparecer: Pierre-Emerick Aubameyang.
Torreira iniciou a temporada no banco por estar recém-chegado ao time e ainda estar se recuperando fisicamente da Copa. Já Lacazette, mesmo sendo pedido por boa parte da torcida, foi preterido por Aubameyang. Mas ambos já mostram, mesmo com poucos jogos até agora, que precisam de um lugar no time.
Com ótima passe e força na marcação, Torreira tem sido o melhor meia do Arsenal
Lucas Torreira começou sua trajetória pelo Arsenal no jogo de abertura, contra o Manchester City. Bancado por conta da entrada do jovem Matteo Guendouzi, entrou em ação faltando apenas 20 minutos para o fim.
Mesmo assim, trocou 15 passes e acertou 14, terminando com 93% de aproveitamento no quesito – melhor do Arsenal na partida.
Nas partidas seguintes, contra Chelsea e West Ham, jogou um pouco mais, e novamente foi muito bem. Ele terminou o jogo contra os Blues com 92% dos passes corretos, e com 94% das tentativas certas contra os Hammers.
E a cereja do bolo foi na quarta rodada, contra o Cardiff City. Mesmo jogando apenas 20 minutos, tentou 26 passes e acertou todos, incluindo assistência para o gol da vitória.
Atuando com força no setor central, o uruguaio mostrou habilidade para quebrar as linhas das defesas e melhorar a saída de bola, além de boa profundidade de passes e excelente visão de jogo.
Ademais, com sua ótima qualidade de marcação, ele não só libera o meio-campo para jogar de forma mais ofensiva, como protege bem a linha defensiva.
Considerando que a zaga do Arsenal tem tido problemas nos últimos tempos e precisa de mais segurança, esta também é uma excelente adição tática.
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Talvez exceto contra o Chelsea, em todas as outras partidas, o camisa 11 demonstrou ser o jogador com mais qualidade do time no setor central, mesmo jogando pouco. Torreira já mostra uma adaptação rápida ao estilo inglês e pede passagem no time titular.
Coincidentemente, no jogo contra o Cardiff, sua assistência foi para o gol de outro jogador que começou a temporada como reserva, mas que vem se destacando. Este, em compensação, já assumiu a titularidade no time.
Artilheiro do time na última temporada, Lacazette também pede espaço no 11 inicial
Alexandre Lacazette chegou na última temporada do Lyon por 46 milhões de libras. O time passou por problemas com centroavantes nos últimos anos e o anúncio foi bem aprovado pela torcida.
O francês vestiu a camisa 9 e foi bem, terminando a temporada como artilheiro, com 17 gols. Porém, a partir da metade da última época, não teve tantas chances e perdeu a vaga de titular absoluto para Aubameyang.
Os dois terminaram a última temporada jogando juntos com Wenger, e esperava-se que isso também poderia acontecer com a chegada de Unai Emery. Mas começou 2018/19 e Emery decidiu pôr Aubameyang como titular no centro do ataque. Lacazette, por enquanto, teria que se contentar com o banco.
Mas assim como Torreira, o francês entrou na equipe em todas as quatro partidas nesta Premier League. Contra o Manchester City, em um jogo onde a equipe inteira foi mal, ele jogou meia hora e se destacou.
Apesar de ter perdido boa chance, trouxe mais movimentação a um ataque que não conseguia ter profundidade e a um meio inoperante durante muito tempo na partida. Obviamente, incomodou a defesa dos Citizens em alguns momentos.
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Contra o Chelsea, foi seu pior jogo. Até tentou produzir no ataque, mas não teve muito sucesso.
E na defesa, cometeu um erro decisivo, que resultou no gol da vitória dos Blues.
Nas duas rodadas seguintes, porém, teve seus melhores desempenhos. Contra o West Ham, entrou no intervalo e participou bem, gerando muita movimentação entre o meio e o ataque.
Em uma das participações, inclusive, fez a jogada do segundo gol, que tirou o Arsenal do sufoco na vitória por 3 a 1. Naquele momento, a entrada do camisa 9 no time titular já era visível questão de tempo.
Emery percebeu isso e colocou o francês no 11 inicial contra o Cardiff. Com 90 minutos em campo, não decepcionou. Começou como centroavante fixo, mas se deslocou bastante pelos lados e facilitou tramas ofensivas.
Lacazette mostrou eficiência nas jogadas ensaiadas, fez bem o pivô quando necessário e saiu para buscar o jogo, ajudando o meio. Foi recompensado com uma assistência, e depois marcando o terceiro.
O camisa 9 é diferente de outras referências mais recentes do clube. Tem velocidade e saída da área como características fortes. Ou seja, não é o típico centroavante fixo. Isso facilita as tramas ofensivas.
Primeiro, por jogar ao lado de Aubameyang, que tem muita velocidade e pode atuar pelos lados, mais recuado, mas ainda assim tem grande faro de gol.
Os dois juntos alternam de posição, têm liberdade para buscar a área e trazem perigo.
Segundo, para ajudar o trabalho do meio. Mesut Özil e Henrikh Mkhitaryan, são muito habilidosos, mas não têm muita velocidade. Por isso, a movimentação de Lacazette é importante também neste sentido.
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Ao sair para buscar mais a bola, ele se aproxima dos meio-campistas. E quando gira pelo ataque, abre mais espaço não só para receber passes, mas para a chegada de elementos surpresas.
Isso enriquece as tramas ofensivas e quebra o trabalho defensivo adversário.
E claro, ele tem mais importante do atacante: o faro de gol. O camisa 9 já mostrou que é artilheiro, não tem medo de atacar e é muito perigoso para os zagueiros rivais. A tendência é que ele continue como titular e ganhe ainda mais importância no elenco.
O Arsenal passa por um visível processo de reconstrução. Após Arsène Wenger deixar o comando, Emery chegou e ainda busca implantar uma nova filosofia de jogo.
E inegavelmente, os melhores momentos da equipe foram com Torreira e Lacazette em campo.
Os londrinos agora param com a data FIFA e só voltam a jogar contra o Newcastle, fora de casa, no dia 15 de setembro. E até lá, boa parte da torcida certamente já espera que essas mudanças sejam definitivas no time titular.