A FIFA anunciou os três finalistas ao prêmio The Best, para o melhor jogador da última temporada. E entre eles está um jogador da Premier League: Mohamed Salah, craque do Liverpool. Cristiano Ronaldo e Luka Modric completam o top 3 da Fifa.
O egípcio fez uma temporada 2017/18 de muito destaque. Em seu primeiro ano nos Reds, o camisa 11 superou a desconfiança e fez história. Foi o artilheiro do time com 44 gols, sendo 32 na Premier League – recorde histórico em uma única temporada.
Muito graças a ele, o Liverpool foi à sua primeira final de Champions League em 13 anos, contra o Real Madrid. Mas em uma dividida com o zagueiro Sergio Ramos, Salah machucou o ombro, saiu do jogo no primeiro tempo e viu os espanhóis vencerem por 3 a 1.
Além disso, o atacante foi o grande responsável pela ida do Egito à primeira Copa do Mundo em 28 anos. Ele foi um dos artilheiros da eliminatória da África com cinco gols. Dois foram na vitória da classificação, por 2 a 1 sobre o Congo.
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O egípcio chegou com grande expectativa ao Mundial, mas sentindo a lesão sofrida na final da Champions, não foi bem. Marcou os dois gols do Egito na competição, mas viu seu time perder todos os três jogos e sair da Copa sem pontos.
Mesmo assim, a grande temporada foi suficiente para estar entre os três finalistas do prêmio The Best. Ele irá concorrer ao prêmio ao lado do meia Luka Modrić, do Real Madrid, e do atacante Cristiano Ronaldo, da Juventus.
Com a indicação, Salah não só se consolida como um dos principais jogadores do planeta, mas também quebra uma marca incômoda. É a primeira vez em dez anos que um jogador em ação pela Premier League foi indicado ao top-3 da FIFA.
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Em 2008, Premier League teve dois jogadores no top 3 da Fifa
A última vez que isso aconteceu havia sido em 2008. Na ocasião, o vencedor foi justamente Cristiano Ronaldo, que também concorre este ano. O português jogava no Manchester United e conquistou o seu primeiro prêmio de melhor do mundo.
Curiosamente, naquele ano dois jogadores da liga inglesa foram indicados. Além de Ronaldo, o espanhol Fernando Torres, que vivia um momento incrível no Liverpool, ficou em terceiro. Entre os dois ficou o argentino Lionel Messi, do Barcelona.
Na época, o prêmio não era dado pela temporada, e sim pelo ano (ou seja, a metade final da temporada 2007/08 e a primeira parte de 2008/09). Ronaldo teve absurdos 446 pontos, contra 281 de Messi e 179 de Torres.
O então camisa 7 do United teve um ano glorioso. Ele foi campeão da Premier League e da Champions League na temporada 2007/08, sendo artilheiro em ambas – 31 gols na PL e oito na UCL, incluindo um na final contra o Chelsea, vencida nos pênaltis.
Torres também fez um ano acima da média. O então camisa 9 do Liverpool foi vice-artilheiro da Premier League (24 gols) e da Champions League (seis gols). Os Reds ficaram em quarto lugar na liga e foram eliminados na semifinal continental.
Aquele momento foi o de auge da Premier League nas premiações individuais. Em 2008, era o quarto ano seguido que o top-3 da FIFA tinha jogadores do Campeonato Inglês entre os indicados.
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Em 2005, Frank Lampard, do Chelsea, foi o segundo, e Steven Gerrard, do Liverpool, o terceiro – ambos atrás de Ronaldinho. Em 2006, Thierry Henry foi o terceiro com a camisa do Arsenal, com Fabio Cannavaro e Gianluigi Buffon à sua frente.
Já em 2007, Cristiano Ronaldo ensaiava o que viria no ano seguinte e ficou em terceiro, atrás de Kaká e de Messi. Foi a última vez até hoje que a premiação de melhor jogador do mundo não ficou com o português ou com o argentino.
Década da PL fora do top-3 coincidiu com queda nas competições europeias
Depois de 2008, a Premier League viveu um hiato. A liga inglesa ficou dez anos sem encaixar alguém no top-3 da FIFA. Essa queda coincidiu com o crescimento da liga espanhola no quesito.
Entre 2009 e 2017, com três jogadores escolhidos por ano, foram 27 indicações ao total. Destas 27, La Liga teve impressionantes 24 nomes. Em seis destes nove anos (2009 a 2012, 2015 e 2016) o top-3 teve apenas jogadores da liga espanhola, variando entre Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid.
Apenas três jogadores nestes nove anos não eram do futebol espanhol quando foram indicados: Frank Ribery em 2013, Manuel Neuer em 2014 (ambos pelo Bayern de Munique) e Neymar em 2017 (este no Paris Saint-Germain).
Bom destacar que, no caso de 2009, Cristiano Ronaldo jogou a primeira metade do ano pelo Manchester United. Porém, no meio do ano, transferiu-se para o Real Madrid, onde estava quando foi selecionado.
Lembrando também que até 2009 a FIFA entregava o prêmio em separado à revista France Football, dona da famosa Ballon D’Or. Os prêmios foram unificados em 2010 e ficaram assim até 2015 – no ano seguinte, voltaram a ser dados separadamente.
Além de ver jogadores fora do top-3 da Federação Internacional, nesse período o futebol inglês também teve uma queda vertiginosa nas competições continentais, perdendo espaço nas grandes conquistas europeias.
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De 2009 até 2018, foram dez finais da Champions League, e apenas quatro contaram com times ingleses.
Em 2009 e 2011, o Manchester United perdeu para o Barcelona; em 2012, o Chelsea bateu o Bayern de Munique (última conquista de UCL na Inglaterra); e neste ano, o Liverpool caiu diante do Real Madrid.
Ingleses mal na Liga Europa
Na Liga Europa, mesma situação no período – quatro entre dez finais com ingleses.
Em 2010, o Fulham perdeu para o Atlético de Madrid. Em 2013, o Chelsea bateu o Benfica. Dois anos depois, o Liverpool perdeu para o Sevilla, e na temporada seguinte, o Manchester United ganhou do Ajax.
E não só a falta de títulos era evidente, mas também a de grandes desempenhos. Nas dez Champions Leagues neste recorte, em quatro delas não tivemos ingleses nem sequer na semifinal. Na Europa League o número aumenta um pouco, para cinco de dez.
Ou seja, nas últimas 20 competições continentais, os ingleses só apareceram na final em oito delas, com apenas três títulos. E em nove destas 20, a Inglaterra não emplacou nenhuma equipe na semifinal.
Foi uma queda vertiginosa em relação aos anos anteriores. Entre 2005 e 2008, por exemplo, todos os anos contaram com ingleses na final da UCL, incluindo a decisão inglesa de 2008.
Nas quatro Champions em questão, em duas delas chegamos a ter três ingleses na semifinal (Liverpool, Chelsea e Manchester United em 2007 e 2008). Apenas em 2006, com o Arsenal, um time inglês esteve sozinho entre os quatro melhores.
Cenário pode mudar a partir de uma possível conquista de Salah?
Não é impossível imaginar que Mohamed Salah conquiste o prêmio The Best. A grande temporada feita no Liverpool o credencia bastante e embasa as justificativas. Porém, a concorrência não é fácil.
Cristiano Ronaldo, vencedor nos últimos dois anos, ganhou a quarta Champions League em cinco anos – terceira seguida. E incrivelmente, ele foi o artilheiro em todas essas conquistas. Além disso, fez quatro gols na Copa do Mundo.
Já Luka Modrić, outro vencedor da Champions pelo Real Madrid, foi o grande destaque da Croácia finalista da Copa. Por fim, acabou sendo eleito o melhor jogador do Mundial.
Mas além do titulo individual, a indicação de Salah pode indicar também um melhor momento dos clubes ingleses no cenário europeu.
Na última temporada, além do Liverpool finalista, times como Manchester City (recordista de pontos na PL) e Tottenham (terceiro na PL e eliminado nas oitavas da UCL) tiveram excelente destaque.
Com cada vez mais dinheiro de patrocinadores e da televisão, os times ingleses têm feito grandes investimentos. E com uma liga forte e estabelecida, agora buscam alçar vôos maiores.
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Alguns dos principais jogadores mundiais estão nos principais times da Inglaterra. Nomes como Harry Kane (artilheiro da Copa), Romelu Lukaku, Kevin de Bruyne, Eden Hazard, Roberto Firmino e o próprio Salah elevaram muito o nível das equipes.
Além disso, os treinadores também têm tido destaque. Nomes como Pep Guardiola, Jürgen Klopp, José Mourinho, Mauricio Pochettino e Maurizio Sarri estão nos grandes times do país. A qualidade do jogo aumentou muito mais.
Diante das circunstâncias, talvez Salah nem venha a conquistar o The Best. Mas esta indicação pode marcar um novo cenário para os times da Premier League, com mais destaques individuais e coletivos.
Os times são ricos e fortes, os craques desfilam dentro e fora do campo e a liga é uma das mais fortes (talvez a melhor) do futebol mundial. Toda a estrutura está pronta. Agora é hora de buscar grandes objetivos e voltar a ter destaque continental.