Tim Vickery: o fantasma que ronda o City e motiva a torcida contra

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Há um fantasma que ronda a final da Champions League neste sábado: a forma de Kalvin Phillips, meio-campista reserva do Manchester City.

Para ajudar a comparação, dá para imaginar Phillips vestido de branco, com a camisa do Leeds, seu ex-clube, ou até da seleção inglesa, onde dois anos atrás ele era titular do time que chegou na final da Eurocopa. Nesta temporada, Phillips quase nunca foi visto na camisa celeste do City.

Verdade, sofreu lesões.

Mesmo assim, é impressionante que ele tenha começado o seu primeiro jogo na Premier League somente depois que o City já havia sido campeão.

Fica evidente, então, que trata-se de um jogador que o City mal precisava. Cuja a presença no elenco enfraqueceu o Leeds e, numa visão geral, piorou o nível do espetáculo do campeonato.

Isso ajuda a explicar porque nem todos na Inglaterra vão torcer para o City no sábado contra a Inter de Milão. Claro, sucesso repetido gera reações, fica tedioso nos olhos de muitos. O grande Liverpool produzia um sentimento parecido enquanto acumulava títulos nas décadas de 1970 e 1980.

Mas com o City tem uma coisa extra — a força financeira de uma nação fora do campo ajudando a força do time dentro dele.

Somente um idiota poderia argumentar que a fase atual do City é dinheiro e nada mais.

O técnico Pep Guardiola tem um magnífico cérebro futebolístico, e com tempo para desenvolver suas ideias, formou nesta temporada o melhor City de todos os tempos, um time capaz de fazer frente com o grande Barcelona que ele criou alguns anos atrás.

A incorporação de Haaland levou um tempinho, mas acabou fornecendo uma dimensão extra, um castigo fácil contra adversários ultradefensivos.

No outro lado do campo, Guardiola achou uma maneira eficaz de se proteger quando o rival lança contra-ataques, antigamente um ponto fraco de seu time.

Assistir à sua reinvenção do sistema WM tem sido fascinante. Deixa que o coletivo potencializa as individualidades, e as individualidades são absurdas de boas.

Porém… Sim, detesto ser um estraga-prazeres, mas tem um “porém”.

Porque se o dinheiro não é tudo, não há a menor dúvida que a grana sem limites é uma grande parte da história.

Guardiola, treinador do Manchester City - Foto: DeFodi Images / Icon Sport

Fornece para o City, por exemplo, os meios de contratar os melhores advogados, gerando confiança dentro do clube que o City possa se safar contra as mais de 100 acusações de irregularidades financeiras que o próprio Premier League está levando.

A grana de Abu Dhabi também banca um elenco de sonhos. Na quase absurda situação de querer um “upgrade” de Phil Foden, o City pode comprar Jack Grealish. Pode deixar Mahrez esquentando o banco, assistindo Bernardo Silva e conversando com Julian Alvarez, o centroavante que ganhou a Copa do Mundo menos de seis meses atrás.

No Catar, o reserva de Alvarez acabou sendo Lautaro Martinez. E enquanto Alvarez espera por escassas oportunidades com o City, Martinez comanda o ataque do Inter, uma mostra fácil do abismo financeiro entre os dois finalistas do sábado.

E tem Kalvin Phillips, o fantasma de 2022-23, o alerta ambulante, servindo para mostrar que a acumulação de tanto talento em um só clube é um problema para todos dentro de um esporte que tem que se esforçar para manter um tipo de equilíbrio competitivo num mundo onde dinheiro não tem limites.

Pode chamar de hipocrisia, falta de coerência ou burrice mesmo, mas com tudo isso ainda vou torcer para o City no sábado. Gosto do Guardiola e tenho simpatia pelo City — conheço pessoas com décadas de suas vidas investidas em seguir o clube.

No caso de uma vitória no sábado vou pensar neles, deixando para mais tarde o debate interior sobre se isso se trata de uma saudável separação de coisas ou um processo meio consciente de autoenganação.

Terça-feira 10 Dezembro

Dinamo Zagreb

Dinamo Zagreb

Celtic

Celtic

14:45

Brest

Brest

PSV

PSV

17:00

Shakhtar Donetsk

Shakhtar Donetsk

Bayern Munich

Bayern Munich

17:00

Club Brugge

Club Brugge

Sporting

Sporting

17:00

Quarta-feira 11 Dezembro

Feyenoord

Feyenoord

Sparta Prague

Sparta Prague

17:00

Benfica

Benfica

Bologna

Bologna

17:00

AC Milan

AC Milan

Crvena Zvezda

Crvena Zvezda

17:00

Tim Vickery
Tim Vickery

Tim Vickery cobre futebol sul-americano para a BBC e para a revista World Soccer desde 1997, além de escrever para ESPN e aparecer semanalmente no programa Redação SporTV. Foi declarado Mestre de Jornalismo pela Comunique-se e, de vez em quando, fica olhando para o prêmio na tentativa de esquecer os últimos anos de Tottenham Hotspur.