A impressionante campanha do Leicester nesta temporada é, até agora, melhor em aproveitamento que a do título em 2016. O time se destaca não apenas pelos resultados, mas também pelo futebol agradável proporcionado pelos comandados de Brendan Rodgers. Dessa forma, vários jogadores ganham destaque. Youri Tielemans é um deles, sem dúvida.
O jovem belga vem dominando o meio de campo, enchendo os olhos da torcida e dos apreciadores do bom futebol.
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Tielemans nasceu na Bélgica e se formou para o futebol no Anderlecht. Aos 17 anos, já era disputado pelos gigantes da Europa. Vale lembrar que Barcelona e Real Madrid tentaram contratá-lo, mas ele acabou no Monaco, quatro temporadas depois de sua estreia profissional.
Quando ainda estava no clube belga, se tornou o jogador mais jovem a atuar na Champions League com 16 anos e 148 dias. À princípio, no Monaco, chegou a um clube esfacelado depois das saídas de Mbappé e Bernardo Silva.
Youri ganhou seu espaço de titular prontamente ao lado de João Moutinho, outro que se mudou para Premier League recentemente. E, apesar de uma temporada e meia com desempenho razoável (cinco gols e três assistências), foi contratado pelo Leicester por empréstimo.
A negociação, que teria opção de compra futura, envolveu o português Adrien Silva e foi concluída no último dia da janela de inverno da temporada 2018/2019.
Sua carreira, mesmo com as constantes convocações para a seleção – e para a Copa do Mundo, parecia abaixo das expectativas produzidas quando ele nem tinha atingido a maioridade.
Por sorte (e competência) de Tielemans e de Brendan Rodgers, o meia se adaptou de imediato na Premier League, auxiliado pelas ideias do treinador norte-irlandês. Seu impacto foi grande no meio campo dos Foxes. E era só o começo.
Nos últimos jogos da temporada passada, ele esteve em campo por 1.092 minutos dos 1.170 possíveis. Neste ínterim, o belga foi capaz de distribuir cinco assistências e marcar três gols, ajudando o Leicester a se recuperar no campeonato.
Os números comprovam a influência de Tielemans
O encaixe foi perfeito, sem exageros. Só nesta metade de temporada, alcançou uma participação de jogo maior que nas últimas três. Tielemans obteve uma média de 49 passes certos por jogo e 1,2 de passes chave. Este último sendo a terceira melhor marca de sua carreira (Whoscored).
Na atual temporada, Tielemans continua se destacando em vários números e aspectos. Em passes chave por jogo, por exemplo, só perde para James Maddison. O camisa 10 tem 2,3 por jogo contra 1,3 do camisa 8.
Além disso, a média de acerto de passes foi a segunda melhor de sua carreira por clubes (85%). Entretanto, todos esses números já foram superados. E não apenas isso, seu desempenho melhorou junto com o time.
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Em termos de passes por jogo, só não troca mais passes que os jogadores de defesa. É o meio-campista que mais passa. E, pra finalizar, é quem mais dá e acerta passes longos, trazendo uma outra alternativa para o jogo dos Foxes. São três lançamentos corretos por partida.
Perto da área, Tielemans também é excelente. Enquanto Jamie Vardy e Maddison chutam, em média, 2,4 e 3 vezes respectivamente, Youri aparece em terceiro, com média de 2,2. Influência ofensiva que comprova a intensidade da equipe.
Contra o Burnley, por exemplo, foi o melhor jogador da partida. Foi quem mais acertou o alvo (2) e ainda marcou o gol da vitória de virada.
Quinto em dribles por jogo, geralmente sofre faltas. Só perde para Maddison nesse quesito, também. Para completar, ele perde a bola menos de uma vez por jogo, segundo as estatísticas da Premier League e do Whoscored. Foram apenas 11 perdas de posse nesta temporada.
Talvez o jovem de 22 anos não participe tanto da pressão ofensiva que o Leicester faz. É o sétimo em botes certos no time, ao contrário de seu companheiro de meio-campo, Maddison. O inglês é o terceiro que mais combate o adversário (28).
Entretanto, Tielemans compensa a falta de combatividade com muita criatividade e faz valer os 45 milhões de euros pagos pelo clube inglês (Transfermarkt). É a maior contratação da história do clube.
O estilo de jogo do Leicester passa pela adaptação de Tielemans ao esquema
Nesta temporada de 2019/2020, a simbiose com o estilo de jogo do Leicester atingiu seu ápice. Pelo menos é o que podemos deduzir nestes 13 jogos de Premier League com o time ocupando a segunda colocação na tabela.
Tielemans é, hoje, o motor do meio de campo, aquele que dita o ritmo e acha os passes precisos no ataque e quem recebe a bola de Wilfied Ndidi para dar sequência no jogo. Sem dúvidas, é um legítimo organizador.
Se entendermos o esquema de Brendan Rodgers como um 4-1-4-1, Tielemans é o meia central que ocupa mais a faixa direita, se aproximando de Ayoze Pérez e Ricardo Pereira, que jogam abertos. Mas o belga não é estático, ele ocupa diversos lugares do campo.
Sua mobilidade é um dos principais aspectos que o fazem tão importante no esquema e no jeito de jogar dos Foxes. Acima de tudo, é o principal conector entre defesa e ataque.
Sempre próximo à jogada, ele serve sempre de opção para seus companheiros. É de seus pés que podem sair os famosos “passes que quebram as linhas” do adversário. Além disso, tem a qualidade no passe longo para mudar o lado da jogada e ligar contra-ataques.
Portanto, apesar de ser mais uma engrenagem da tática de Rodgers, sua importância é inegável e essencial. Junto de Maddison e Ricardo Pereira, forma o trio criativo que vem aterrorizando os adversários nesta Premier League.