Thomas Partey é a solução do meio-campo do Arsenal?

4 minutos de leitura

Thomas Partey chegou ao Arsenal no último dia da janela de transferências de verão com status de World Class. O ex-atleta do Atlético de Madrid se tornou, nos últimos anos, uma das peças fundamentais do time espanhol e aclamado no futebol europeu. Agora, por cerca de 45 milhões de libras, Partey chega à Inglaterra para uma nova jornada.

O fato de os Gunners terem contratado um jogador de alto nível é irrevogável. Mas, Thomas Partey será capaz de solucionar os problemas de sua nova equipe? 

Thomas Partey é solução para o Arsenal?

Retrospecto de Partey no Atlético de Madrid

Formado na base do clube colchonero, Thomas Partey só veio a ter sua primeira oportunidade no time principal em 2015. Anteriormente havia sido emprestado ao Mallorca e também ao Almería – ambos clubes espanhóis. Parte deste processo se deu devido ao fato de que o clube tinha um meio-campo muito bem estabelecido com Gabi e Tiago.

Sendo assim, o jogador ganês teve de brigar bastante por espaços na equipe de Diego Simeone antes de assumir a titularidade. Foram apenas nas últimas três temporadas que ele conseguiu quebrar a marca de mais de 20 jogos na La Liga. Desde então, o atleta se firmou como um pilar no esquema do Atlético

Leia mais: O que esperar do brasileiro Gabriel Magalhães no Arsenal?

Durante esse período de aprendizado, Partey desenvolveu características como meia defensivo. Sua altura (1,85m) lhe garantiu parte da presença que costuma impor no meio campo. Além disso, o jogador passou a ter uma boa leitura de jogo. Sendo capaz de identificar os lances e cortar antes que causem perigo.

Um fato que mostra suas capacidades defensivas é o de estar na quinta posição dos jogadores que mais interceptaram pelo Atleti (1.4 de média) na última temporada. Presente na frente da área, Partey também costuma estar sempre protegendo os zagueiros e constantemente caça adversários carregando a bola na frente da zona de perigo.

Aitor Alcalde/Getty Images

Além de suas qualidades defensivas, Thomas também impressiona na organização das jogadas. Por vezes ele foi acionado para distribuir a bola para o campo ofensivo. Sua taxa de acertos em passes na última liga é de 83%, caindo para 78% quando estes são trocados no campo adversário. Ainda assim conseguiu ser o quinto jogador de sua equipe a mais acertar nesse quesito. 

Outros dois pontos a serem destacados são: sua capacidade de mudar direção e de chute de fora da área. Ambas as qualidades podem servir como arma para o Arsenal. A primeira pelo fator da imprevisibilidade e a segunda por gerar mais uma fonte de desconforto para o adversário.

Os problemas no meio-campo dos Gunners

Citadas as qualidades de Thomas Partey, agora é preciso comentar sobre os problemas do Arsenal em seu meio-campo. Há anos, o clube sofre com peças que não conseguem se impor no setor, muitas vezes sendo engolido por adversários fisicamente superiores. 

O “mal” não vem de jogadores pouco técnicos, mas da falta de um atleta que pudesse dar mais segurança para a defesa. Aaron Ramsey, Jack Wilshire, Cesc Fàbregas, Santi Cazorla e até mesmo Mikel Arteta. Esses foram alguns nomes que passaram no meio campo do Arsenal na última década. Nomes de qualidade, mas nenhum de imposição física defensiva. 

Nas últimas temporadas, o clube até buscou sanar esse problema com jogadores como Granit Xhaka e Lucas Torreira. Porém, enquanto o primeiro não atende as exigências defensivas, o segundo acabou caindo de rendimento na última temporada. No elenco da última temporada Mattéo Guendouzi também se aproximava dessa dominância, mas foi uma surpresa e acabou tendo problemas de comportamento. 

Jason Cairnduff/ Pool/Getty Images

Ainda é possível citar Mohamed Elneny, mas mesmo que este seja esforçado é possível ver suas limitações no setor ofensivo. Em números, todos os jogadores do Arsenal para a posição tem duas qualidades. No campo, fica visível o quanto o futebol é jogado por seres humanos e esses são influenciados por diversos outros fatores. Uma reposição no meio vale não só pela busca da qualidade, como também para renovar os ares.

Leia mais: Os 10 maiores ídolos da história do Arsenal

No comparativo com os jogadores que permaneceram no elenco, Partey ainda tem qualidade ofensivas para acrescentar. Elneny defende bem, mas constrói pouco. Xhaka tem boa porcentagem de passes certos, mas possui menos capacidade para se livras de adversários. Ceballos ainda não encontrou seu ideal e Joseph Willock não cumpre a mesma função. Resta ao ganês ser o melhor de todos esses mundos.

A inconstância do meio campo tornou a defesa mais frágil ao longo dos anos, essa que tem seus próprios problemas para resolver. Sem um jogador capaz de auxiliar na proteção da zaga, o Arsenal fica limitado taticamente e isso acaba influenciando diretamente nos resultados da liga.

Thomas Partey é a solução para o meio-campo do Arsenal? 

Ao contratar Thomas Partey, os Gunners atacam o seu próprio ponto fraco. O ganês possui todos os atributos para ser a preferências nas escolhas de Arteta, além de oferecer uma dinâmica maior para quem for jogar ao seu lado. 

Dani Ceballos, por exemplo, tem feito ótimas partidas e é capaz de construir muito bem as jogadas. Com Partey, a parceria poderia liberar mais o espanhol e este jogaria com a certeza de deixar a defesa em boas mãos. Isso poderia suprir parte da necessidade que o time tem de um armador mais avançado.

Por outro lado, colocar todas as expectativas no ganês pode ser um erro. Ele não resolve todos os problemas do elenco, apesar de elevar o nível da equipe. Pode ajudar no objetivo de voltar à Champions League, mas não irá conseguir fazer isso sozinho. 

Thomas Partey chega no Arsenal com um grande peso nas costas. O de ser o escudo que defende o canhão na batalha. E pelo valor investido a cobrança virá de todos os lados. Porém, é preciso sempre lembrar: estrelas também precisam de tempo para brilhar.

Lucas Bichão
Lucas Bichão

Estudante de Jornalismo, Geekie e apaixonado por esportes. Social Mídia na Rio 2016 pelo COB e romancista nas horas vagas.