Thiago Silva e Édouard Mendy: os donos da defesa do Chelsea

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O Chelsea vive um dos seus melhores momentos na Premier League. Atualmente, a equipe está em terceiro lugar no campeonato e ostenta o melhor ataque da competição com 22 gols. Mas outro setor vem chamando bastante atenção: a defesa.

Nos últimos dez jogos, o Chelsea teve sua defesa vazada apenas duas vezes. E boa parte desse bom desempenho passa pelos pés de Thiago Silva e pelas mãos de Édouard Mendy.

A experiência e segurança de Thiago Silva

No Brasil, o zagueiro tem sua trajetória no futebol marcada e definida por um episódio: o choro na Copa do Mundo de 2014. Algumas das milhares de pessoas que assistiram a cena afirmaram que um “Líder não chora” e que portanto, ele não é capaz de assumir a responsabilidade pela Seleção ou qualquer outro time.

Porém, Thiago Silva vem mostrando o contrário. O atleta ficou por oito temporadas no Paris Saint-Germain, sendo que neste período, conquistou 23 títulos e a admiração dos torcedores. O ciclo vitorioso se encerrou em agosto desse ano e em seguida, ele foi anunciado como reforço do Chelsea para a temporada.

Agora, o zagueiro vem construindo na nova equipe uma trajetória que promete ser promissora. O impacto de sua contratação foi imediato. Logo no jogo de estreia, Silva, viu seu time golear por 6 a 0 o Barnsley, da segunda divisão, pela Copa da Liga Inglesa.

Na segunda partida, houve uma falha, mas nada que abalasse a confiança do zagueiro. Pois, além de estar demonstrando ser um líder em campo, Silva tem uma qualidade quase absurda com a bola nos pés. Em seis partidas, ele deu 599 passes, uma média de quase 100 por jogo.

Essa característica casou perfeitamente com o estilo de jogo do Chelsea, que busca trabalhar a bola e construir as jogadas desde o campo de defesa. Mas a bola longa também não é problema para o zagueiro, foram 36 chutes precisos nesse tipo de jogada.

A tranquilidade dele em campo também chama atenção, até agora, ele cometeu apenas três faltas e não levou nenhum cartão.

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DAMIEN MEYER/AFP via Getty Images

Facilidade na comunicação

Thiago Silva não domina a língua inglesa, mas isso não está sendo um problema dentro de campo. Isso porque ele vem fazendo dupla de zaga com o francês Kurt Zouma. E atrás, no gol, Édouard Mendy, também se comunica no idioma. Formando um sistema defensivo que dialoga basicamente no francês.

Desse modo, a comunicação entre eles está sendo fluída, facilitando o bom desempenho da defesa nos jogos. Outro ponto a se destacar é que a chegada de Silva melhorou a performance de Zouma. Durante uma coletiva, o próprio jogador declarou que a presença do brasileiro em campo traz calma para ele e outros jogadores.

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Fato também afirmado por Frank Lampard, em uma entrevista publicada no site oficial do Chelsea, o técnico declarou.

“A experiência e a qualidade de Thiago Silva podem afetar não apenas Zouma, mas qualquer pessoa que faça essa parceria com ele. Ele ajudou Kurt e precisamos manter esse nível de desempenho para manter a boa série de jogos que estamos vivendo”, afirmou Lampard.

Custo benefício

O sistema defensivo era um dos principais problemas dos Blues. Por isso, na janela de transferência, esse setor foi uma das prioridades de Lampard. Agora imagina “consertar” as falhas por um custo zero e ainda ter um retorno alto? Pois foi isso que o Chelsea conseguiu.

A transferência do zagueiro não custou nada aos cofres do clube. É claro que contratar um atleta de 36 anos, para jogar em uma das ligas mais disputadas do mundo foi uma aposta alta.

Mas que está valendo a pena, além dos ótimos números na defesa, Silva já marcou um gol e entrou para a história do Chelsea como o sexto jogador mais velho a marcar um tento pelo clube.

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Édouard Mendy, atual goleiro número um do Chelsea

Não precisa entender muito de futebol para perceber a importância que um goleiro tem para o jogo. E quando este jogador comete inúmeros erros e falhas, a confiança de toda a equipe fica abalada.

Era o que vinha acontecendo com o Chelsea quando Kepa Arrizabalaga estava em campo. O goleiro mais caro da história do futebol mundial, ficou marcado na equipe por suas falhas recorrentes. Em 97 partidas, ele sofreu 112 gols, e alguns desses, são de responsabilidade exclusiva do defensor.

Porém, para a torcida e para o técnico do Chelsea, no momento, isso são águas passadas, pois agora, os Blues tem um homem de confiança na meta. E seu nome é Édouard Mendy. Em sete jogos como titular, o goleiro sofreu apenas um gol.

E assim como Silva, ele chegou na equipe na última janela de transferência. Mas diferente do zagueiro, Mendy custou bem mais ao cofres do clube.

A negociação foi de aproximadamente 157 milhões de reais, pagos ao Rennes. Além do valor alto, Mendy chegou com moral no clube, ele foi indicado por ninguém mesmo que Petr Cech, um dos maiores goleiros da história do Chelsea.

Inclusive, Cech também jogava pelo Rennes antes de chegar aos Blues. Será que temos um novo Petr Cech? Bom, ainda é cedo para afirmar, porém, o começo vem sendo promissor. Mas para se igualar ao ídolo, Mendy ainda tem um longo caminho a percorrer.

Mas quem é Édouard Mendy?

Se você contassem a um jovem goleiro de 22 anos, desempregado, que precisava de um programa do governo francês de assistência para sobreviver, que ele iria se tornar goleiro do Chelsea e disputar a Premier League e a Champions League, você acha que ele acreditaria?

Pois essa era a situação de Mendy há seis anos. O jogador começou sua carreira como profissional em 2011, no Cherbourg, da terceira divisão francesa. O goleiro revezava entre a titularidade e o banco, e quando finalmente conseguiu se firmar na posição, viu seu time ser rebaixado.

Consequentemente, ele estava desempregado e ainda tinha sido abandonado pelo seu agente. Sem clube, Mendy viu como opção para sobreviver o “Pôle Emploi”. Um programa do serviço público francês de assistência a desempregados que ajuda cidadãos franceses a encontrar emprego, além de oferecer auxílio financeiro.

“Croire en soi et ne jamais abandonner”; acredite em si mesmo e nunca desista

Mesmo afastado dos campos, o goleiro não desistiu do futebol e continuava treinado para manter a forma física. Foi quando Ted Lavie, ex-companheiro de Cherbourg, ajudou Mendy a encontrar um time, o Olympique de Marseille. Na nova equipe, ele recebia um salário mínimo, mas já era um alívio para o jovem que agora iria se tornar pai.

Ele não foi titular absoluto, mas chamou atenção de outros clubes, como o Stade Reims, da Ligue 2. Foi ai que sua história começou a mudar. Mendy se destacou, virou titular, sendo que em 38 partidas, passou 19 sem levar gols e ajudou o clube a subir para a Ligue 1.

Desse modo, Mendy foi transferido para o Rennes, para disputar a temporada 2019/2020. No novo clube, disputou 34 partidas e foi vazado apenas em 13 oportunidades. Bom, o resto, a gente já sabe.

Fato é que Mendy nunca desistiu do seu sonho de jogar futebol e hoje, atua por um dos maiores times do mundo. E a cada partida, vem sendo uma das peças fundamentais da defesa do Chelsea.

Karina Peres
Karina Peres

Quase jornalista, apaixonada por futebol e tudo que rodeia o mundo dos esportes.