A derrota do Manchester United por 3 a 0 para o Tottenham em casa no último domingo (29) foi o suficiente para criar um grande circo em cima do técnico Erik ten Hag.
A imprensa internacional voltou a colocar o holandês na “corda bamba”, depois do título da Copa da Inglaterra sobre o Manchester City no final da temporada passada ter amenizado a situação do treinador.
Porém, mandar Ten Hag embora não é algo tão simples por fatores financeiros. O treinador de 54 anos ganha 9 milhões de libras (R$ 64,8 milhões) por ano no Manchester United, segundo o “The Athletic”.
Em caso de demissão, a indenização ao técnico custaria até 16 milhões de libras (R$ 155,2 milhões). Esse valor teria sido inevitavelmente muito menor se o clube tivesse dispensado Ten Hag no final da temporada passada, quando restava menos tempo em seu acordo.
Ainda segundo o veículo inglês, o Manchester United movimentou 661,8 milhões de libras na temporada passada. O prejuízo de 130,7 milhões de libras em 2023/24 chegou a 312,9 milhões de libras ao longo de três anos. O próprio Ten Hag disse aos repórteres em fevereiro que o clube não conseguiu contratar um novo atacante devido às regras de fair play financeiro.
— O clube continua comprometido e em conformidade com as regras de lucro e sustentabilidade da Premier League (PSR) e os regulamentos de fair play financeiro da UEFA — disse Omar Berrada, presidente-executivo do Manchester United.
Problemas com fair play financeiro do Manchester United
O prejuízo registrado pelo Manchester United em três anos ultrapassou em muito o limite de perdas estabelecido pela Premier League — 105 milhões de libras em três anos. Mas os cortes com base, equipe feminina e infraestrutura mais ampla, podem reduzir significativamente esse valor.
Também houve uma queda nos custos do clube em relação a 2022, em época de Covid-19, quando o Manchester United registrou uma perda de 149,6 milhões de libras.
Isso dá ao Manchester United espaço para respirar e o direito de desembolsar 180 milhões de libras (R$ 1,2 bilhão) em cinco jogadores na última janela.
As vendas de Scott McTominay, Mason Greenwood, Hannibal e Willy Kambwala permitiram ao Manchester United reservar cerca de 60 milhões de libras (R$ 432 milhões) de lucro na temporada 2024/25 para fortalecer sua posição no PSR, cobrindo os custos de transferência amortizados dos que chegarem.
As saídas de jogadores com altos salários, como Anthony Martial e Raphael Varane, também ajudarão, e a folha de pagamento mais ampla do Manchester United também diminuirá nesta temporada.
Corte de gastos
A chegada de Sir Jim Ratcliffe no início do ano levou ao clube uma política de corte de gastos que contou com 250 demissões. A ideia da nova gestão é economizar em 40 a 45 milhões de libras (R$ 288 a 324 milhões) por ano.
— Estamos trabalhando para uma maior sustentabilidade financeira e fazendo mudanças em nossas operações para torná-las mais eficientes — disse Berrada no anúncio das contas do clube no mês passado.
O custo de demitir Ten Hag provavelmente seria maior do que a economia anual com a demissão de 250 funcionários, mas a hierarquia do Manchester United estará ciente do custo potencial do desempenho ruim do time em campo.
Não conseguir se classificar para a Champions League pela segunda temporada consecutiva traria um golpe custoso, piorado pelos valores aumentados em oferta sob o formato expandido da Uefa. Outro resultado baixo na Premier League também veria uma redução nos pagamentos de mérito da liga.
Uma campanha na Europa League, com a chance de manter as receitas do dia da partida, pode ajudar a estancar o sangramento, mas não há substituto financeiro para o sucesso na Champions League. O Manchester City, como um ponto de comparação desconfortável, arrecadou 113 milhões de libras em prêmios em dinheiro ao vencer a competição em 2022/23.
Depois, há os impactos comerciais a serem considerados. Caso fique fora novamente da Champions League, o dinheiro vindo da Adidas cairá em 10 milhões de libras (R$ 72 milhões).