Todos sabem que o escocês Alex Ferguson é o treinador com mais títulos da Premier League. Os italianos Claudio Ranieri, Roberto Mancini, Antonio Conte e Carlo Ancelotti também levantaram o troféu do Campeonato Inglês, assim como o chileno Mauricio Pellegrini, o português José Mourinho e o francês Arsène Wenger. No entanto, uma curiosidade pode ser considerada intrigante: nunca um técnico inglês foi campeão da Premier League.
Por que nenhum técnico inglês foi campeão da Premier League?
A última vez que um treinador nativo foi campeão ocorreu justamente uma edição antes do início da Premier League.
Treinadores de Manchester City, Liverpool, Chelsea, Manchester United e Arsenal sempre são os mais cogitados para ganhar a competição. Porém, para um técnico inglês, isso pode ser muito difícil, já que cada vez mais esses clubes buscam treinadores do mais alto nível do futebol mundial, onde não há nenhum britânico.
Treinadores escocesesOs estrangeiros vêm apresentando mais sucesso na Inglaterra do que os próprios ingleses nos últimos anos. Nesta edição, já passaram dezenove treinadores de outros países contra dez nacionais.
Dos cinco maiores campeões do Campeonato Inglês, apenas dois (Paisley e Chapman) são da Terra da Rainha. Os três que completam a lista são estrangeiros, mais especificamente, vêm de outro país do Reino Unido: a Escócia.
Embora tenha apenas um escocês no comando de um time inglês na atual temporada do Campeonato Inglês, eles sempre estiveram lutando para serem campeões. São vinte e nove títulos com sete treinadores diferentes: Alex Ferguson foi vitorioso treze vezes; Sir Matt Busby, cinco; Kenny Dalglish, quatro; Bill Shankly, três; George Graham, duas vezes; além de mais outros dois treinadores, que conquistaram o título uma vez cada.
Segundos e terceiros lugares
Como se não bastasse a seca de títulos de um treinador inglês, o resto do pódio da Premier League também tem, em sua maioria, representantes estrangeiros.
Em apenas seis vezes, se não contarmos a única partida de Brian Kidd no comando do Manchester City após a saída de Mancini na última rodada da temporada 2012/13, os técnicos ingleses estiveram no segundo ou terceiro lugar da liga. E, em apenas uma vez, dois treinadores do país foram vice-campeões e terceiro colocado na mesma edição.
Porém, esse dado consegue ser mais alarmante, já que a última vez que uma equipe comandada por um inglês ficou entre os três melhores da liga foi na temporada 2002/03, com Bobby Robson comandando o Newcastle, que alcançou o terceiro lugar naquele ano.
Treinadores ingleses fora da Inglaterra
Sir Bobby Robson, além de ser o último técnico inglês a comandar uma equipe que terminaria a competição entre os três primeiros colocados, pode ser considerado um dos únicos a ser campeão fora da Inglaterra.
Com passagens por PSV, Porto, Sporting e Barcelona, na década de 1990, ele foi vitorioso em outras ligas europeias. Em duas passagens pelo time holandês, o treinador comandou a equipe por mais de cem jogos, vencendo duas vezes o campeonato nacional.
Em Portugal, o treinador foi quatro vezes campeão, sendo duas ligas portuguesas e mais duas Copas de Portugal – todos os títulos foram conquistados enquanto era treinador do Porto.
Pelo Barcelona, Bobby teve o seu maior sucesso. Tendo a segunda maior média de pontos por jogo da sua carreira, vencendo uma Supercopa e uma Copa da Espanha, além da Taça dos Vencedores da Taça da Uefa.
Tudo isso conquistado em apenas na temporada 1996/97, por um time que tinha Ronaldo, Figo e Guardiola. Um ano depois, o treinador virou diretor de futebol por uma temporada no time catalão.
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Por outro lado, casos como de Roy Hodgson, na Internazionale de Milão, McClaren, no Wolfsburg, e Gary Neville, no Valencia, mostram que a grande maioria de treinadores ingleses que tentam sucesso nos times médios e grandes das outras ligas europeias não fazem grandes campanhas.
Roy teve a melhor campanha entre os três, mas, mesmo assim, não deixou saudades ao passar pelo time italiano. Em duas passagens no final da década de 1990, o atual treinador do Crystal Palace teve menos de 50% de aproveitamento em suas 53 partidas.
Já McClaren perdeu mais do que ganhou, quando passou pela liga alemã, e, apesar de ter sucesso no Twente, da Holanda, ao vencer o campeonato nacional, não teve um bom desempenho quando chegou a um time médio da Europa.
Gary Neville foi a mais nova tentativa de um time médio/grande da Europa. No final de 2015, o ex-zagueiro do Manchester United assinou com o Valencia. Porém, saiu do clube no final da mesma temporada com medíocres 37% de aproveitamento.
Muitos dizem que a questão cultural é o principal motivo pelo insucesso dos britânicos. Mas o que, de fato, surpreende é que nem em seu próprio país os ingleses têm êxito. Bobby, por exemplo, nunca venceu o Campeonato Inglês.
Treinadores da seleção inglesa
Se pelos clubes os treinadores ingleses não vêm tendo tanto sucesso como os lendários comandantes dos times do passado, pela seleção não vêm sendo muito diferente.
Acostumados em sempre ter grandes jogadores em seus plantéis, a seleção está desde 1996 sem uma boa participação em algum campeonato. Na competição europeia daquele ano, Terry Venables, inglês, foi o treinador da equipe.
O atual comandante da seleção inglesa é Gareth Southgate, ex-treinador do Middlesbrough. Ele assumiu o cargo após Sam Allardyce se envolver em polêmica com as formas de burlar regras de transferências existentes na Inglaterra.
Desde o ano que teve o inicio da Premier League, os dois treinadores com mais aproveitamentos treinando a seleção são estrangeiros.
O primeiro foi Sven-Göran Eriksson, sueco, que treinou um time repleto de bons jogadores, como Beckham, Gerrard e Lampard, no ápice de suas carreiras entre 2001 e 2006. Eriksson terminou sua passagem com 68%.
Fabio Capello foi o técnico que treinou por mais de cinco jogos a seleção inglesa, com melhor aproveitamento desde a temporada 1992/93, mas não conseguiu ser campeão. Embora tenha pego a base de Eriksson dois anos mais velha, diversos jogadores que brilham na seleção inglesa atualmente tiveram sua primeira oportunidade com o italiano, como Kyle Walker, Henderson e Sturridge. Fabio teve aproveitamento de cerca de 73%.
Em uma terra que há mais estrangeiros do mais alto nível do futebol mundial, seja como treinador ou jogador, a grande maioria dos nativos se acostumam como coadjuvantes.