A primeira e nada amigável passagem de Solskjaer como treinador na Premier League

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Muitos podem não se recordar, mas Ole Gunnar Solskjaer teve uma passagem como técnico da Premier League há alguns anos, no comando do Cardiff City. Solskjaer atravessou inúmeros problemas treinando a recém-promovida equipe galesa, na temporada 2013/14.

Aposentadoria, Manchester United Reserves e Molde

Solskjaer sempre foi lembrado como um super substituto, um 12º jogador que muitas vezes entrava e decidia jogos difíceis para os Red Devils.

A grande lembrança dos torcedores é da decisão da Champions de 1999, quando substituiu Andy Cole e marcou o gol do título.

Dois minutos antes, Teddy Sherringham, outro jogador que veio do banco de reservas, havia marcado o gol de empate, também nos acréscimos.

Após 11 anos no clube, o norueguês se aposentou em 2007 por conta de problemas físicos, continuando no clube como embaixador. Se tornando treinador dos atacantes do Manchester United na temporada 2007/08, Solskjaer inicia sua jornada que o levaria em maio de 2008, a treinar a equipe reserva do clube.

Com a demisão de Åge Hareide da seleção da Noruega, o cargo fora oferecido a ele, que optou por não aceitar, afirmando não estar preparado ainda para tamanha responsabilidade.

Em novembro de 2010, aceita a proposta do Molde, clube norueguês para se tornar treinador efetivamente da equipe em janeiro de 2011 (vale lembrar que a temporada na Noruega é diferente da europeia, por ser anual) com o grande objetivo de conquistar o campeonato nacional.

(Foto: Ian MacNicol/Getty Images)

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No Molde, clube que o projetou para o futebol inglês, conquistou por duas vezes a Tippeligaen (2011 e 2012), além da Copa da Noruega em 2013. Em 2012, por pouco não assumiu o Aston Villa após a demissão do escocês Alex McLeish.

O retorno de Ole ao futebol inglês se deu em 2014, mas não da forma que ele provavelmente imaginava.

O desastroso Cardiff de Solskjaer

Malky Mackay era o treinador escocês responsável por colocar a equipe galesa pela primeira vez na Premier League, após o título da Championship na temporada 2012/13.

Apesar de tudo, Vincent Tan, proprietário do clube, fez diversas críticas sobre suas contratações, transferência no verão e sobretudo em relação a seus resultados e estilo de jogo, abaixo do esperado.

Em dezembro de 2013, Tan pediu a Mackay que se demitisse, o que veio a ocorrer quase no final do mesmo mês, após derrota em casa por 3 a 0 diante do Southampton.

Apesar de ocuparem a 16ª colocação, duas acima da zona de rebaixamento, apenas um ponto à frente do Fulham.

Mackay guiou a equipe do Cardiff ao título da Championship na temporada 2012/13. (Foto: Matthew Lewis/Getty Images)

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David Kerslake assumiu interinamente a equipe por duas rodadas, até a chegada de Solskjaer em janeiro de 2014. Na 20ª rodada os Bluebirds estavam na 17ª colocação, um ponto acima do Crystal Palace, primeira equipe da zona para a Championship.

Com apenas 4 vitórias na liga até então, o norueguês surgiu como uma possibilidade para que a equipe conseguisse se salvar da degola, porém, o potencial do treinador não foi mostrado nas rodadas seguintes da Premier League.

Foram três derrotas consecutivas (West Ham, Manchester United e Manchester City) e a primeira vitória só viria em março, diante do Fulham.

Além dela, só mais uma diante do Southampton na 36ª rodada, quando os Bluebirds eram lanternas com 30 pontos e necessitavam de um milagre improvável para permanecer na elite, o que não veio a ocorrer.

12 derrotas, 3 vitórias e 3 empates, esse foi o balanço da meia temporada de Solskjaer no Cardiff pela Premier League.

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Contrariando as expectativas, Vincent Tan o manteve no cargo. O Cardiff tinha bom elenco para jogar a Championship e era cotado como um dos candidatos ao retorno à elite do futebol inglês.

O time para a temporada seguinte se manteve quase inalterado para a segunda divisão, inclusive contando com a chegada do atacante austríaco Guido Burgstaller, grande esperança de gols (e que só faria três partidas pela Championship, antes de ser contratado pelo Nuremberg) e que até hoje é considerado uma das piores contratações da história do clube.

O início de Championship em 2014/15 parecia promissor até a terceira rodada, quando os Bluebirds venceram o Wigan. Depois disso, o time emplacou uma sequência de quatro jogos sem vitória, incluindo derrotas para Middlesbrough, Norwich e Wolverhampton, além de um empate diante do Fulham.

Na 14ª colocação e sem boas perspectivas para permanecer no clube, Ole foi demitido dos Bluebirds. Seu aproveitamento foi de 30%, com 9 vitórias, 5 empates e 16 derrotas em 9 meses no comando do clube.

Recomeço no Molde e consolidação no Manchester United

Após retornar ao Molde em 2015, mesmo sem conquistar nenhum título desde então, o norueguês recolocou a equipe na luta pelo título, da agora Eliteserien. Foram dois vice-campeonatos nas duas últimas temporadas.

Com a demissão de Mourinho e sua contratação como treinador interino até o final da temporada (com seu auxiliar Erling Moe assumindo o Molde), o norueguês recuperou a boa forma de jogadores importantes do Manchester United. Curiosamente, seu primeiro jogo ao retornar a Premier League foi diante do Cardiff City e Ole não decepcionou, goleando o ex-clube por 5 a 1.

Contra o PSG, mais uma remontada em uma competição europeia, dessa vez, como treinador (Foto: Julian Finney/Getty Images)

O animador recomeço do Manchester United sobre sua tutela mostram que efetivá-lo no clube seria uma decisão acertada.

Após o fiasco em Cardiff, Ole finalmente vive dias de sucesso em Manchester, tal qual nos tempos áureos de super substituto.

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Bruno Bezerra

Apaixonado por futebol inglês e feminino. Colaborador da Southampton Brasil.