O Manchester United protagonizou mais um vexame nessa Champions League. Conseguiu ficar na quarta e última colocação em um grupo que tinha Copenhague e Galatasaray. Fez a façanha de levar QUINZE gols em seis partidas. Teve quatro derrotas, um empate e uma única vitória. Não ficou nem com a vaga na Europa League.
Muitos apontarão o dedo, e com certeza dose de razão, para o técnico Erik Ten Hag. O treinador holandês não parece, nesse momento da temporada, ser capaz de fazer o time jogar. Uma equipe engessada, um futebol que não flui.
Outros culparão, também com certa dose de razão, os desfalques. Dez no total, entre eles Marcus Rashford, Anthony Martial, Mason Mount, Casemiro e Christian Eriksen.
Mais alguns tantos vão apontar o principal motivo, de novo com certa dose de razão, no fato dos jogadores não estarem rendendo o que se espera deles.
A família Glazer conseguiu afundar um dos principais clubes do mundo. Não há planejamento, padrão nas contratações, visão de futuro. Os treinadores, os jogadores, os funcionários… todos sentem isso no dia a dia. O clima não é bom, e isso afeta tudo. David Moyes, Louis Van Gaal, José Mourinho, Ole Gunnar Solskjaer, Ralf Rangnick e agora Ten Hag. Técnicos de diferentes estilos, alguns extremamente vencedores, outros apenas apostas. Mas todos foram engolidos pelo buraco negro que virou o Manchester United.
O mesmo vale para os jogadores. Pogba, Di Maria, Lukaku, Mata, e até mesmo Rashford. Existe um padrão: todos têm momentos de brilho, seguidos por péssimas fases. Ninguém consegue se firmar.
Existe também a lista de caras que chegam por muito dinheiro, e não mostram absolutamente nada. Casos atuais de Antony e Sancho. Alguém acredita que os Red Devils têm investido bem seu dinheiro?
O Manchester United parou no tempo. A visão de futebol parece ainda ser a mesma de 2005, quando os Glazers assumiram definitivamente o comando do clube. E são vários indícios disso.
— Manchester United (@ManUtd) December 12, 2023
United: ultrapassado em comparação aos rivais
Começando pelo Old Trafford, um dos estádios mais tradicionais, imponentes, importantes e icônicos do futebol mundial. Mas quem frequenta o Teatro dos Sonhos sabe que ele também parou no tempo. Acessos antiquados, arquibancadas e cadeiras antigas, corredores gelados e escuros. Enquanto Manchester City, Arsenal e Tottenham construíram novas arenas e o Liverpool aumentou a capacidade e renovou o Anfield, o Manchester United parece fazer apenas o suficiente para manter o Old Trafford de pé.
Nada contra estádios antigos e tradicionais, muito pelo contrário. Mas estes precisam de uma boa manutenção de tempos em tempos. A zona mista do Old Trafford, por exemplo, é das piores da Inglaterra. Debaixo de uma das arquibancadas, sem nenhuma iluminação e um local extremamente frio.
Aliás, a maneira como o clube lida com os jornalistas é igualmente ultrapassada. E aqui, a comparação com o City é inevitável. Enquanto os azuis de Manchester fazem de tudo para divulgar a marca, abrir as portas de seu estádio e Centro de Treinamento para o mundo ver, e até organizam campanhas e eventos com as estrelas do time principal, os Red Devils ainda têm aquela postura de “nós contra eles”, de se fecharem para o mundo externo e até dificultarem o trabalho dos repórteres que cobrem o clube.
O pós-jogo é um bom exemplo. Existe, pelo menos geralmente, uma preocupação dos assessores do City em trazer jogadores que se destacaram na partida, ou brasileiros, por exemplo, para falarem com os jornalistas brasileiros. Já no United, havia até recentemente a brincadeira entre os jornalistas: “quem vai falar com o Phil Jones hoje?”. O zagueiro, que não gerava interesse de nenhum dos detentores de direito (a não ser dos ingleses), quase sempre era o escolhido pelos assessores do clube.
O Centro de Treinamentos? Há quase dois anos foi anunciada a intenção de uma boa reforma. Até o momento, apenas pequenas modificações. Quem visitou recentemente os CT’s de Tottenham e Manchester City, só para ficar nos exemplos mais óbvios, sabe que já há uma enorme diferença de estrutura.
Existe a expectativa de que, em um futuro próximo, os Glazers irão finalmente começar a vender o Manchester United. É o que 100% dos torcedores do clube esperam. O bilionário Sir Jim Ratcliffe está pronto para assumir o comando do clube, mesmo sendo ainda um sócio minoritário. Começará então um longo e difícil trabalho de recuperar as duas décadas perdidas.