Pape Sarr assinou um novo contrato com o Tottenham, válido até 2030. Aos 21 anos, o meia de Senegal é um dos destaques da equipe nessa temporada. É o motorzinho do meio-campo. Seu estilo se encaixou perfeitamente com a ideia de jogo de Ange Postecoglu: rápido, com qualidade no passe e na finalização, bom marcador. Parece que está em todos os cantos do campo. O jovem de 21 anos foi titular em 16 das 20 rodadas da Premier League. Tem dois gols e duas assistências.
Um cenário completamente diferente da temporada passada. Sarr participou de apenas 17 das 50 partidas do Tottenham, juntando todas as competições. Titular em somente seis delas. E ainda mais impressionante: esteve em campo em apenas dois jogos inteiros. Isso em uma temporada terrível para o clube.
Eliminado nas oitavas de final da Champions League, e apenas o oitavo colocado na Premier League. Detalhe: das 17 participações, foram apenas 12 com Antonio Conte. Ele ganhou mais duas chances com Cristian Stellini, o interino que acabou demitido depois daquela fatídica goleada de 6 a 1 sofrida contra o Newcastle.
Aliás, o senegalês foi titular naquela partida, substituído aos 23 minutos do primeiro tempo, com o placar já em 5 a 0. Sarr ganharia mais 3 oportunidades com Ryan Mason no comando.
Na atual temporada, Sarr tem Yves Bissouma como principal companheiro no setor. O volante de Mali também virou titular absoluto, desbancando o dinamarquês Pierre Hojbjerg, que até então parecia intocável no meio-campo.
Outro que tem mostrado um domínio impressionante do setor, tanto na parte ofensiva quanto na defensiva (só precisa parar de ser expulso).
Mais um que era praticamente ignorado por Antonio Conte.
Contratado por 25 milhões de libras junto ao Brighton na temporada passada, foi titular em apenas 8 jogos enquanto o treinador italiano estava no comando. Segundo Conte, Bissouma estava tendo muita dificuldade em cumprir as funções táticas que eram esperadas dele.
Mais um grande destaque da atual temporada do Tottenham? Destiny Udogie. Trata-se de um dos melhores laterais esquerdos da Premier League. Outro que já se transformou em um jogador completo: apoia muito bem e é peça fundamental na defesa do Tottenham. Como o time joga sempre com as linhas muito altas, é impressionante a quantidade de coberturas que ele faz.
Recentemente foi convocado pela primeira vez para a seleção italiana. No início de dezembro, o Tottenham já havia estendido o vínculo com ele. E lembram-se o que aconteceu com Udogie no ano passado?
O Tottenham o comprou da Udinese, mas o emprestou para a mesma Udinese. Durante a temporada, Conte explicou que ele ainda era muito jovem, não estava pronto para a Premier League, por isso precisava de mais tempo de jogo em outro clube. Gente, isso em uma temporada em que a melhor opção para a função era o Ben Davies!
E já que o Conte é tão apaixonado pelos três zagueiros, foi o Perisic quem acabou cumprindo o papel de ala esquerdo na maior parte do tempo.
Como pôde ele ter passado uma temporada inteira reclamando da qualidade do elenco, falta de opções, ou até mesmo do tal “espírito de vencedor” da equipe, enquanto três caras como esses eram praticamente ignorados?
Imagina se ele tivesse permanecido no clube por mais uma ou duas temporadas? Provavelmente o Tottenham teria se desfeito dos três e ido ao mercado. E claro, teria rasgado muito dinheiro. Sarr, por exemplo, quase foi emprestado para a SALERNITANA. O negócio só não se concretizou porque Rodrigo Bentancour se machucou. Como não existiam muitas opções no meio, Conte preferiu segurar o meia senegalês.
Tenho dito/escrito há tempos que nunca na história do esporte a função de treinador foi tão importante. O futebol de hoje é muito mais coletivo do que o de décadas atrás. Na Premier League, o nível de excelência chegou a um ponto absurdo. Os times da elite são extremamente bem treinados.
Em campo, os jogadores sabem exatamente o que devem fazer na marcação, na pressão da saída de bola adversaria, na construção da jogada vindo lá de trás, a partir do goleiro. Cada detalhe, cada movimentação, ultrapassagem… tudo é explicado e treinado à exaustão.
Para chegar nesse nível, é preciso estar atualizado, modernizado, atento aos movimentos dentro e fora do futebol inglês, tendências, novos perfis de jogadores. Não há mais espaço para a teimosia de Antonio Conte.
O Tottenham pode até não ganhar nenhuma taça nessa temporada (aliás, é muito provável que isso aconteça), mas o cenário com Ange Postecoglu já é infinitamente melhor. E não estou falando somente do estilo de jogo, muito mais bonito e gostoso de assistir. Mas agora há um rumo. Um plano. Jogadores que chegaram, e continuam chegando, que vão poder defender o clube por muitos anos. Prova disso são as renovações de Sarr e Udogie.
Um padrão de jogo moderno, bem estabelecido, que servirá de modelo para o futuro. E é assim que o futebol atual funciona.
Aí eles saem, e o que sobra é terra arrasada. No caso do Tottenham, pior ainda, já que essas taças sequer vieram. Talvez por tudo isso, Conte segue sem emprego. E duvido que algum grande clube da Premier League volte a correr atrás do treinador Italiano.