Vitórias convincentes de Arsenal (apesar de um pequeno sufoco no fim) e Manchester City. E parece que a briga pelo título da última Premier League pode realmente se repetir. Ange Postecoglou colocando em campo um Tottenham com nova filosofia, com muita posse de bola, mas com a mesma fraqueza defensiva do final da temporada passada. Newcastle voando, times de Liverpool patinando. Seguem meus destaques desta primeira rodada da Premier League:
A surpresa positiva da primeira rodada da Premier League
Definição de surpresa: fato inesperado ou repentino. Logo de cara, a escalação escolhida por Mauricio Pochettino no primeiro jogo de Premier League sob o comando do Chelsea foi bem longe do que eu esperava.
E quando um time cheio de jovens jogadores (Disasi, Colwill, Chukwuemeka, Nicolas Jackson, etc.), com pouca ou nenhuma experiência de Premier League, domina o poderoso Liverpool, impossível não achar que esse fato é muito repentino. E sim, a partida acabou empatada. Mas o Chelsea teve 64,1% de posse de bola. Os 35,1% dos Reds são a quarta porcentagem mais baixa na Premier League desde a chegada de Jurgen Klopp, em 2015.
O esquema que dá liberdade para Ben Chilwell e Reece James atacarem sem parar pelos seus respectivos lados funcionou muito bem. Na falta de um volante de ofício, Conor Gallagher cumpriu a função. Nicolas Jackson não marcou, mas mostrou força física e personalidade. Disasi teve ótima estreia, sólido na defesa e marcando o gol do time londrino.
Pochettino tem a difícil tarefa de montar um time em meio a uma quantidade absurda de chegadas e saídas. Jogadores que mal se conhecem! Mas, levando em consideração apenas a primeira rodada, parece que o treinador argentino aproveitou cada segundo da pré-temporada.
Enzo jogou de terno
Não gosta de usar essas expressões batidas que estão presentes em quase todos os posts de redes sociais, mas o “jogar de terno” define perfeitamente a atuação de Enzo Fernandez. Como jogou bola o argentino! Desarmou com maestria e distribuiu passes e lançamentos.
Deu incríveis 117 toques na bola. Completou 83 dos 90 passes (90%). Destes, 17 foram no último terço do campo. Criou duas oportunidades claras de gol. E ainda completou todos os dribles que tentou. Isso sem falar na autoridade física. Dominou o meio-campo!
Aos 22 anos, o meia argentino já atua como um líder do time. Com certeza crescerá ainda mais sob o comando de Mauricio Pochettino.
Duas excelentes estreias
James Maddison chegou para ser o cara das assistências no Tottenham. E, logo de cara, já deu duas. Não fosse pelas atuações discretas/ruins dos 3 atacantes (Son, Kulusevski e Richarlison), esse número poderia ser ainda maior.
Mas não é só por isso que ele merece destaque (até porque o segundo gol foi muito mais mérito de Emerson Royal do que do passe meio sem querer do meia inglês). Maddison participou o tempo todo da partida, tanto no ataque quanto na defesa. E no final, virou até o capitão do time depois da saída do Son.
Já Sandro Tonali precisou de apenas cinco minutos para marcar o primeiro gol com a camisa do Newcastle. O meia de 23 anos, comprado junto ao Milan por £53 milhões, foi substituído aos 44 minutos do segundo tempo, quando os Magpies já haviam construído o brilhante placar de 5 a 1 sobre o Aston Villa. E a torcida, já encantada com o reforço, cantou: “Sandro Tonali, ele bebe Moretti (cerveja italiana), come spaghetti e odeia o Sunderland (principal rival do Newcastle).
Força ofensiva assustadora

Alexander Isak e Callum Wilson. Que time do mundo tem duas opções de camisa 9 tão boas? Na briga para ver quem será titular, o atacante sueco saiu na frente. E, em 58 minutos, Isak já tinha marcado dois gols. Chega a 12 gols em 23 jogos de Premier League. Aos 23 minutos do segundo tempo, ele saiu para a entrada de Wilson. E o jogador inglês foi e deixou o dele também.
Aliás, Harvey Barnes também deixou o banco e marcou um gol e deu uma assistência. Ele entrou no lugar de Anthony Gordon, que já tinha dado um passe para gol. Que ataque! E olha que nem falamos de volantes e meias que costumam ajudar muito na parte ofensiva, como Bruno Guimarães e Joelinton.
Esse time comandado por Eddie Howie vai dar ainda mais trabalho nessa temporada…
Máquina Haaland
Erling Haaland fez dois logo na primeira rodada e chegou à impressionante marca de 38 gols em 36 partidas de Premier League.
Máquina com problemas
Kevin de Bruyne é a máquina de assistências preferida de Haaland. Mas, aos 32 anos, dá sinais de que o corpo está sentindo o ritmo de jogos. Saiu machucado logo aos 22 minutos. Só em 2023, o craque belga já teve quatro lesões. A mais séria o tirou de combate por 65 dias. O Manchester City precisa dele para manter o nível absurdo que atingiu na segunda metade da temporada passada.
Preocupante

Depois de uma temporada muito ruim, espera-se que o Liverpool volte logo aos tempos áureos da era Jurgen Klopp. Qualidade e investimento para isso, não faltam. Quando Salah deu uma linda assistência para para Luis Diaz abrir o placar no Stamford Bridge, parecia que o retorno à boa fase já estava acontecendo. Ainda mais porque a jogada toda foi bonita, passando por diversos jogadores.
Só que os Reds mostraram alguns problemas que já aconteceram no passado. Um meio-campo com qualidade, mas com dificuldade para ter o controle do jogo, principalmente pela falta de um grande volante. MacAllister fez e pode seguir fazendo a função, mas não é seu habitat natural. Talvez por isso a tentativa fracassada de gastar mais de £100 milhões em Moises Caicedo.
A sólida defesa de outros tempos também mostrou um pouco da instabilidade da temporada passada. E no ataque, Mohamed Salah foi o único que jogou bem durante quase todo o tempo que esteve em campo. E, quando foi substituído aos 32 minutos do segundo tempo, não fez questão nenhuma de esconder a insatisfação.
Candidatos ao rebaixamento?

Primeira rodada da Premier League não há como tirar conclusões. Mas o Everton parece seguir esperando por um Dominic Calvert-Lewin em forma e longe de lesões, algo que não aconteceu nas duas últimas temporadas. Sem ele, Maupay vira o homem mais avançado. O atacante francês tem apenas um gol em 30 partidas pelo clube. Jack Harrison chegou por empréstimo do Leeds para tentar resolver o problema, mas é difícil acreditar que possa ser a solução.
Os times de Sean Dyche já são defensivos por natureza. Sem grandes peças no ataque, será tentar o 1 a 0 rodada após rodada e somar os pontinhos necessários para fugir do rebaixamento. E não vou nem falar do Ashley Young, 38 anos, como a opção escolhida para a ala esquerda…
O Everton nunca foi rebaixado na Premier League (última vez que caiu para a segunda divisão foi no antigo formato do Campeonato Inglês, em 1950/51), mas a atual diretoria parece se esforçar para que isso aconteça pela primeira vez.
“Minha maior preocupação é conseguir contratar os jogadores que precisamos”.
Palavras de um preocupado Paul Heckingbottom, técnico do Sheffield United. O time perdeu dois dos principais jogadores na campanha que garantiu o retorno à Premier League: Iliman Ndiaye foi para o Olympique de Marselha e Sander Berge se transferiu para o Burnley.
Apenas seis dos jogadores que começaram a partida contra o Crystal Palace (derrota por 1 a 0, em casa) estavam em campo no último jogo da temporada passada. Não há certeza de que mais gente de qualidade irá chegar.