O conselho administrativo do Manchester United pode ter uma importante decisão para tomar nesta quinta-feira. A proposta de compra de 25% do clube feita pelo bilionário Sir Jim Ratcliffe pode ser colocada em votação.
São 12 pessoas no conselho: os seis irmãos Glazer, três funcionários (o chefe-executivo Richard Arnold, o chefe-financeiro Cliff Batty e o conselheiro legal Patrick Stewart), e três diretores independentes (Robert Leitao, Manu Sawhney e John Hooks).
Esses três últimos são os representantes dos acionistas minoritários (lembrando que a família Glazer possui 69% dos papéis). Caso a proposta seja aceita, Ratcliffe passa a ser o indivíduo com a maior porcentagem do Manchester United. Hoje, Joel Glazer é o maior acionista, com 19%.
No sábado, o Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani, do Catar, retirou a proposta que havia feito pela compra integral do Manchester United. Havia sido informado que os Glazers preferiram a oferta fracionada de Ratcliffe. Os relatos são de que o Sheikh estava disposto a pagar 6 bilhões de libras,
quase 40 bilhões de reais. Assumiria também todas as dívidas da instituição. Para muitos, uma proposta irrecusável. Não para a gananciosa família Glazer.
O mercado não parece ter recebido muito bem a notícia: até a noite desta terça-feira, as ações do Manchester United já haviam se desvalorizado em 10%. Mais: em fevereiro, quando o bilionário do Catar confirmou o envio da proposta, os papéis chegaram ao valor de 27 dólares. Hoje, o preço é de pouco menos de 17 dólares, queda de impressionantes 37%.
São dois os principais motivos que fizeram o Sheikh Jassim ser o favorito. Primeiro: os investidores (menos os Glazers), queriam o dinheiro aparentemente interminável do Catar. A promessa era de uma revitalização completa do clube. Time, estádio, vizinhança, centro de treinamento. Tudo. A segunda razão é que todos gostariam que o Manchester United fosse 100% vendido, já que não é segredo para ninguém que desde que a família Glazer assumiu o comando, em 2006, o gigante foi, gradualmente, ficando menor.
Ninguém aguenta mais os empresários americanos. E esqueçam as razões ideológicas contra um país que mais uma vez iria investir em um clube inglês para melhorar a sua imagem diante do mundo. A maioria dos torcedores do Manchester United queria o Sheikh. Ponto final.
O plano inicial de Ratcliffe também era outro: comprar os 69% de ações sob posse dos Glazers. Depois, tentou 51%, suficiente para ter a maioria dos papéis do clube. A oferta de 25% acabou sendo a única maneira de entrar no jogo. O primeiro passo, com a intenção de no futuro próximo adquirir mais papéis. Informações dão conta de que o segundo homem mais rico do Reino Unido irá pagar 1,4 bilhão de libras, mais de 85 bilhões de reais, por esse 25%.
Mas, ainda são muitas perguntas sem resposta. Ratcliffe, engenheiro químico, CEO da Ineos e dono de uma fortuna avaliada em mais de 21 bilhões de libras, quer controle total sobre a parte esportiva do clube. Quem fica, quem sai, qual o treinador ideal.
Neste primeiro momento, os Glazers ficariam responsáveis pela parte de marketing. Será que eles aceitam essas premissas? E os acionistas minoritários votarão a favor? A expectativa é de que a proposta seja aceita (senão nem seria discutida para ser levada a votação), mas ninguém coloca a mão no fogo.
A verdade é: não importa o resultado da votação, o clube mais poderoso da Inglaterra, mais uma vez, sairá perdendo.
Onze meses atrás, quando os Glazers anunciaram a “revisão estratégica” do Manchester United, que incluía a possibilidade de venda, todos os torcedores ficaram entusiasmados. Imaginaram que finalmente estariam livres de uma família desunida, gananciosa, que já fez tanto mal ao clube.
Mas, eles irão continuar em Old Trafford. Talvez com menos poder. Só que, juntos, ainda irão possuir a maioria das ações do clube. O clima de incerteza, indefinição, dúvidas sobre o futuro, permanece. Alguém tem dúvida de que isso afeta o desempenho do time dentro de campo?