Senise: Qual o grande pecado de Gabriel Jesus, que tem Guardiola e Henry como fãs? 

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Gabriel Jesus é o melhor jogador da Champions League. A afirmação não é minha, nem de qualquer outro jornalista, comentarista ou influencer. Quem diz isso é o algoritmo da Uefa, que analisa o desempenho dos atletas em todas as partidas. O atacante brasileiro aparece com 127 pontos. Em segundo, vem Erling Haaland, com 118. Jude Bellingham é o terceiro, com 113.

Gabriel Jesus decidiu uma partida importantíssima para o Arsenal essa terceira rodada. Poucos atacantes do mundo têm recurso para repetir o que ele fez no gol do Gabriel Martinelli: o domínio, o giro de calcanhar que matou a defesa, a enfiada de bola precisa.

O mesmo vale para o gol que ele mesmo marcou. Pegou a bola em um ponto morto do campo, foi ganhando espaço, tirou o zagueiro e, quase sem muito ângulo, acertou uma finalização perfeita.

Jesus chegou a três gols na competição, dividindo a artilharia com outros seis jogadores. Tem também uma assistência. Aliás, os números do atleta de 26 anos no maior torneio de clubes do planeta são excelentes: 23 gols e seis assistências em 41 partidas.

Nada disso é suficiente para silenciar as cornetas vindas do Brasil.

Aposto que, ao ler a primeira frase do texto, muita gente já torceu o nariz, xingou ou simplesmente abandonou a coluna. Toda vez que elogio o Gabriel nas redes sociais, na televisão ou qualquer outro lugar, fico impressionado com a quantidade de respostas negativas. Os xingamentos, demonstrações de raiva e até desrespeito com um cara que só quer ser feliz no futebol.

Qual o grande pecado de Gabriel Jesus? Não ter feito gol nas Copas de 2018 e 2022? Alguém acha que ele está feliz com isso? É essa parte que eu não consigo entender. Falando como torcedor: nunca xinguei um jogador do meu time que demonstra vontade, raça, se importar com a
camisa que veste.

E isso o Gabriel faz o tempo todo, desde que surgiu no Palmeiras. Sempre foi um menino esforçado, humilde, discreto. Não vai para baladas, não se envolve em polêmicas, não falta em treinos.

Quando ainda era do Manchester City, cansei de perguntar para o Pep Guardiola sobre ele. E não importa se a fase era boa ou ruim, a resposta do principal técnico do mundo era sempre enaltecendo o profissionalismo e a dedicação do jogador.

Ao final da partida desta terça-feira, comentado em uma rede de televisão, Thierry Henry declarou que amaria ter jogado ao lado de Gabriel Jesus, que segundo ele, é um atacante que faz tudo.

Falando sobre o baixo número de gols na temporada (apesar de ter feito três em três rodadas da Liga dos Campeões, marcou apenas um em sete jogos da Premier League), um dos maiores ídolos da história do Arsenal (aliás, para muitos o maior) disse: “Ele será o melhor artilheiro da história do futebol? Todos sabemos que não, mas o que ele oferece e o que faz pela equipe não fica atrás de nenhum outro.”

Ou seja, Henry basicamente repetiu os elogios que Tite sempre fez quando era o treinador da seleção, mas que virou motivo de chacota depois do Mundial de 2018.

Gabriel Jesus está jogando em alto nível na Premier League, o campeonato mais difícil do mundo, há sete temporadas. Aliás, conquistou o título quatro vezes pelo Manchester City. Mais uma Copa da Inglaterra e quatro Copas da Liga Inglesa. Na Champions League, já é o sexto maior artilheiro brasileiro, atrás apenas de lendas como Neymar, Rivaldo e Kaká. No Campeonato Inglês, é o segundo com 39 gols. Só Roberto Firmino fez mais.

Seguindo a fala de Henry: não, Jesus não é o melhor atacante do mundo. Não tem a mesma qualidade de lendas da seleção como Romário e Ronaldo. Mas ele não tem culpa. A verdade é que, há anos, é sim a melhor opção de camisa 9 que temos. Por mais que o torcedor brasileiro não aceite…

Os melhores jogadores dessa Champions League de acordo com o algoritmo da Uefa:

  1. Gabriel Jesus (Arsenal) – 127 pontos
  2. Erling Haaland (Man. City) – 118
  3. Jude Bellingham (Real Madrid) – 113
  4. Brais Méndez (Real Sociedad) – 112
  5. Julián Álvarez (Man. City) – 110
  6. Kylian Mbappé (PSG) – 97
  7. Álvaro Morata (Atl. de Madrid) – 96
  8. Wenderson Galeno (Porto) – 95
  9. João Félix (Barcelona) – 93
  10. Harry Kane (Bayern de Munique) – 90
Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.