“Por que o Mundial de clubes importa para o Guardiola?”. Essa era a manchete no renomado “The Athletic” logo após a vitória de 3 a 0 do time inglês sobre o Urawa Reds, garantindo vaga na final da competição.
“No Reino Unido, o Mundial de clubes vale muito pouco”, completa Sam Lee, jornalista que escreveu o artigo.
“O Mundial de clubes vai ajudar o Manchester City a consertar o que está quebrado?”, título usado pela “ESPN UK”. No texto, destaque para os 34 pontos conquistados em 17 rodadas de Premier League, pior pontuação do clube desde a chegada de Pep Guardiola.
Pouco se falou do Mundial em si. A expectativa é de que a competição sirva para o time inglês recuperar a boa forma.
Apenas um exemplo de como os ingleses não dão a mínima para o Mundial de clubes.
E isso não é novidade. Antes da final do ano passado entre Chelsea e Palmeiras, falei com torcedores dos Blues, e eles sequer lembravam que o clube já havia disputado uma decisão com outro time brasileiro (Corinthians) e perdido.
Aliás, conversei também com torcedores do Liverpool quando os Reds pegaram o Flamengo na final de 2019. Eles não sabiam o nome de nenhum jogador do clube carioca.
E um dos torcedores do Liverpool fez o ranking de importância das competições:
- Champions League
- Premier League
- Copa da Inglaterra
- Copa da Liga Inglesa (!)
- Mundial de clubes
- Community Shield
E aqui, faço uma pequena observação.
Não só pelo Mundial, mas principalmente pelo futebol brasileiro.
Eu sofri para encontrar um torcedor do Liverpool que conhecesse o Zico (!)
Por isso, também me irrito com os brasileiros que colocam o Mundial como o título mais importante de todos. Não é. Não podemos dar tanto valor para algo que os outros não estão nem aí. Ganhar a Libertadores é muito mais significativo. O Brasileirão também.
O cenário ainda piorou nesta quarta-feira. O “The Telegraph” publicou um artigo com o título: “Para conquistar o Mundial de clubes, o Manchester City precisa vencer uma escalação que parece mais de um time do Soccer Aid (torneio beneficente disputado por ex-jogadores). O texto enfatiza que o Fluminense conta com sete veteranos.
Além disso, o jornalista Sam Wallace, autor da obra-prima, ressalta que o Flu foi apenas o sétimo colocado no Campeonato Brasileiro, sem em nenhum momento explicar que o técnico Fernando Diniz priorizou a Libertadores, escalando o time reserva diversas vezes no torneio nacional. Ou seja, eles não ligam para o Mundial, não dão a mínima para o futebol brasileiro, e quando resolver escrever sobre, não fazem sequer uma pesquisa bem-feita.
Mas, tamanho desdém, é claro, é bom para o Fluminense. Não acho que os jogadores do City entrarão em campo relaxados, como se estivessem brincando. Só que também não acredito que eles vão se preparar e encarar a decisão como se fosse o jogo mais importante da vida deles. E isso pode sim fazer a diferença.
O problema para os brasileiros é ele. Pep Guardiola e sua insaciável fome de taças. O treinador espanhol, que já levantou inacreditáveis 52 troféus em 12 anos de carreira, declarou que ganhar a competição na Arábia Saudita significa “completar o círculo”, já que se trata da única conquista que ainda não teve com o Manchester City.
Mas há bons motivos para acreditar. Haaland, Doku e De Bruyne não vão jogar. Além disso, a fase atual do City está longe de ser a melhor sob o comando de Guardiola. Uma vitória, quatro empates e uma derrota nas últimas seis rodadas do Campeonato Inglês.
O time caiu da liderança para a quarta colocação. Conversando com um amigo, torcedor do City, ele disse que ainda não sabe se vai ver a partida. Provavelmente estará na estrada, indo de Londres a Manchester para passar o Natal com a família. Pois eu assistirei. Torcerei para o Fluminense. Quero que os brasileiros deem uma lição nos ingleses. Por mais que eles não liguem para isso…