Senise: Se o Arsenal quer o título, precisa acabar com jejum e freguesia para o Manchester City

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Não é exagero nenhum dizer que a Premier League passada foi decidida nos confrontos diretos entre Manchester City e Arsenal. Não só porque os seis pontos ganhos contra o rival garantiram a diferença final na classificação (o City acabou cinco pontos na frente dos Gunners), mas também porque, principalmente no segundo confronto, a derrota desestabilizou de vez os comandados de Mikel Arteta.

O time de Pep Guardiola atropelou, fazendo 4 a 1 no Etihad Stadium, na 33ª rodada. Com a vitória em abril, já no momento decisivo da competição, o City ficou apenas dois pontos atrás na briga pelo título, mas com dois jogos a menos. Depois disso, o Arsenal perdeu dois dos cinco jogos que restavam e disse adeus à taça.

Claro que o confronto deste domingo é diferente. Ainda é o começo do torneio, tem muita coisa para acontecer. Só que o Arsenal já aprendeu (assim como o Liverpool já tinha aprendido nas temporadas anteriores) que qualquer pontinho perdido contra esse time é fatal. Ainda mais se levarmos em consideração a tabela de classificação.

Na temporada passada, o Arsenal tinha 18 pontos depois de sete rodadas. O Manchester City vinha logo atrás, com 17. Agora, é exatamente o contrário. Ou seja, derrota em casa, significa que o time de Londres já ficará com quatro pontos de desvantagem. E com o duelo do segundo turno acontecendo em Manchester. Já seria sim um cenário bem desconfortável.

Ainda mais desagradável para o Arsenal é o jejum: não vence o Manchester City na Premier League desde dezembro de 2015. Perdeu os últimos 12 confrontos pelo Campeonato Inglês. Alguns, com direito a vexame, como o 5 a 0 em agosto de 2021 e aquele 3 a 0 em junho de 2020, com atuação desastrosa de David Luiz. Era o retorno depois de longa paralisação por causa da pandemia de Covid-19, e talvez tenha sido o momento em que Arteta mais balançou no cargo.

Dos cinco jogadores que marcaram ou participaram de um gol na última vitória dos Gunners, 2 a 1 no Emirates Stadium quatro dias antes do Natal de 2015, apenas Olivier Giroud, agora com 37 anos, ainda joga futebol. Arsene Wenger estava no comando.

Arsenal e City nunca foram tão parelhos

Agora, é inegável que os times nunca foram tão parelhos. O Arsenal, que já complicou a vida do City na temporada passada, trouxe quatro bons reforços. Declan Rice, Kai Havertz, Jurrien Timber e David Raya. Verdade que um se machucou (Timber) e outro ainda não vingou (Havertz), mas o impacto que Rice já tem na equipe e até o recém-chegado Raya (as defesas no clássico contra o Tottenham são prova disso) não pode ser desprezado.

Algo inesperado há duas temporadas já virou realidade: o Manchester City vê sim o Arsenal como um adversário direto na briga pelo título. Prova disso é a mudança de postura em relação a um ano atrás. O clube londrino contratou Zinchenko e Gabriel Jesus sem muito esforço da diretoria de Manchester em segurá-los.

Já na última janela de transferências, Edu Gaspar tentou abrir conversas para levar João Cancelo. Dessa vez, o City não quis nem saber de papo, se recusando a mais uma vez fortalecer o elenco do Arsenal, mesmo com o lateral português não fazendo parte dos planos de Guardiola.  

E assim os dois clubes chegam para um importantíssimo duelo neste domingo. Para mim, muito mais decisivo para o Arsenal do que para o Manchester City. E por mais que o City tenha tido um início perfeito até a derrota na última rodada para o Wolves, também não dá para ignorar o fato de que Rodri (suspenso) e Kevin de Bruyne (lesionado), dois pilares da equipe, não poderão jogar. Não por coincidência, o time vive o primeiro momento mais instável na temporada, com duas derrotas nos três últimos jogos em todas as competições. O Arsenal PRECISA aproveitar essa chance.

Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.