Gonzalo Higuaín desembarcou em Stamford Bridge para repetir uma parceria com Maurizio Sarri que deu muito certo no Napoli.
Sob o comando de Sarri, o argentino viveu a melhor temporada de sua carreira (38 gols em 42 jogos, na temporada 2015-16) e foi artilheiro da Serie A.
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Se considerarmos que Higuaín foi muito contestado ao longo de sua carreira, seja no Real Madrid, Juventus, Milan ou por não ser tão decisivo com a camisa da seleção argentina, não há como não pensar que Sarri encontrou uma forma de potencializar o futebol do centroavante em uma equipe que prezava pelo bom desempenho.
Assim como no Napoli, Sarri repete o 4-3-3 fixo como módulo de jogo. Pelo time-base da temporada, podemos imaginar a seguinte equipe titular com Gonzalo Higuaín como centroavante:
Uma das dificuldades do
Chelsea na temporada é o fato de sofrer com Morata e Giroud não correspondendo como centroavantes. Assim, Sarri improvisou Eden Hazard como falso nove em algumas partidas, tendo um estopim negativo no clássico contra o
Arsenal, com uma das piores atuações do belga pelo clube.
Após a derrota, Sarri promoveu a volta de Giroud como titular, dando mais liberdade para Eden atuar pelo lado esquerdo do ataque.
Não só pelo gol, mas Hazard fez uma boa apresentação na classificação sobre o
Tottenham na semifinal da
Carabao Cup. Mas ainda faltava um nove.
Em 2016, Sarri tinha dois jogadores essenciais para o seu
Napoli render: Marek Hamsik e Robeto Insigne. Claro, também havia Jorginho e Higuaín, mas explicarei porque destaquei os dois jogadores em particular.
Hamsik era o condutor da equipe no meio-campo, era quem liderava o setor na transição meio-ataque. Era quem criava espaço para seus companheiros ao conduzir a bola no campo ofensivo e buscava aproximação com Insigne e Higuaín. Mas como isso pode ajudar Higuaín a render bem com a camisa do
Chelsea?
No atual time, Sarri conta com um bom jogador de condução e transição:
Mateo Kovacic. O croata passa longe de ser um meia agressivo ou uma ameaça nos remates de média/longa distância, mas contribui com um bom posicionamento e na transição, com boas atuações quando buscou a aproximação de Hazard pela esquerda.
Porém, no
Chelsea de Sarri, não podemos esquecer que Jorginho é a referência de criação e um ponto-chave de distribuição, estando quase sempre na base da jogada.
A capacidade do ítalo-brasileiro de quebrar as linhas de marcação do adversário é a pedra fundamental do estilo de jogo do técnico italiano.
Claro que
Hamsik tinha a força física ao seu favor, mas o croata já mostrou que pode ser importante. Caso Sarri queira um jogador mais agressivo como o eslovaco, Ross Barkley pode ser a resposta até pela alternativa de finalização que o inglês gera, mas o momento irregular após um bom início de temporada pode acabar pesando contra.
Podemos imaginar Kovacic ou Barkley realizando essa função, já que Kanté é muito mais como uma reprodução do que Allan rendeu sob o comando do italiano, do que propriamente ser o líder do setor.
Com um
bom posicionamento, Higuaín pode aproveitar os lançamentos de Jorginho e David Luiz, que tem sido armas importantes na temporada.
Higuaín ainda pode contribuir com
movimentos de ruptura entre os zagueiros, algo que realizou bem com a camisa do
Napoli. Em uma equipe que consegue ser forte tanto em um jogo propositivo desde a sua defesa, quanto em lançamentos em profundidade, pode até gerar mais espaços para Pedro e principalmente Hazard pelos lados.
Eden Hazard também pode formar uma boa dupla com Pipita, principalmente por já ter vivido bons momentos com Giroud em triangulações que o belga ficava em ótima situação de finalizar.
Ao
atrair a marcação, Higuaín pode gerar mais espaços para os companheiros em situações de pivô com apenas um toque.
É claro que lembramos de sua capacidade de finalização apurada, mas sua contribuição pode ser ainda maior. Imaginar Hazard, Pedro e até mesmo Kanté aproveitando esses espaços gerados pela referência do camisa 9 atrair a marcação pelo corredor central, não é difícil.
Higuaín pode oferecer um upgrade tático ao
Chelsea de Sarri pela sua presença de área e bom posicionamento e jogo sem-bola fora dela. Com Morata, até por ser um jogador que não é propriamente um centroavante fixo, não havia agressividade, tampouco presença de área, tornando a posse de bola improdutiva e previsível.
Não podemos esquecer que Higuaín era aclamado como o principal jogador da
Serie A na primeira metade da temporada 2015-16. Caso ainda haja a possibilidade de dizer que foi um momento que ficou no passado, sua contribuição sem bola foi fundamental também para a Juventus exatamente contra uma equipe inglesa na última temporada.
Contra o forte
Tottenham de Mauricio Pochettino em Wembley, na fase de oitavas de final da
UCL 2017-18, Higuaín mostrou sua qualidade dentro e fora da área, ao marcar o gol de empate após desvio de Khedira e, no lance do gol da virada e consequente classificação, fazer o pivô e assistência para Dybala invadir a área livre e marcar.
O detalhe foi o fato de Higuaín conseguir o passe desde a altura do círculo central, atraindo toda a atenção defensiva dos
Spurs. Não se contesta o fato dele ter limitações, mas há argumentos para fazer acreditar que o argentino pode repetir a boa parceria.
De fato, há a expectativa para saber se Higuaín e Sarri repetirão a parceria de sucesso de três temporadas atrás.
Porém, tratando-se de um técnico genial como Maurizio Sarri, não é bom duvidar que os tempos sombrios da camisa 9 tenham chegado ao fim em Stamford Bridge.