Sandro: ‘Premier League me fez pensar rápido sempre’

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Sandro Raniere Guimarães Cordeiro, ou apenas Sandro, é um daqueles casos de que no futebol já nasceu grande. Com apenas 19 anos, com a camisa do Internacional foi campeão da Copa Sul-Americana. Um ano depois, já tinha em seu currículo o tão desejado troféu da Libertadores.

Com início tão promissor, sua ida para a Europa não surpreendeu ninguém. O destino de Sandro foi nada menos que o Tottenham. E é justamente sobre a experiência na Inglaterra, com passagens ainda por Queens Park Rangers e West Bromwich, que o jogador falou com a PL Brasil.

PL Brasil entrevista Sandro, ex-Tottenham, QPR, West Brom 

Quais os pontos que, por ter ido cedo para a Inglaterra, você acredita ter evoluído?

Foi muito positiva a minha cedo para Inglaterra, para a Premier League. Eu evoluí muito o meu futebol, no sentido de ter que pensar rápido pelo jogo ser mais corrido. É um estilo que exige muito do atleta.

Então eu tive que trabalhar muito também para ter mais força, pois eu teria que marcar os melhores meias do mundo. Ter ido jovem para lá foi ótimo para minha carreira.

Em relação ao estilo de jogo, o impacto de chegar na Premier League foi grande?

O estilo foi muito benéfico para mim pois os árbitros deixam seguir mais o jogo. A gente “chega junto”, e não dão falta. Isso foi muito bom para as minhas características.

Claro que foi impactante chegar jovem e logo jogar numa liga que é a melhor do mundo. Isso fez com que eu fosse cobiçado por outros importantes clubes da Europa, já que ir bem na Premier League faz você ser sondado pelos grandes do mundo.

Tottenham Sandro Michael Regan Collection Getty Images Sport
Michael Regan Collection Getty Images Sport

Pensando no todo, o que mais lhe impressionou quando chegou na Inglaterra, e o que ter jogado por lá representa na sua carreira?

O que mais me impressionou foi mesmo a intensidade do futebol na Inglaterra. Aqui no Brasil, por exemplo, quando ia virar o jogo eu dominava a bola, olhava para só depois fazer a inversão da jogada.

Lá não, se eu quisesse fazer esse tipo de jogada, era preciso olhar para o lado antes de ter a bola. Então ela chegava, eu dominava e já batia, senão fosse assim me roubavam.

O jeito era pensar rápido sempre, saber ler o que estava acontecendo na partida antes de ter o domínio da bola. A dinâmica é muito de um, dois, domina e toca. Ou mesmo dominar já tirando o marcador.

Vou dar um exemplo que aconteceu comigo: em um dos meus primeiros jogos eu recebi e fui pensar a jogada, o adversário roubou a bola e fizeram o gol.

Aí o Harry falou, “Sandro, se você não evoluir, não vai jogar. Pensa rápido!”. Isso foi muito bom, me fez treinar isso, trabalhar isso. É um estilo muito forte, muito intenso do início ao fim de cada partida.

Você considera a Premier League a melhor liga do mundo?

Eu considero, sem sobra de dúvidas, a Premier League a melhor liga do mundo. Ter jogado lá representa muito na minha carreira. Eu já passei por vários clubes, e vejo que as pessoas me respeitam muito por eu ter atuado neste campeonato.

Em todo lugar é assim, “nossa cara, você jogou cinco, seis anos na Premier League”, me perguntam como é ter tido esse experiência. Eu agradeço muito a Deus por ter passado por lá. Onde eu chego falam “o Sandro do Tottenham”. Então, representou demais para minha carreira ser jogador de Premier League.

Tottenham Sandro Michael Regan Collection Getty Images Sport (2)-min
Michael Regan Collection Getty Images Sport

Certa vez o Harry Redknapp comparou você com Sócrates, como foi ouvir isso?

Ele gostava muito de mim, foi quem pediu a minha contratação no Tottenham e também no QPR. Ele fez essa comparação, mas, na época, eu não quis nem pensar sobre isso. Os estilos são diferentes, o Sócrates era, bem… bem melhor do que eu, e a posição dele era mais avançada.

Claro que isso repercutiu bastante, mas eu fiquei tranquilo, feliz com a comparação. O mundo todo gosta do Sócrates.

Qual melhor técnico com quem trabalhou no Tottenham?

Foi o André Villas Boas, pelo estilo de treinamento, como ele vê o futebol no todo. Ele é um cara de muitas estratégias, embora não tenha ido tão bem no Tottenham, já tem a sua história no futebol. Com ele foi o meu auge, então vou ficar com ele.

Qual a sua expectativa com Mourinho no Tottenham? Pensa que o perfil dele era o que o clube precisava agora?

Em qualquer clube vai gerar muitas expectativas ter um técnico como ele. O que se espera que o time comece a ganhar jogos, que o clube suba na tabela,e é o que eu espero.

O Mourinho tem uma carreira brilhante, o Tottenham tem grandes jogadores, e com certeza vão respeitar ele por isso. É um clube muito grande, e tem muito a ganhar como Mourinho.

Como você vê o Tottenham hoje? Acompanha alguns jogos, acha que a conquista de um título está perto de ocorrer?

Eu acompanho o Tottenham, os resultados e creio que a conquista de um título está próxima. O nível do clube elevou, e com Mourinho, que é um cara que a sua história mostra que é um vencedor.

O Pochettino vai ficar na história do clube, eu gostava muito dele, mas a escolha pelo Mourinho foi acertada. Onde ele passou, ganhou títulos. É isso que o clube precisa e ele sabe como fazer.

Podemos dizer que a rivalidade entre Tottenham e Arsenal é algo parecida com o GreNal?

Eu comparava isso também, Tottenham x Arsenal com Inter x Grêmio, mas eu acho que por ser no Brasil, no Rio Grande do Sul, a torcida é mais quente, mais louca, a rivalidade entre Inter e Grêmio é maior. Mas foi muito top ter jogado Tottenham x Arsenal, que é algo como um GreNal na Inglaterra.

Marcelo Becker
Marcelo Becker

Jornalista gaúcho radicado em São Paulo. Movido a Oasis e futebol inglês, não necessariamente nessa ordem.