Roy Keane: um leão feroz dentro das quatro linhas

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Grandes times da história do futebol se fazem com um bom meio-campo. É por ali que o ritmo dos jogos é ditado. Atacar, defender, conter e reter a bola são papeis importantes de um bom meio-campista. Roy Keane pode certamente ser traduzido como um jogador “raiz”.

Por mais que este não seja um termo aceito por muitos adoradores do futebol e nem sempre seja sinônimo de algo necessariamente bom, é a melhor palavra que este que vos escreve encontrou para definir o irlandês durante toda a sua carreira, marcada por inúmeras conquistas e polêmicas dentro e fora das quatro linhas.

Roy Keane: da Irlanda para o Nottingham Forest

Nascido na cidade de Cork, no sudoeste da Irlanda, Keane deu início à sua vida futebolística nas categorias de base do Rockmount AFC. Profissionalmente, iniciou no Cobh Ramblers, em 1889, até que se transferiu para o Nottingham Forest em 1990.

O meio-campista chegou nos Foresters sem muita badalação, mas conquistou o seu espaço e, em três anos de clube, disputou 154 jogos e marcou 32 gols.

Na temporada de inauguração da Premier League, em 1992, o Forest acabou rebaixado no campeonato. Posteriormente, Keane acabou contratado pelo Manchester United de Sir Alex Ferguson por 3,75 milhões de libras, um recorde de transferências entre equipes inglesas naquela época.

A partir daí, o mundo se apaixonaria – ou odiaria – Roy Keane, um dos irlandeses mais importantes de toda a história do futebol.

O início em Old Trafford

Mike Hewitt Collection Hulton Archive
Mike Hewitt Collection Hulton Archive

Keane chegou a Old Trafford em uma equipe que havia acabado de ser campeã inglesa. O elenco do time comandado por Ferguson em 1993 era estrelado por Peter Schmeichel, Steve Bruce, Eric Cantona, Mark Hughes e Ryan Giggs, além de já ter em seu plantel os jovens Gary Neville, Paul Scholes e David Beckham. O resto é história.

Mesmo jovem em um grupo de jogadores experientes, Keane logo ganhou inúmeras chances com o comandante escocês. A juventude aliada a experiência deu tão certo que o irlandês, em sua primeira temporada pelo United, atuou em 53 oportunidades e balançou as redes adversárias oito vezes.

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Roy Keane era um daqueles atletas que simplesmente davam a vida em campo. Muitas vezes violento, é verdade, o irlandês entregava muita qualidade, segurança e liderança dentro de campo. Era, verdadeiramente, um meio-campista box-to-box, apesar de ter se destacado mais como um cão de guarda à frente do sistema defensivo das equipes por onde passou.

O filósofo alemão Friedrich Schiller afirma que “a grandeza exige sacrifícios”. E qual outra frase melhor para definir Keane, não é mesmo? Logo em sua primeira temporada, foram dois títulos, sendo uma Premier League e uma Copa da Inglaterra.

Ao longo de toda a sua trajetória em Old Trafford, o irlandês conquistou sete campeonatos ingleses, quatro Copas da Inglaterra, quatro títulos da Supercopa da Inglaterra, uma Champions League e um Mundial de Clubes. Nessa última, contra o Palmeiras, fez o gol do título na decisão.

A briga com Alex Ferguson

Na temporada 2005/06, a torcida dos Red Devils viu dois de seus grandes ídolos entrarem em uma briga que resultaria na saída do irlandês, um dos medalhões do time, de Old Trafford.

O clube vermelho de Manchester vinha de um ano sem títulos e a pressão por parte dos fãs era grande. Em uma entrevista à TV da própria equipe, Roy Keane criticou abertamente os companheiros de time.

O material foi censurado e nunca foi divulgado, mas o desconforto já havia sido gerado. Assim, Sir Alex Ferguson tirou a faixa de capitão do jogador e não ofereceu um novo contrato ao ídolo do United.

O meio-campista deixou o Manchester United a custo zero naquela temporada rumo ao Celtic, onde encerraria sua carreira. Ele jogou 480 jogos e fez 51 gols pelos Red Devils.

Roy Keane Manchester United Shaun Botterill Collection Getty Images Sport-min
Shaun Botterill Collection Getty Images Sport

Seleção

Roy Keane, sem dúvidas, era convocado regularmente para a seleção irlandesa. Em praticamente 14 anos de serviço à nação, o irlandês jogou 67 partidas e balançou as redes nove vezes. Um fato curioso é que em 2002, o jogador, até então capitão da Irlanda, brigou com o treinador Mick McCarthey por ter criticado a preparação do time para a Copa do Mundo.

A estrela da seleção foi cortada e, assim, não defendeu as cores da seleção no Japão e Coreia do Sul, em 2002. “Eu não posso e não vou tolerar que alguém fale comigo com aquele nível de abuso, então eu o mandei de volta para casa”, afirmou McCarthey.

Caso Haaland

Gary M. Prior Collection Getty Images Sport
Gary M. Prior Collection Getty Images AllSport

Uma das cenas mais sujas da história do futebol foi protagonizada pelo meio-campista irlandês. A rixa Haaland-Keane começou em 1997, durante uma partida entre Leeds United e Manchester United.

O volante dos Red Devils deu um carrinho em Alf-Inge Rasdal Haland, mas acabou levando a pior e sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior.

Em entrevista à imprensa, Haaland ironizou Roy Keane dizendo que ele estaria fingindo uma lesão para escapar de possíveis punições da Federação Inglesa pela entrada violenta. O jogador, recém-promovido a capitão do Manchester United, perderia o restante da temporada e os Red Devils viram o título da Premier League ficar com o Arsenal.

O zagueiro e meio-campista norueguês se transferiu para o Manchester City em 2000. Eram comuns as trocas de farpas, discussões e jogos pegados no Manchester Derby. Em um clássico realizado no dia 21 de abril de 2001, Keane deu uma entrada forte em Haaland, que precisou encerrar a carreira devido a lesão.

O irlandês afirmou pouco depois que não estava arrependido e justificou o ocorrido como uma vingança por ter se lesionado devido ao norueguês anos antes.

Igor Martins
Igor Martins

Estudante de jornalismo. Em uma relação de amor e ódio com o Arsenal. Futebol e Premier League são as melhores invenções do homem.
Twitter: @silvam_igor