Eleito o melhor jogador da última edição da Champions League, Rodri tem sido desfalque do Manchester City na Premier League. O volante foi suspenso por três jogos após sua expulsão na partida contra o Nottingham Forest — e sua ausência é muito sentida.
O espanhol perdeu os jogos contra Wolverhampton e Arsenal pelo Campeonato Inglês e nas duas ocasiões o time de Pep Guardiola saiu derrota. Ainda será desfalque na próxima rodada, contra o Brighton, time de melhor ataque da liga.
Apesar de sua qualidade ser reconhecida, por vezes o seu impacto dentro do modelo de jogo do Manchester City é subestimado — e por isso o time joga pior sem ele. Mas, afinal, por que Rodri faz tanta falta para a equipe de Guardiola?
Rodri é o coração do Manchester City
Desde que chegou ao clube inglês, Guardiola usou tanto um volante único quanto uma dupla – o famoso double pivot inglês. As habilidades de recuperação de bola, a força física e a capacidade com a posse de Rodri permitem que o City use uma formação que requer apenas um destes pivôs.
Além disso, é a formação que Guardiola tem usado com mais conforto durante toda a carreira, desde os tempos de Barcelona — e o 4-3-3 é o mais comum. No entanto, na maneira como o City constrói no campo, muitas vezes alternam entre um pivô único e duplo durante o jogo.
Como o City constrói
Ao longo dos anos, essa construção ocorreu majoritariamente com uma primeira linha de três — geralmente os dois zagueiros e Walker — com Rodri como o volante que progredia a bola. Aos poucos, o espanhol foi ganhando companhia e formando uma saída em 3-2.
Zinchenko e Cancelo, na lateral-esquerda, geralmente entravam ao lado de Rodri, diminuíam as distâncias e facilitavam a progressão. Gündogan e Bernardo Silva também alternaram esse papel, mas o foco principal e imutável seguia sendo o espanhol.
Sem ele, o padrão se perdeu e nenhum substituto cumpriu seu papel à altura. Contra o Arsenal. Bernardo Silva foi o volante, com Kovacic o ajudando no lado esquerdo, mas a dificuldade de Gvardiol na lateral esquerda em compreender os movimentos fez com que o esquema ficasse “torto” e ineficiente, como é possível ver no posicionamento médio dos jogadores do City na partida.
No jogo anterior, contra o Leipzig, pela Champions League – que Rodri podia jogar -, foi uma vitória tranquila e domínio absoluto da construção. O volante terminou o jogo com 125 toques na bola, 107 passes e 91% de acerto, enquanto o City teve 68% de posse de bola. A diferença é evidente.
Segurança defensiva com e sem a bola
Os momentos mais “românticos” de Guardiola, principalmente no Barcelona e, por vezes, no Bayern de Munique, passavam por matar os jogos com a bola no pé — se o adversário não tem a bola, ele não pode fazer gols.
Rodri é um excelente controlador que permite o time manter a bola e executar esse plano: fazer o adversário cansar tanto fisicamente quanto psicologicamente. Mas também é um defensor muito inteligente.
O volante permanece atrás da bola e fornece segurança juntamente com os zagueiros se a bola for perdida e a equipe adversária lançar um contra-ataque. Nas transições defensivas, o City costumava ser vulnerável quando Fernandinho não estava disponível, mas Rodri deu à sua equipe a estabilidade tão necessária quando substituiu o brasileiro ao longo dos anos.
Rodri destrinchado em quatro partes
- Ele tem uma habilidade crucial para sentir oportunidades de recuperar a bola e não tem medo de avançar. Normalmente, ele fornece a segunda onda de pressão do City, seguindo a pressão de seus atacantes, mas em algumas ocasiões, ele percebe a chance de recuperar a bola e se move além dos outros meio-campistas para pressionar.
2. Fazer isso representa uma abordagem de alto risco, dada as lacunas que ele pode deixar no meio-campo, mas ele tem uma leitura boa o suficiente do jogo e pressiona com agressividade o suficiente para que, quando vai para a bola, muitas vezes tem sucesso.
3. Ele também é muito bom no jogo aéreo, e jogando para um treinador como Guardiola, que dá mais importância à habilidade técnica do que à força física, o tamanho de Rodri é extremamente útil.
4. Ele desempenha um papel fundamental em bolas paradas defensivas, fazendo constantemente cortes importantes, e também faz um bom trabalho ao ganhar cortes após um dos ataques do City quebrar e garantir a posse para sua equipe – fundamental para o City conseguir pressionar o adversário iniciando um novo ataque o mais rápido possível após um corte.
Sem De Bruyne? Sem problema
Muitos torcedores se preocuparam com a lesão de Kevin De Bruyne e como sua ausência afetaria o time. Os Citizens seguiram invictos na Premier League sem o belga, até a suspensão de Rodri: duas derrotas em dois jogos desde então.
Sem De Bruyne, inclusive, o espanhol é ainda mais importante na construção do jogo do City. Ele tem uma média de mais de 100 passes por 90 minutos na temporada atual e uma taxa de precisão de 94,5%. Na temporada passada, Rodri teve uma média de 79,5 passes por 90 minutos combinando Premier League, Champions League e FA Cup.
Mas mais do que um controlador do jogo, ele passou a impactar mais com finalizações. Jogando em um papel mais avançado devido à ausência de De Bruyne, Rodri já marcou três gols na temporada atual – foram quatro em toda a campanha de 2022/23.
Sua média de chutes por 90 minutos em 2022/23 estava um pouco acima de um. Atualmente, esse número quase triplicou (2,7) e melhorou sua taxa de precisão para 47,4%, em comparação com os 28%.
Rodri também é um dos principais armadores da Premier League. No fim de agosto, após três semanas da temporada na Premier League, ele liderava o campeonato em envolvimentos de sequências de ataque, segundo dados da plataforma Opta. A grande maioria em construção até o chute, e uma menor parcela em finalizações ou chances criadas.
Além disso, ao fim de setembro, era o sexto no ranking de jogadores que mais percorriam distâncias progressivas com a bola a cada 90 minutos. A lista, também da Opta, é liderada por Rúben Dias (207,9 metros), e Rodri, imediatamente abaixo de Mitoma, tinha 155,3 metros percorridos com a bola.
O Manchester City simplesmente perde mais jogos sem Rodri
Desde a estreia do volante pelo clube de Manchester, em agosto de 2019, a equipe de Guardiola perdeu sies das 16 partidas que jogou sem seu pilar no meio-campo.
Em comparação, o City perdeu apenas cinco dos últimos 67 jogos da Premier League em que Rodri esteve em campo – vencendo 53 e empatando nove dos outros 62 jogos.
A matemática simples disso significa que os Citizens perderam apenas 7,5% desses jogos quando o jogador de 27 anos esteve em ação. Enquanto isso, sem ele, perdem quase 38% das partidas sem o espanhol.