Os segredos por trás da contratação de Firmino

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Enquanto flocos gelados de neve se enrolavam no vento implacável e endureciam o ambiente de Melwood, os pensamentos dentro do complexo de treinamento rondavam a proficiência de Roberto Firmino em condições mais punitivas enquanto no Hoffenheim.

O Liverpool imaginava se uma “exportação” de Maceió, poderia causar estrago em um clima glacial com a mesma facilidade com que ele confundia os marcadores. Isso, assim como todos os outros critérios criados durante um exaustivo reconhecimento do atacante antes de persegui-lo, foi checado afirmativamente.

A visibilidade reduzida e um campo coberto de neve em Augsburg, em fevereiro de 2015, não provaram ser nenhum inconveniente para as habilidades de Roberto Firmino. No mesmo mês, um ano antes, sob um confete de granizo, o Stuttgart ficou sufocado pelo movimento intuitivo do atacante e pela sua malícia artística.

Cada gol do Hoffenheim, na vitória por 4 a 1 no Derby de Baden-Wurttemberg, tinha as impressões digitais de Firmino; Ele criou os três primeiros antes de acertar um pênalti, em uma atuação que destacou o quão decisivo ele poderia estar dentro e fora de posse.

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“É como se ele fosse feito de aço”. A frase fazia parte da análise do Liverpool sobre a capacidade do internacional brasileiro de se adaptar a situações variadas sem se mexer. “Não importa como é o clima, como é o campo ou até quem são os adversários – Firmino joga da mesma maneira. Com sua atitude, ética de trabalho e desejo ao lado de suas variadas habilidades, ele pode se tornar qualquer coisa – não há limite”.

Dada essa descoberta, e a excelência de Firmino em Anfield desde então, é fácil apreciar a rapidez do Liverpool em concluir um acordo de £29 milhões por ele em junho de 2015. Se retrocedermos, porém, veremos que a taxa foi totalmente condenada, além de haver uma percepção de que o negócio era baseado em impulso.

No entanto, tal murmúrio era fácil de se ignorar devido à boa reputação de Roberto Firmino junto ao departamento de análise de desempenho dos Reds. Desde os olheiros e a equipe de pesquisa liderada pelo estimado Ian Graham, até os tomadores de decisão, que tinham escaneado o progresso de Firmino desde a sua adolescência. Havia confiança coletiva de que era um pequeno investimento para um jogador que tinha o potencial de moldar o futuro ofensivo do Liverpool.

A pasta do “jogador importante, conectando os companheiros, finalizador, lutador e primeiro zagueiro” do clube foi criada quando ele ainda estava submerso na linha de jogadores inundados do Brasil.

Fernando Troiani, chefe do scouting sul-americano em Liverpool, esboçou um perfil sobre Firmino, que iniciou no CRB antes de ser levado ao Figueirense com 17 anos. Ele era um garoto magro e hábil, que necessitava de muito desenvolvimento, mas tinha potencial sem fim.

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Que ele pudesse combinar o futebol-arte pelo qual seu país é famoso, juntamente com a influência mais agressiva do Uruguai e da Argentina, era de particular interesse.

Troiani, que trabalha com Gonzalo Siegrist para cobrir a região, teve informações internas de Firmino. Assim, despistou outros 27 olheiros que atendem aos clubes de Manchester – 14 para o City e 13 para o United.

Nessa altura, o adolescente cru – guiado pelo dentista Marcellus Portella – não era um alvo do Liverpool, mas uma plataforma havia sido estabelecida para uma análise mais aprofundada. Isso aconteceu quando o Hoffenheim capturou Firmino da segunda divisão brasileira para a Bundesliga logo após o seu 19º aniversário.

As anotações de Troiani foram passadas para o olheiro alemão dos Reds, Andy Sayer, assim como seu colega holandês Steven Aptroot, agora no Feyenoord, que estava interessado em mapear a adaptação dos jogadores sul-americanos na Europa.

Este último assistiu Roberto Firmino em 2011 e 2012, antes de Sayer preparar uma inspeção mais intensa no início da temporada 2013/14. Inicialmente, a admiração do Liverpool pelo filho de um ambulante de rua foi obstruída pelas antigas regras de permissão de trabalho do Reino Unido. Elas estipulavam que os jogadores precisavam participar de pelo menos 75% dos jogos internacionais de seu país nos dois anos anteriores.

A demonstração de energia, inteligência, eficiência, ética de trabalho e uma multifuncionalidade única de Firmino fez com que ele fosse muito interessante para ignorar, apesar da burocracia.

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Sayer continuou a pesquisa e manteve contato com sua agência, ROGON. O Liverpool assistiu o atacante em blocos de 15 jogos ou mais em vez de esporadicamente. Era para determinar adequadamente a sua capacidade de resolver novos problemas numa base de partida a partida.

Eles se aprofundaram ainda mais. Ficaram por dentro de suas rotinas de treino para avaliar como ele se conduzia ali e como interagia com a equipe de treinamento, seus colegas e os torcedores que participavam de sessões abertas.

“Ele me impressionou com sua taxa de trabalho e atitude”, dizia uma observação após uma sessão de 80 minutos. “Trabalhou duro sem a bola e defendeu bem nas sobrecargas. Ele treina com um sorriso no rosto e foi o primeiro dos jogadores a assinar autógrafos e ter sua foto tirada com um grupo de fãs deficientes.”

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O que quer que procurassem, o departamento de Anfield encontrou em Roberto Firmino. Três olheiros apontaram para ele e a equipe de pesquisa constantemente fez referência a seus números e compatibilidade estilística. Então quando ele ganhou o status de Jogador da Temporada da Bundesliga em 2013/14 e atraiu seus rivais de Manchester, o Liverpool já detinha todas essas informações como vantagem.

A seleção brasileira também tinha finalmente olhado para o Maverick tatuado capaz de executar chutes aéreos e finalizações sem olhar, bem como roubar a bola dos adversários e persegui-los com igual desenvoltura.

Em outubro de 2014, Firmino recebeu sua primeira convocação para os amistosos contra a Turquia e a Áustria. “Eu perguntei o que ele traria para a equipe e disse que ele cheirava a gols”, declarou Dunga, ex-técnico da Seleção, após uma partida.

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“Ele vê a meta como poucos. Quando chamamos os jogadores, observamos e estudamos cada um deles. Então, obviamente, depende do que o jogador faz no campo. Ele provou a si mesmo.”

O Brasil chegara à mesma conclusão da equipe de recrutamento do Liverpool. Firmino, apesar de ser um craque extremamente talentoso com as ferramentas para atuar de forma larga, tinha todo o armamento para prosperar como número 9.

Sua orientação suprema, bem como a tendência natural de receber a bola, carregá-la de forma vertical e abrir o campo imediatamente, classifica-o como uma opção inteligente de forma central.

Firmino tinha progredido em 2014/15 através de sessões extras com um Personal Trainer organizado pela ROGON, tornando-o ainda mais um enigma para os defensores adversários. O aumento da fisicalidade acompanhou sua robustez. Ele iniciou 33 de 34 jogos possíveis em suas duas últimas temporadas da Bundesliga.

Com as regras de autorização de trabalho relaxadas em maio de 2015 e o então técnico Brendan Rodgers vendo-o como um futuro flexível, a apresentação do jogador principal da equipe de recrutamento do Liverpool era óbvia.

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O diretor esportivo Michael Edwards, o chefe de recrutamento Dave Fallows, chefe de recrutamento e o chefe do scouting Barry Hunter recorreram à todas as provas que seu departamento haviam acumulado, sugerindo que Firmino não apenas poderia se encontrar confortavelmente em Liverpool.

Isso foi ainda mais consolidado quando as negociações estavam em andamento com o Hoffenheim, através do ex-diretor executivo Ian Ayre. Os Reds receberam permissão para falar com o jogador, que ouviu com entusiasmo o discurso, com perguntas sobre seu próprio trabalho no clube.

Firmino queria a mudança, mas o Hoffenheim queria mais do que o inicialmente previsto. O Liverpool confiava em suas bases. Acreditava que a decisão certa no jogador certo era mais fundamental do que os sentimentos externos em relação ao custo. E, embora nenhuma transferência seja acompanhada de garantia de sucesso, grande parte do risco pode ser escalonado com um processo de reconhecimento meticuloso e abrangente.

Mesmo através dos arranhados meses de Roberto Firmino em Merseyside, quando Rodgers optou por usar Christian Benteke como eixo do Liverpool, havia a convicção de que o público acabaria testemunhando seu raro gênio.

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Klopp, que teve o benefício de estudar o ofício do brasileiro na Alemanha, concluiu rapidamente que o ataque alcançaria o seu melhor através do jogador. O brasileiro, ele classificou como “classe mundial praticamente todos os dias” depois de assumir em outubro de 2015.

As palavras “ele pode se tornar qualquer coisa – não há limite” ainda são tão relevantes quanto sempre para Firmino.

Matéria originalmente escrita por Melissa Reddy, do Joe. Para ler em inglês, clique aqui.

Matheus Santana
Matheus Santana

Defensor assíduo do futebol inglês