Matteo Darmian, Chris Smalling, Marcos Rojo, Ashey Young, Daley Blind, Marouane Fellaini, Jesse Lingard, Alexis Sanchez e Romelu Lukaku. Quase um time inteiro de jogadores que não renderam no Manchester United. Esses nomes recebiam altos salários, principalmente os dois últimos, e nunca desempenharam o máximo que podiam no clube vermelho. Então, desde que chegou, Ole Gunnar Solskjaer conseguiu eliminar esse tipo de atleta e formar um elenco de maior qualidade para o Manchester United.
A renovação do elenco do Manchester United
Dos nove jogadores citados, apenas Smalling e Young trabalharam com Sir Alex Ferguson. Os outros foram pedidos de David Moyes, Louis Van Gaal e José Mourinho. Apesar da aprovação dos treinadores, nenhum deles caiu totalmente nas graças do torcedor.
Solskjaer, desde o início, quis formar um grupo de jogadores de qualidade e que queriam estar no Manchester United. Nessa situação, precisava vender os atletas não utilizados. E o grande comprador que proporcionou essa renovação foi a Inter de Milão.
Itália como destino preferido
Os italianos, comandados por Antonio Conte – treinador vencedor de Premier League pelo Chelsea – levou vários atletas “na promoção”. Para os nerazzurri, saíram Young, Alexis e Lukaku. Posteriormente, Darmian também.
Ashley Young é, até hoje, detestado por muitos. O inglês já vestiu a braçadeira de capitão do Manchester United. Ele era o homem de confiança de José Mourinho, inclusive. Antes disso, passou de ponta para ala com Van Gaal, para finalmente se tornar lateral nessa fase final de sua carreira.
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— Inter (@Inter) July 28, 2020
Com Ferguson, Young tinha sido campeão inglês em 2013 sendo peça importante no time. Depois disso, seu desempenho despencou. Decisões ruins dentro do jogo, atuações fracas e falhas constantes se juntaram à má fase do time. Aos poucos, não era mais possível vê-lo como titular por mais escassas que fossem as opções.
No fim, a Inter aceitou pagar aproximadamente 1,5 milhão de libras para levá-lo para a Itália. Sua passagem somou 261 jogos, 19 gols, 43 assistências, um título de Premier League, um de Europa League, duas copas nacionais (FA Cup e Copa da Liga) e duas Supercopas da Inglaterra.
Os outros dois jogadores – Alexis Sanchez e Romelu Lukaku – merecem capítulo especial. O chileno chegou, por 30 milhões de libras, do Arsenal, e produziu, em 45 jogos, apenas cinco gols e nove assistências.
Foi embora de graça para a Inter depois de um empréstimo sem deixar saudades. Ainda mais depois da declaração dada por ele em entrevista na Itália. Segundo Sanchez, ele se arrependeu de trocar os Gunners pelos Red Devils no primeiro treino.
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Já Lukaku pode ser considerado um talento desperdiçado. Em 96 jogos na Inglaterra, marcou 42 gols e deu 13 assistências e até terminou como artilheiro da equipe na temporada 2017/2018.
Mas assim como todo o time, perdeu força na segunda metade da temporada seguinte com Mourinho. Lukaku aparentemente estava fora de forma e não mostrava a potência que o caracterizou em outros clubes, quando custou 74 milhões de libras ao vir do Everton em 2017.
O belga saiu por 65 milhões de libras para a Inter duas temporadas depois. Atualmente vem se mostrando um dos melhores atacantes do mundo no time italiano. Em forma e com um técnico que consegue explorar seus pontos fortes, apresenta tudo aquilo que se esperava em Manchester: força física, velocidade e muitos gols.
O que menos jogou no United entre todos foi Matteo Darmian. Segundo os dados da Premier League, o lateral italiano que veio do Torino disputou apenas 60 jogos com a camisa vermelha na competição nacional. Suas estatísticas não chamam a atenção nem um pouco: um gol e nenhuma assistência entre 2015 e 2019.
Ele era um lateral que tinha mostrado características ofensivas e defensivas interessantes na Itália, mas nada disso apareceu na Inglaterra. Por conta disso, voltou para seu país natal, primeiramente no Parma (2,2 milhões de libras) e depois para a Inter.
Jogadores que tiveram bons momentos, mas sucumbiram com o time
I want to thank you for all the love and support I received and still get. I will never forget some of the special games and moments, I will miss you ‘The Theatre of Dreams’! But now its time to go home. 🔴 #MUFC (3/3) pic.twitter.com/GScz9Z6teb
— Daley Blind (@BlindDaley) July 17, 2018
Um bom exemplo de quem sofreu com a má fase do clube é Daley Blind. Vindo do Ajax em 2014 por aproximadamente 15 milhões de libras, o holandês chegou a ser uma peça de equilíbrio para a equipe, seja atuando como lateral ou volante.
Sua melhor fase aconteceu com o compatriota Van Gaal no comando. Por exemplo, em 2015/2016, terminou como o jogador que mais acertou passes na equipe no campeonato inteiro. Além disso, também foi o jogador do Manchester United que mais desarmou (já tinha sido o terceiro em ambas as estatísticas na temporada anterior).
No entanto, com a mudança de treinador em 2016, perdeu espaço, acumulou lesões e diminuiu drasticamente seus números. De líder em passes e desarmes, caiu para sétimo e sexto da equipe, respectivamente, em 2016/2017. Por isso, voltou ao Ajax em 2018 por 14 milhões de libras.
Chris Smalling, apesar de nunca ter convencido a todos, é o que mais rendeu, seja em números, seja em títulos. Nos seus 323 jogos desde que veio do Fulham em 2010 (7 milhões de libras), consagrou-se campeão duas vezes da Premier League e da FA Cup, além de uma Supercopa da Inglaterra, uma Copa da Liga Inglesa e uma Europa League.
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No começo, o inglês servia como reposição para os lendários Rio Ferdinand e Nemanja Vidic. Mas com a aposentadoria do primeiro e o adeus do segundo, virou titular em seguida com Moyes.
Sua melhor fase coincidiu com a melhor fase do time nos últimos anos. Na temporada 2017/2018, liderou a segunda melhor defesa da Premier League (28 gols sofridos, um a mais que o campeão Manchester City).
As chegadas de reforços como Victor Lindelöf e Eric Bailly apagaram seu brilho, além de que as ideias de Solskjaer, já em 2019 numa sequência ruim, não encaixavam com o seu futebol. Por isso, saiu para a Roma, primeiramente por empréstimo e, depois, o negócio foi fechado em definitivo por 13 milhões de libras em 2020.
Os contestados
Huge thank you to everyone I have worked with during my time @ManUtd. I have made some great friends and wish them and the club every success for the future #manchesterunited pic.twitter.com/LKrXcUjgyq
— Marouane Fellaini (@Fellaini) February 1, 2019
Um dos nomes mais contestados, se não o mais, nessa época de transição sem dúvidas é Marouane Fellaini. O volante belga sempre marcava contra o United jogando pelo Everton e era um pedido de David Moyes em 2013. Contudo, jamais repetiu o que fazia no Goodison Park.
E por mais que os torcedores e seu próprio desempenho em campo deixavam claro que não ele deveria ser titular, Van Gaal e Mourinho viam utilidade em seu jogo aéreo. Tanto que o cabeludo foi líder em duelos aéreos vencidos em duas temporadas (2014/2015 e 2016/2016).
Nada disso diminuiu as críticas porque o time caminhava mal. É verdade que seus cabeceios salvaram alguns pontos para o United, mas no todo, agregou pouco ao desempenho do time.
Para alegria de muitos, deixou o Old Trafford na mesma janela que Bruno Fernandes foi contratado. O Shandong Luneng pagou 6,5 milhões de libras pelos seus serviços em janeiro de 2020.
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OFICIAL!
Marcos Rojo é do Boca Juniors!
🔁 Sem clube
🎯 Zagueiro
🗓 30 anos🎨 Boca Juniors pic.twitter.com/CqVyiNZhTS
— PL Brasil (@plbrasil1) February 2, 2021
Agora, quem nunca convenceu – nem mesmo com números – foi Marcos Rojo. O zagueiro/lateral esquerdo argentino veio do Sporting por 17 milhões de libras em 2014 porque na época era um jogador de seleção. Inclusive, disputou a Copa do Mundo no Brasil com a Argentina.
Mas foram apenas 122 jogos, somando míseros 9.155 minutos em campo com a camisa vermelha. Graças ao seu mau desempenho, saiu por empréstimo em 2020 para o Estudiantes e agora (janeiro/2021) foi em definitivo para o Boca Juniors a custo zero.
Por fim, o último a deixar o elenco do Manchester United, Jesse Lingard. Na base, era tratado como pedra preciosa. Um meia de chegada e boa finalização que podia jogar pelos lados também. Quando conseguiu sequência no time principal após quatro empréstimos, se tornou uma espécie de talismã.
Porém, na hora de assumir o protagonismo, falhou. Lingard chegou a brilhar e ser eleito o melhor do time em dezembro de 2017, certamente. Mas foi só. Não conseguiu dar sequência na boa fase e foi vítima de um sucesso que nunca veio.
Em 210 jogos pelo United de 2015 a 2021, Jesse marcou 33 gols e deu 20 assistências. No entanto, nas últimas duas temporadas, além de ter participado de poucos minutos, marcou apenas dois gols. Acostumado a formar ídolos desde a academia, Lingard jamais atingiu o nível esperado. Hoje, no West Ham (emprestado), já tem dois gols em apenas uma partida.
Finalmente os acertos e a renovação
Seven United goals for our no.7️⃣
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— Manchester United (@ManUtd) February 8, 2021
Não foram apenas erros de contratação nessa época de instabilidade. Luke Shaw, Victor Lindelöf, Fred e Anthony Martial podem ser colocados na prateleira dos acertos. Mas somando custo-benefício com a fase ruim do clube, o saldo para os treinadores antigos é negativo.
Com a saída desses jogadores, a chegada de novos nomes ao elenco do Manchester United foi possível. Jogadores escolhidos pelo atual treinador e com identificação com a cultura do Manchester United. Por exemplo, Harry Maguire, Aaron Wan-Bissaka e Bruno Fernandes tiveram impacto imediato. Sem contar o desenvolvimento de Scott McTominay e Marcus Rashford.
Eles melhoraram o desempenho do time e adicionaram profundidade ao elenco. Nessa temporada, Edinson Cavani, a custo zero, tem se mostrado mais um acerto. Entretanto, Donny Van de Beek e Alex Telles ainda não cumpriram as expectativas.
Por mais que o lateral brasileiro ainda não tenha mostrado a mesma qualidade que mostrava no Porto, é possível salientar uma vantagem conquistada: a melhora de Shaw. Desde a chegada do camisa 27, o lateral inglês subiu de produção estratosfericamente e, hoje, é um dos melhores do time, sendo titular absoluto.
O processo foi longo e ainda existem pontos para melhorar. Talvez a estabilidade e os títulos demorem para aparecer, mas é inegável a transformação estrutural e o ambiente propício para o desenvolvimento dos talentos proporcionados pelo norueguês, que segue os preceitos de Sir Alex Ferguson.