O Chelsea se tornou alvo de uma investigação da Premier League a respeito de alguns “pagamentos secretos” milionários que foram feitos em paraísos fiscais durante a era Roman Abramovich.
O caso foi divulgado pelo jornal inglês “The Times” e a investigação começou a partir de uma denúncia dos donos atuais do Chelsea, que informaram a descoberta dessas transações financeiras a Football Association, Premier League e Uefa durante o processo de compra do clube.
A aliança entre o empresário norte-americano Todd Boehly e a empresa Clearlake Capital pagou 2,5 bilhões de libras pelo controle do Chelsea no primeiro semestre de 2022.
Os pagamentos envolveriam empresas sediadas em paraísos fiscais, países que facilitam aplicação de capital estrangeiro através de tributações mínimas e sigilo de documentos, e até familiares de jogadores contratados pelo Chelsea.
Todas as suspeitas aconteceram entre 2012 e 2019, período que engloba a administração de Abramovich — o bilionário russo, responsável pelo sucesso recente dos Blues, se viu obrigado a deixar Stamford Bridge por conta das sanções do governo inglês aplicadas imediatamente após o início da Guerra da Ucrânia.
Chelsea pode ser punido?
Mesmo que as acusações não envolvam negócios feitos pelos donos atuais, o Chelsea pode sofrer consequências futuras caso algum indício de má-fé ou corrupção seja comprovada. As possíveis punições vão de pesadas multas financeiras até dedução de pontos na próxima edição da Premier League, que ainda está conduzindo a investigação.
O Chelsea já concordou o pagamento de uma multa de 10 milhões de euros para a Uefa por ter quebrado algumas regras do fair play financeiro (FPF). A Uefa declarou que a punição cobre “instâncias de relatórios financeiros potencialmente incompletos sob a propriedade anterior do clube”.
O órgão que fiscaliza o controle financeiro dos clubes na principal entidade do futebol europeu considerou somente as violações dos anos de 2018 e 2019, uma vez que tem o limite de cinco anos para aplicar qualquer punição — regra que não existe na Premier League.
A Uefa ainda afirmou que o acordo com o Chelsea deixaria para trás as irregularidades financeiras cometidas pelos antigos donos, o que indica que nenhuma outra atitude será tomada pelo órgão europeu. O mesmo não pode ser dito sobre a PL.
Club statement on UEFA decision.
— Chelsea FC (@ChelseaFC) July 28, 2023
Quais foram as violações?
As denúncias sobre transações suspeitas feitas pela administração do clube dizem respeito a pagamentos que foram feitos a seis empresas sediadas em paraísos fiscais, que provavelmente estão ligadas a transferências de jogadores. Os negócios não aparecem nos relatórios financeiros que o clube enviou anualmente à FA, Premier League e Uefa.
Algumas das “offshores” foram ligadas a agentes de futebol e intermediários, mas não é possível estabelecer uma relação direta por conta do sigilo aplicados na legislação desses países.
As informações que existem se tornaram públicas através de vazamentos. Os documentos do “Football Leaks” mostraram em 2018 que o Chelsea pagou mais de 650 mil libras durante quatro anos para Sten Christensen, pai do zagueiro Andreas Christensen, desempenhar a função de olheiro do clube enquanto ele também trabalhava como treinador de goleiros do Brondby. Sten foi contratado no mesmo dia em que os Blues contrataram Andreas, do mesmo Brondby.
As investigações também podem atingir Bruce Buck e Marina Granovskaia, que trabalhavam logo abaixo de Abramovich na estrutura antiga do clube.
O Chelsea não comentou, até o momento, a investigação conduzida pela Premier League.