Nenhum treinador demitido em 12 rodadas: Premier League é exceção entre as ligas europeias

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Por Gabriel Lemes e Diogo Magri

Com um terço de seus jogos disputados na temporada 2023/24, a Premier League já conta com alguns fatores impressionantes. Entre eles está o número da troca de treinadores — o menor desde 2020.

Os dirigentes dos clubes ingleses nem sempre são conhecidos pela paciência com o trabalho dos treinadores, mas ultimamente têm depositado mais confiança nos comandantes.

A Premier League foi para a última Data Fifa com 12 rodadas disputadas. Nesse período, não houve troca de treinadores entre os 20 clubes que disputam o campeonato.

É um número bem maior do que a série histórica mais recente. O mesmo período teve seis trocas em 2021/22 e cinco em 2022/23.

Gráfico: Júlio Cesar Cardoso

Até os times do Big Six adotaram a prática. Ano passado, o Chelsea trocou Thomas Tuchel por Graham Potter nesse período. No anterior, o Tottenham demitiu José Mourinho e o Manchester United dispensou Ole Gunnar Solskjaer.

Em comparativo com as outras principais ligas da Europa, a Premier League é considerada o ‘ponto fora da curva’. Nas mesmas 12 rodadas, os campeonatos da elite de Itália, Espanha, Alemanha e França registraram mais trocas que o futebol inglês na temporada 2023/24.

No Brasileirão, então, nem se fala. As primeiras 12 rodadas da edição de 2023 da principal liga de futebol da América do Sul teve uma média de uma troca de treinador por rodada.

Gráfico: Júlio Cesar Cardoso

Além disso, um técnico foi demitido antes do dia 11 de novembro em apenas sete das últimas dez temporada. Enquanto no último ano, a primeira demissão foi na quarta rodada, quando Scott Parker deixou o cargo após a goleada por 9 a 0 sofrida pelo Bournemouth contra o Liverpool.

Por que poucos treinadores são demitidos na Premier League?

Alguns fatores podem explicar o motivo para que nenhum treinador tenha sido demitido na Premier League. No último ano, algumas equipes aproveitaram o fator Copa do Mundo para realizarem as trocas. Como as competições ficaram paralisadas durante o mundial, os novos comandantes tiveram um tempo a mais para trabalhar com o elenco.

Os jornalistas do “The Athletic” Duncan Alexander e Dom Fifield comentaram, durante o podcast “The Athletic Football Podcast”, outros motivos para que nenhum técnico do Campeonato Inglês tenha sido demitido.

Segundo eles, pesa o fato de que a atual edição da Premier League tenha quatro favoritos claros ao rebaixamento: Burnley, Sheffield United, Luton Town e Bournemouth (os três primeiros subiram da Championship). Isso faz com que times medianos pensem várias vezes antes de trocar o comando.

— Eles pensam: ‘Não faz muito sentido mudar nosso técnico agora e gastar todo esse dinheiro em reformulação. Poderíamos apenas sobreviver agora e depois refazer as coisas no verão’ — disse Dom Fifield no podcast “The Athletic Football Podcast”.

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Gary O’Neil, técnico do Wolverhampton (Foto: Icon sport)

O jornalista Jay Harris reforça que, mesmo em times com desempenho ruim (Everton, que foi punido pela organização, também corre riscos), as mudanças no elenco e no estilo de jogo são fatores que justificam a manutenção dos técnicos.

— O Sheffield United está em uma situação complicada porque vendeu seus melhores jogadores no verão, incluindo Iliman Ndiaye e Sander Berge. Paul Heckingbottom (o treinador) está trabalhando com as mãos amarradas nas costas. O Burnley iniciou uma grande revolução sob Vincent Kompany e está tentando manter isso. A mesma coisa com Bournemouth e Andoni Iraola, onde eles estão tentando algo novo e fresco — comenta Jay Harris sobre a permanência dos treinadores.

Quais treinadores correm o risco de serem demitidos?

Mesmo que nenhum treinador tenha deixado o comando, não significa que não estão com o cargo ameaçado. Alguns clubes são apontados como favoritos para a troca de técnicos.

Naturalmente, os mais prováveis são os que fazem as quatro piores campanhas: Rob Edwards (Luton), Paul Heckingbottom (Sheffield), Vincent Kompany (Burnley) e Andoni Iraola (Bournemouth).

No Big Six, a situação mais drástica é de Erik ten Hag. O desempenho do Manchester United é decepcionante, apesar do 6º lugar — a desvantagem para o líder Manchester City é de oito pontos. Na Champions League a situação dos Red Devils também é delicada, com o time ocupando a última colocação do Grupo A e correndo o risco de ser eliminado.

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Gabriel Lemes

Me formei em Jornalismo pela Univap em 2019 e sou redator da PL Brasil. Já escrevi para o Quinto Quarto, Minha Torcida, Futebol na Veia e Portal Famosos.