Nottingham Forest de Murillo e Danilo é punido com perda de pontos na Premier League e pode ser rebaixado

8 minutos de leitura

O Nottingham Forest, clube dos brasileiros Danilo, Felipe e Murillo, foi punido com a dedução de quatro pontos na Premier League. O clube violou as Regras de Rentabilidade e Sustentabilidade (PSR) – como são chamadas as normas Fair Play Financeiro da liga inglesa.

A decisão foi tomada por uma comissão independente após o clube reportar perdas acima do permitido no ciclo de três anos que terminou na temporada passada (2022/23).

Como fica o Nottingham Forest na Premier League

Com a punição, o Forest, que antes estava em 17º lugar, com 25 pontos, cai para a 18ª posição na tabela, agora com 21 pontos, complicando sua luta contra o rebaixamento. O clube perde uma posição para o Luton Town, que tem 22 pontos e assuma a primeira colocação fora da zona de rebaixamento.

O Nottingham Forest fica com somente quatro pontos a mais do que o Burnley, penúltimo colocado. Os três últimos da classificação são rebaixados para a Championship ( a segunda divisão inglesa).

Antes da punição

  • 17º – Nottingham Forest – 25 pontos
  • 18º – Luton Town – 22 pontos
  • 19º – Burnley – 17 pontos
  • 20º – Sheffield United – 14 pontos

Após a punição

  • 17º – Luton Town – 22 pontos
  • 18º – Nottingham Forest – 21 pontos
  • 19º – Burnley – 17 pontos
  • 20º – Sheffield United – 14 pontos

Entenda a punição ao Forest

O Nottingham Forest foi um dos clubes que mais contratou jogadores no futebol inglês nos últimos anos: foram 44 jogadores desde o acesso à Premier League em maio de 2022, com um investimento de cerca de 250 milhões de libras em transferências.

Ciente dos gastos, o clube chegou a a fazer uma venda para equilibrar a situação: Brennan Johnson ao Tottenham, por 47,5 milhões de libras. No entanto, o negócio foi concretizado somente depois do fechamento ano fiscal — ou seja, o valor não entrou na conta.

Segundo o “The Athletic”, o clube argumenta que agiu dentro das regras e a maior parte do problema gira em torno justamente do negócio de Brennan Johnson. O Forest afirma que poderia ter vendido o jogador antes, mas teriam recebido um valor consideravelmente menor.

O clube tem duas semanas para decidir se vai recorrer da punição. A Premier League definiu 24 de maio como data limite para qualquer recurso, cinco dias após o final da temporada (19 de maio).

Fair Play Financeiro: as punições da Premier League

Essa é a segunda vez na temporada que um time da Premier League perde pontos por violação do PSR. Em novembro, o Everton teve 10 pontos descontados — depois reduzidos para seis após um recurso.

O Everton, inclusive, pode enfrentar uma segunda dedução de pontos nesta temporada, pois foi acusado junto com o Forest de outra violação das regras do PSR em janeiro.

Felipe Nottingham Forest
Felipe é mais um dos brasileiros do Nottingham Forest (Foto: Icon Sport)

Novas diretrizes visando acelerar as decisões do PSR foram introduzidas pela Premier League. A ideia é garantir que quaisquer violações básicas dos regulamentos sejam tratadas a tempo para que as punições, como deduções de pontos, sejam aplicadas na mesma temporada em que a acusação é feita.

Todos os clubes tiveram que enviar suas contas para 2022/23 até 31 de dezembro do ano passado, em vez de março, como faziam anteriormente. Quaisquer violações e acusações seria confirmadas até 14 dias depois.

As contratações do Forest desde o acesso:

  1. Serge Aurier – sem custos
  2. Loic Baldé – empréstimo
  3. Dean Henderson – empréstimo
  4. Adnan Kanuric – empréstimo
  5. Wayne Hennessey – sem custos
  6. Cheikhou Kouyaté – sem custos
  7. Jesse Lingard – sem custos
  8. Brandon Aguilera – 812 mil libras
  9. Josh Bowler – 2 milhões de libras
  10. Harry Toffolo e Lewis O’Brien – 10 milhões de libras
  11. Willy Boly – 2,25 milhões de libras
  12. Ui-Jo Hwang – 4 milhões de libras
  13. Renan Lodi – empréstimo de 4,7 milhões
  14. Giulian Biancone – 5 milhões de libras
  15. Remo Freuler – 9 milhões de libras
  16. Omar Richards – 10 milhões de libras
  17. Orel Mangala – 12,7 milhões de libras
  18. Moussa Niakhaté – 12,8 milhões
  19. Neco Williams – 16 milhões de libras
  20. Taiwo Awoniyi – 17,5 milhões de libras
  21. Emmanuel Dennis – 20 milhões de libras
  22. Morgan Gibbs-White – 42,5 milhões de libras
  23. André Ayew – sem custos
  24. Felipe – 2 milhões de libras
  25. Danilo  – 18 milhões de libras
  26. Jonjo Shelvey – sem custos
  27. Keylor Navas – empréstimo
  28. Gonzalo Montiel – empréstimo
  29. Ola Aina – sem custos
  30. Matt Turner – 10 milhões de libras
  31. Chris Wood – 15 milhões de libras
  32. Anthony Elanga – 15 milhões de libras
  33. Andrey Santos – empréstimo
  34. Nuno Tavares – empréstimo
  35. Murillo – 12 milhões de libras
  36. Odysseas Vlachodimos – sem informação de valores
  37. Nicolas Dominguez – 6 milhões de libras
  38. Callum Hudson-Odoi – 5 milhões de libras
  39. Divock Origi – empréstimo
  40. Ibrahim Sangaré – 32 milhões de libras
  41. Andrew Omobamidele – 11 milhões de libras
  42. Rodrigo Ribeiro – empréstimo
  43. Giovanni Reyna – emprésitmo
  44. Mats Sels – 5,1 milhões de libras

Nottingham Forest se pronuncia após punição

Pouco depois da punição ser oficializada pela Premier League, o Nottingham Forest publicou um comunicado oficial sobre o caso. O clube se diz “extremamente decepcionado” e “consternado com o tom e o conteúdo” da decisão.

A equipe de Nuno Espírito Santo reforçou que teve uma “demonstração clara” de respeito e apoio à PSR ao “garantir que Brennan Johnson fosse vendido antes do final da janela de transferências”, além de demonstrar preocupação sobre como esse tipo de punição pode impactar as especificidades do mercado de transferências do futebol.

Leia o comunicado do Nottingham Forest completo, em português:

O Nottingham Forest está extremamente decepcionado com a decisão da Comissão de impor uma sanção ao Ccube de quatro pontos, aplicada com efeito imediato.  

Apesar da nossa decepção, agradecemos à  Comissão  por ter concordado em tratar este assunto de forma diligente. O clube considera essencial para a integridade da liga que as acusações sejam resolvidas na temporada em que são emitidas.

Ficamos extremamente consternados com o tom e o conteúdo das propostas da Premier League perante a Comissão.  

Depois de meses de envolvimento com  a  Premier League e de uma cooperação excepcional durante todo o processo, isso foi inesperado e prejudicou a confiança que tínhamos na Premier League. 

O fato de a Premier League ter usado uma sanção de oito pontos como ponto de partida foi totalmente desproporcional quando comparado com os nove pontos que as suas próprias regras prescrevem para a inadimplência.

Também ficamos surpresos com o fato de a Premier League não ter levado em consideração as circunstâncias únicas do clube e sua mitigação.  Em circunstâncias em que esta abordagem seja seguida por futuras comissões da PSR, tornaria extremamente difícil, se não impossível, a competição de clubes recém-promovidos sem pagamentos de paraquedas*, minando assim a integridade e a competitividade da Premier League.

Embora a Premier League possa ter questionado o plano de negócios do clube, o clube afirma que equilibrou de forma responsável o cumprimento do PSR com um investimento importante no elenco para nos dar a capacidade de competir na liga pela primeira vez em mais de 20 anos.

Mesmo depois de o clube ter perdido o prazo de apresentação do PSR, ainda tomou medidas para garantir que Brennan Johnson fosse vendido antes do final da janela de transferências. Esta foi uma demonstração clara do nosso respeito e apoio à PSR.  

A decisão da Comissão levanta questões preocupantes para todos os clubes candidatos. O mercado de transferência de jogadores é um ambiente comercial altamente especializado que não pode ser comparado à venda de produtos e serviços normais. 

Haverá ocasiões em que a transferência de um jogador não poderá ser concluída na primeira metade de uma janela de transferências e só poderá ser concluída no final dessa janela. Isto não deve ser motivo para condenação de um clube. O fato de isto não ser reconhecido pela Comissão ou pela Premier League deveria ser uma questão de extrema preocupação para todos os torcedores do nosso futebol nacional.

Uma preocupação mais ampla para todos os clubes candidatos é o efeito  perturbador que esta decisão terá no funcionamento do modelo de negociação de jogadores. Este é o único modelo pelo qual os clubes fora do pequeno grupo no topo da Premier League podem realisticamente avançar na pirâmide do futebol. 

A lógica da Comissão é que os clubes só devem investir depois de terem obtido lucro no desenvolvimento dos seus jogadores. Este raciocínio destrói a mobilidade na pirâmide do futebol e o efeito da decisão será a redução drástica da margem de manobra de todos esses clubes, conduzindo à estagnação do nosso futebol nacional.

Acreditamos que os elevados níveis de cooperação que o clube demonstrou durante este processo, e que são confirmados e registrados na decisão da Comissão, não foram retribuídos pela Premier League. 

*”Parachute payments” é como são chamados os valores pagos pela Premier League em um período de até três anos aos clubes rebaixados. É uma criada pela liga para ajudá-los a se adaptarem às receitas reduzidas — principalmente às de direitos de transmissão — quando caem para a Championship. Esta é uma expressão sem tradução para a língua portuguesa por se tratar de um elemento específico do futebol inglês.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

Contato: [email protected]