A Federação de Futebol da Inglaterra (FA) divulgou, nesta quarta-feira (22), a terceira edição do relatório anual sobre o Código de Diversidade da Liderança no Futebol. Desde 2020, os clubes de futebol profissional inglês signatários do projeto participam dessa pesquisa como uma forma de incentivar o combate à desigualdade em cargos de liderança administrativa, funções amplas nas equipes de trabalho e entre treinadores. Atualmente, são 53 espalhados entre as principais divisões das ligas masculina e feminina.
Infelizmente, o resultado não foi animador. Somente um clube presente na Premier League 2022/23 atingiu todas as metas de diversidade. Além disso, entre os times do Big-7, Liverpool, Manchester City e Newcastle conquistaram o objetivo mínimo em apenas um dos critérios avaliados.
“Ritmo lento”: Premier League ainda patina em meta de diversidade
O relatório leva em consideração quatro setores:
- liderança administrativa,
- time de operações,
- comissão técnica dos times masculinos,
- comissão técnica dos times femininos
Os avaliadores checaram a diversidade de gênero e raça em cada um deles, totalizando oito critérios.
Além disso, há uma avaliação das pessoas que fizeram entrevistas de emprego para qualquer área do clube. Por fim, leva-se em conta apenas as novas contratações no período analisado. Ou seja: não entra nessa conta quem já estava trabalhando no clube.
Entre os clubes analisados na temporada 2022/23, foram constatados os seguintes resultados das contratações: 9% dos líderes administrativos, 11% dos funcionários das operações de equipe, 16% dos integrantes das comissões técnicas masculinas, 8% das comissões femininas e 9% dos treinadores das equipes masculinas principais que foram contratados eram negros, asiáticos ou mestiços.
Em relação às mulheres contratadas, elas representavam 23% dos líderes administrativos, 30% dos integrantes de operações de equipe e 42% das novas integrantes de comissões técnicas femininas. De forma geral, a meta não foi alcançada em nenhum desses critérios.

Entre os clubes participantes da última edição da Premier League, o único time que atingiu as metas em todos esses fundamentos foi o Fulham. Walsall e West Bromwich, que estão na quarta e na segunda divisões, respectivamente, também atingiram os percentuais mínimos.
No Big-7, apenas o Tottenham se destacou positivamente, atingindo a meta em seis quesitos. City, Liverpool e Newcastle se garantiram em apenas um cada, enquanto Arsenal e Chelsea se saíram bem em três. O United não bateu nenhuma das metas, mas ficou muito próximo em dois quesitos (contratações femininas na liderança administrativa e no time de operações).
Na divulgação do relatório em seu site oficial, a FA comemorou o avanço tanto entre o corpo de representantes da entidade como entre próprios clubes. Porém, admite que “o ritmo da mudança permanece lento”.
— Pela terceira temporada consecutiva, vimos progresso na FA, Premier League e EFL. […] No entanto, os resultados mostram que ainda há muito trabalho a ser feito no geral. Os clubes não estão atingindo suas metas — comentou Mark Bullingham, CEO da FA.
Para acelerar o progresso, a entidade tornou obrigatório que todos os clubes profissionais das ligas inglesas reportem dados sobre idade, sexo, gênero, etnia, deficiência e orientação sexual nas suas organizações.
A regra foi aprovada pelo Conselho da FA, mas ainda haverá um período de consulta para finalizar a redação antes de ela ser introduzida na temporada 2024/25.
— Os resultados dos clubes para o Código de Diversidade da Liderança no Futebol são decepcionantes, mas agora devemos definir metas mais ousadas. A intenção da FA de tornar obrigatória a comunicação de dados de diversidade para todos os clubes masculinos e femininos é um passo na direção certa. Reivindicamos que a Premier League, a EFL e todos os seus 92 clubes apoiem esta medida, tornem esses dados transparentes e utilizem para definir metas significativas. Sem esse compromisso, não saberemos a verdadeira escala do problema nem seremos capazes de encontrar soluções para tornar o futebol mais representativo das pessoas que amam o jogo — disse Tony Burnett, chefe executivo da “Kick It Out”, organização que trabalha no combate aos preconceitos no esporte.