A Super League, que começou como uma ideia com grande apoio de gigantes da Premier League, ganhou força nesta quinta-feira (21). O Tribunal de Justiça Europeu (TJUE) decidiu que a decisão da Fifa e da Uefa de bloquear a formação da competição era “contrária ao direito da União Europeia”.
A decisão do TJUE afirma que a formação da liga “não necessariamente deve ser aprovada”, mas a decisão de não impedi-la já foi vista como positiva pelos clubes organizadores. Após a notícia, o Barcelona divulgou um comunicado em que “expressa sua satisfação com a sentença do Tribunal de Justiça Europeu avaliando o projeto”.
No entanto, por se tratar de uma questão legal da União Europeia, grupo do qual o Reino Unido não faz mais parte desde o Brexit, em 2016, os clubes da Premier League podem ser impedidos de participarem da Super League, caso ela de fato seja organizada.
Premier League ‘brecada’ na Super League
À medida que surgem rumores sobre uma nova proposta de Super League, com alguns relatos indicando que ela poderia expandir-se da ideia inicial de 20 equipes para até 80 participantes, com clubes tendo acesso à liga por meio de qualificação nas competições domésticas, os clubes ingleses podem ser impedidos de se juntar a tal empreendimento.
Isso ocorre porque o governo do Reino Unido está avançando para aprovar uma lei explicitamente projetada para tornar ilegal a participação de clubes na competição – ou em qualquer torneio similar – conforme destacado pelo The Athletic.
O texto da lei em discussão afirma que:
“Os clubes só poderão competir em competições aprovadas pelo Regulador. Isso permitirá que o Regulador impeça os clubes ingleses de participarem de competições dissidentes que não atendam a critérios preestabelecidos, em consulta com a FA [Associação de Futebol] e os torcedores. Crucialmente, isso protegerá contra uma futura liga dissidente no estilo da Super League europeia”.
Tornou-se ainda mais difícil para os clubes da Premier League recorrerem a uma decisão devido ao Brexit – o que significa que eles não poderiam recorrer ao TJUE.
O Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido disse: “Observamos a decisão do julgamento do Tribunal de Justiça Europeu em relação à Super League”, e lembrou da criação da Premier League:
— A tentativa de criar uma competição independente foi um momento definidor no futebol inglês e foi universalmente condenada por torcedores, clubes e pelo governo. Tomamos medidas decisivas na época ao acionar a revisão liderada por torcedores da governança do futebol, que pediu a criação de um novo regulador independente para o futebol inglês.
Premier League rejeita Super Liga separatista
Em divulgada em seu site oficial, a PL afirma que a decisão do Tribunal de Justiça Europeu “não endossa a chamada “Superliga Europeia” e a Premier League continua a rejeitar qualquer conceito deste tipo”.
A nota continua:
“Os adeptos são de vital importância para o futebol e têm repetidamente deixado clara a sua oposição a uma competição “separatista” que rompe a ligação entre o futebol nacional e o europeu.
A Premier League reitera o seu compromisso com os princípios claros da competição aberta que sustentam o sucesso das competições de clubes nacionais e internacionais.
O futebol prospera com a competitividade criada pela promoção e despromoção, pela qualificação anual baseada no mérito das ligas e taças nacionais para as competições internacionais de clubes e pelas rivalidades e rituais de longa data que acompanham os fins de semana reservados ao futebol nacional.
Estes princípios estão consagrados na Carta dos Proprietários da Premier League, introduzida em junho de 2022, que visa melhorar a força coletiva e a competitividade da Liga no melhor interesse do jogo em geral.
Desde 2021, a Premier League, juntamente com outras entidades do futebol, também reforçou as suas regras e governação nesta área.
A Premier League continuará a manter um diálogo aberto e construtivo, com todas as partes interessadas relevantes do futebol, sobre a melhor forma de proteger e melhorar o equilíbrio complementar do futebol de clubes nacionais e internacionais.”
O modelo da Super League
O plano de criar uma nova competição europeia foi anunciado em 18 de abril de 2021, com doze dos principais clubes da Europa confirmando sua intenção de lançar sua própria competição no meio da semana para rivalizar com a Champions League.
A competição proposta era composta por Manchester United, Manchester City, Chelsea, Arsenal, Tottenham, Liverpool, Milan, Inter e Atletico Madrid, bem como Juventus, Barcelona e Real Madrid. No entanto, os primeiros nove clubes listados recuaram após receberem críticas intensas de políticos, emissoras, comentaristas e treinadores.
Os organizadores anunciaram um formato reformulado para o polêmico torneio em fevereiro, que veria 64 equipes competindo em uma competição multi-liga.
Eles afirmam que uma nova Super League seria baseada apenas no “mérito esportivo”, sem membros permanentes. A proposta envolveria 64 equipes competindo nas “Ligas Star, Gold e Blue”, em grupos de oito, com um mínimo garantido de 14 partidas por ano.
Todos os jogos seriam transmitidos gratuitamente por meio de uma nova plataforma de streaming digital, segundo os organizadores. Uma competição feminina correspondente composta por 32 equipes também foi proposta.