Por que a Premier League ignora Rodri, o melhor volante do mundo?

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A Premier League anunciou os oito candidatos ao prêmio de melhor jogador do torneio nessa temporada.

São eles:

  • Phil Foden
  • Erling Haaland
  • Alexander Isak
  • Martin Odegaard
  • Cole Palmer
  • Declan Rice
  • Virgil Van Dijk
  • Ollie Watkins

Ótimas opções para o público votar. Existem temporadas que são barbadas. Todo mundo sabe quem será o vencedor, porque ele se destacou muito. Como em 2017/18, por exemplo, com Mohamed Salah. Ou o Jamie Vardy, em 2015/16.

Na atual, não acho que existe um favorito absoluto. Arrisco dizer que ficará entre os dois jovens ingleses, Phil Foden e Cole Palmer. O segundo tem a minha preferência. 

Dito tudo isso, eu pergunto: como pode o Rodri estar fora da lista?

O cara está invicto há SETENTA partidas em todas as competições. O último jogo que o Manchester City perdeu com o volante espanhol em campo foi em 5 de fevereiro de 2023. Ou seja, QUINZE MESES atrás. NUNCA na história um jogador de Premier League ficou tanto tempo invicto.

Os críticos podem argumentar: “Ok, mas o Manchester City quase não perde, isso não diz nada”. Vamos lá então. Existiu um momento nessa temporada, lá no final de setembro e começo de outubro, que a equipe comandada por Pep Guardiola perdeu três partidas em 12 dias.

Derrota por 1 a 0 para o Newcastle, que valeu eliminação na Copa da Liga Inglesa, mais um 2 a 1 para o Wolverhampton e aquele 1 a 0 no Emirates Stadium diante do Arsenal.

Rodri foi desfalque em todos esses encontros porque estava suspenso. Nesse intervalo, a única vitória foi contra o RB Leipzig, fora de casa, pela Champions League. Um 3 a 1 razoavelmente tranquilo. Rodri esteve em campo o tempo todo porque, claro, a suspensão não valia para competições europeias. 

Depois desse período, a única outra derrota do Manchester City em toda a temporada foi em dezembro, contra o Aston Villa. Um jogo em que um time comandado por Pep Guardiola foi dominado de uma maneira que eu nunca havia visto. Adivinha quem não estava em campo mais uma vez? Rodri, é claro. Tudo isso é apenas coincidência, ou o volante espanhol é realmente vital para o City?

“Ele é insubstituível”, comentou Pep Guardiola. Costumo acreditar no que os gênios dizem.

Antes do início da rodada desse fim de semana, Rodri é o jogador com o maior número de passes na Premier League: 3306. Quase 200 a mais que o segundo colocado no quesito. Depois dele, o primeiro jogador do Manchester City a aparecer na lista é Rúben Dias, que tem mais de 900 passes a menos. Ou seja, no espetacular time que tem a troca de passes como a maior arma, a maior arma é o Rodri.

Tem mais um motivo que torna difícil entender porque o jogador espanhol está fora da lista. De repente, ele passou a fazer gols e dar assistências sem parar, como nunca antes. Nessa temporada, juntando todas as competições, tem 8 gols e 13 assistências em 47 jogos. Média melhor do que muito camisa 10 por aí. Na Premier League, são 7 gols e 9 assistências em 31 partidas. Média superior a uma participação direta em gol a cada dois jogos. Sendo volante!

Concorrentes na Premier League

O Declan Rice, por exemplo, tem uma participação direta a menos, com cinco jogos a mais. E olha que, da metade da temporada pra frente, ele passou a ser o cobrador oficial de escanteio do time que é o mais letal na bola parada, inflando o número de passes decisivos.

Para deixar bem claro: não estou criticando o Declan Rice, muito pelo contrário. Acho sim que ele é um dos melhores jogadores da liga, e merece estar na lista. Só não consigo entender por que o Rodri não está. E se perguntarem quem poderia sair da relação para o Rodri entrar, eu responderia Haaland. Só para ficar em um companheiro de time… 

Às vezes, tenho a impressão que se o Rodri quiser ser mais falado na Inglaterra, precisa fazer umas tatuagens, um corte de cabelo mais ousado, tirar a camisa de dentro do calção quando joga. Ou quem sabe se envolver em polêmicas. Mas aí, ele não seria o Rodri. Discrição é uma das grandes virtudes. Dentro e fora de campo. 

Renato Senise
Renato Senise

Renato Senise é correspondente em Londres desde 2016. São mais de cinco temporadas cobrindo Premier League e Champions League. No currículo, duas Copas do Mundo “in loco”, além de entrevistas com nomes como Pep Guardiola, José Mourinho, Juergen Klopp, Marcelo Bielsa, Neymar, Kevin De Bruyne e Harry Kane.