Como cada clube da Premier League está lidando com a crise do coronavírus

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Os clubes da Premier League estão enfrentando o desafio do coronavírus de diferentes formas. Depois de uma enxurrada de críticas, o Liverpool recuou na decisão de aceitar que o governo pague parte do salário de seus funcionários.

O clube, gerido pelo Fenway Sports Group, tinha decidido aproveitar um plano de subsídio do governo britânico, em que o Estado arca com 80% dos salários dos funcionários das empresas do país durante a paralisação pela pandemia do covid-19.

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A medida foi desenvolvida para ajudar pequenas e médias empresas a sobreviverem a esse período, preservando também o emprego da população.

A opinião pública considerou, no mínimo, controverso que um clube milionário como o Liverpool usufruísse de um direito que poderia ser melhor aproveitado por outras pessoas.

O CEO do clube, Peter Moore, escreveu em uma carta aos fãs: “acreditamos que chegamos à conclusão errada na semana passada e verdadeiramente sentimos muito por isso”. Agora, os Reds vão bancar integralmente todos os seus pagamentos.

Mike Stobe/Getty Images for Leaders

Outro time a chamar a atenção nessa semana foi o Southampton: os Saints são o primeiro time da Premier League a confirmar oficialmente a redução salarial dos atletas e da comissão técnica em 10%.

Com isso, o clube será capaz de equilibrar suas finanças e continuar pagando todos os seus funcionários, mesmo os que só trabalham em dias de jogos, sem precisar do auxílio do governo. A tendência é que mais clubes sigam esse caminho.

Mas nem todos os integrantes da Premier League vão deixar de usar o pagamento governamental. Alguns, como Tottenham e Newcastle, estão sendo duramente criticados por isso. Saiba como cada time está lidando com a situação:

Arsenal

Mesmo sem jogos disputados, a diretoria dos Gunners vai pagar normalmente todos os seus trabalhadores, incluindo os esporádicos, até o final de abril. Além disso, o Arsenal prometeu considerar continuar pagando os seus funcionários mesmo após esse período.

Aston Villa

Embora alguns jornais ingleses noticiem que há conversas internas para negociar reduções salariais de jogadores e comissão técnica e, assim, equilibrar as contas do clube, o Aston Villa ainda não se posicionou oficialmente em relação ao assunto.

Bournemouth

O treinador Eddie Howe foi o primeiro da Premier League a voluntariamente abrir mão de parte do seu salário durante a crise do covid-19.

Além disso, o Bournemouth concedeu licença aos seus funcionários e vai usufruir da ajuda o governo no pagamento de 80% dos salários daqueles trabalhadores que recebem até 2,5 mil libras por mês, arcando com os 20% restantes.

Como ação durante o período, jogadores do Bournemouth como Steve Cook e Aaron Ramsdale vão telefonar para torcedores que integram grupos de risco para checar, esporadicamente, a saúde desses fãs.

Brighton

Assim como Eddie Howe, o treinador Graham Potter também abriu mão voluntariamente de parte de seu salário, junto com o presidente Paul Barber e o diretor técnico Dan Ashworth.

Embora tenha escrito aos seus trabalhadores que “tempos difíceis estão por vir”, Barber reforçou que todos seus trabalhadores e suas famílias permanecem sendo a prioridade do clube.

Alguns funcionários receberão 80% de seus salários pagos pelo auxílio governamental, enquanto o Brighton arcará com os 20% restantes.

Burnley

Sem muitos detalhes de como vai se manter e sem confirmar se usará ou não o auxílio governamental, o Burnley apenas garantiu até aqui que todos os seus funcionários – incluindo aqueles que trabalham apenas nos dias de jogos – receberão seus salários normalmente.

Dan Mullan/Getty Images

Chelsea

O Chelsea foi o primeiro time da Premier League a ter um jogador diagnosticado com o coronavírus (Hudson-Odoi) e hospedou gratuitamente em um hotel de propriedade do clube funcionários do NHS, Sistema Nacional de Saúde britânico.

Apesar disso, o clube ainda não se pronunciou oficialmente sobre o pagamento de seus funcionários. A tendência é que os Blues não utilizem o auxílio governamental.

Crystal Palace

O presidente Steve Parish prometeu que os seus funcionários não sofrerão alterações salariais durante a crise do coronavírus e a paralisação da Premier League. Os funcionários esporádicos, que trabalham apenas em dias de jogos, não serão prejudicados financeiramente.

Everton

O Everton e a associação Everton In The Community se comprometeram a pagar todos os funcionários diretamente envolvidos na rotina do clube, por pelo menos um mês. A diretoria vai continuar reavaliando a necessidade de prorrogar o auxílio após o final de abril.

Todos os colaboradores do clube que trabalham apenas em dias de jogos também serão pagos considerando o restante da Premier League, de acordo com o seu histórico de presença e pagamento nos meses anteriores.

Leicester

No único comunicado oficial até aqui, o Leicester não se posicionou quanto ao pagamento dos seus funcionários.

A nota divulgada no dia 19 de março fazia menção apenas à paralisação das atividades do clube e dizia que alguns funcionários trabalhariam no regime de home office, se possível, mas não especificou como funcionarão os pagamentos do restante do seu staff.

Liverpool

O Liverpool recuou da decisão bastante controversa de aceitar o auxílio do governo. Entre muitos torcedores e personalidades, o ídolo Jamie Carragher foi um dos principais críticos.

“Jürgen Klopp mostrou compaixão desde o início dessa pandemia, e os jogadores do time principal fortemente envolvidos em conversas com a Premier League sobre reduções de seus salários. Então, todo o respeito e boa vontade foram perdidos.”

Manchester United

O Manchester United dispensou mais de 900 colaboradores e empregados de suas atividades presenciais e garantiu que todos serão pagos normalmente durante esse período.

O clube ainda anunciou que não vai usar o auxílio do governo inglês para o pagamento de nenhum de seus funcionários.

O Manchester City e o Manchester United, juntos, doaram 100 mil libras para bancos de alimentos da cidade. Cada clube desembolsou 50 mil libras destinadas ao Trussel Trust, que assiste mais de 1,2 mil bancos de alimentos na grande Manchester.

Manchester City

O Manchester City garantiu a manutenção dos salários e dos pagamentos de todos os seus funcionários. Em nota oficial, o clube disse estar “determinado a proteger as pessoas, seus empregos e os negócios do clube ao mesmo tempo em que fará o possível para assistir a comunidade nestes tempos difíceis”.

Os Citizens já anunciaram também que não vão fazer uso do auxílio governamental durante o período. Além da doação em conjunto com o United, o City ainda ofereceu as instalações do Etihad Stadium para o NHS.

Newcastle

O Newcastle também liberou seus funcionários, mas está usando o auxílio financeiro do governo inglês para pagar 80% dos salários dos seus funcionários, arcando com os 20% restantes.

Embora tenha prometido reavaliar e reconsiderar a postura no final do mês, o clube já sofre pressão da torcida para que não use o auxílio do governo, uma vez que, sendo propriedade do milionário Mike Ashley, a decisão é considerada bastante controversa.

Norwich City

O Norwich está usando o auxílio governamental para bancar 80% dos salários de seus trabalhadores. A comissão técnica e os jogadores doaram um total de 200 mil libras para auxiliar a população do condado de Norfolk.

Sheffield United

Jornais ingleses reportam que o Sheffield vai usar o plano governamental para cobrir 80% do salário de seus funcionários, enquanto o clube vai arcar com os 20% restantes. A diretoria ainda não anunciou oficialmente a sua decisão.

Southampton

Bryn Lennon/Getty Images

Além do treinador Ralph Hasenhuttl e da sua comissão técnica, o Southampton foi o primeiro clube da Premier League a anunciar oficialmente que seus jogadores receberão 10% a menos dos seus salários. Com isso, os Saints serão capazes de equilibrar as contas e continuar pagando normalmente todos os seus funcionários, sem a necessidade do auxílio governamental.

Tottenham

Todos os 550 funcionários – à exceção dos jogadores -, incluindo o presidente Daniel Levy, sofrerão redução de 20% em seus salários, pelo menos pelos próximos dois meses.

O clube tem sofrido bastante pressão nas redes sociais pelas decisões tomadas, inclusive a de usufruir do plano de auxílio do governo, enquanto os jogadores continuam recebendo seus salários integralmente.

Watford

Até agora, a posição do Watford é de continuar pagando normalmente todos os jogadores e funcionários, sem usar o plano de auxílio governamental.

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West Ham

Todos os funcionários do clube estão sendo pagos normalmente e, dentro das possibilidades, trabalhando no regime de home office. Os empregados esporádicos que trabalham apenas em dias de jogos também estão sendo pagos normalmente

Wolverhampton

O presidente dos Wolves, Jeff Shi, garantiu que a comissão técnica e o staff do clube serão pagos normalmente durante a crise do covid-19. Por outro lado, os demais trabalhadores do clube serão pagos com ajuda do plano de auxílio governamental.

Felipe Altarugio
Felipe Altarugio

Jornalista formado na Unesp. Três anos na Jovem Pan, uma Copa do Mundo e ex-setorista do São Paulo FC.