A temporada 2019/2020 da Premier League mostrou-se histórica por uma série de fatores. Seja pelo título inédito do Liverpool, pela campanha maravilhosa do Sheffield United ou pelo recorde de assistências de Thierry Henry igualado por Kevin De Bruyne. A PL Brasil visa relatar outro momento histórico, que invadiu os gramados da Inglaterra através da atuação contundente da Premier League na luta contra o racismo.
O racismo do caso George Floyd e suas consequências na Premier League
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Pouco antes do retorno do futebol na terra da rainha após a parada por conta da pandemia do coronavírus, as principais notícias nos jornais retratavam a expectativa e tensão geradas. Contudo, o assassinato do afro-americano George Floyd, decorrido em Minneapolis, devido à uma abordagem policial cruel, gerou uma série de protestos e reflexões ao redor do mundo acerca do racismo estrutural na sociedade de modo geral.
Nesse sentido, as consequências desse episódio histórico impactaram todos os âmbitos, e a Premier League, como de praxe, resolveu se posicionar de forma veemente em apoio à campanha Black Lives Matter. Inúmeras foram as demonstrações de amparo da liga, incluindo o gesto que se tornou presente em todas as rodadas do campeonato antes do apito inicial. Além disso, a inclusão do lema da campanha na camisa dos jogadores até as rodadas finais da competição é algo que também merece destaque.
Para além disso, as substanciais declarações em nome da liga dão o tom da seriedade com a qual essa entidade se engaja no assunto. Como por exemplo, a de Richard Matters, CEO da Premier League. “Eu acredito que é bom que os jogadores usem suas vozes para fazer o que eu acho que são julgamentos éticos de valor, e não declarações políticas. São mensagens unificadoras, e nós (a Premier League) os apoiamos e os clubes também”.
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A Premier League e a Kick It Out
We have to question the appetite for change from the social media companies that posted messages of solidarity for #BlackLivesMatter whilst continuing to feed this level of racial ignorance.
We stand together with the club & David McGoldrick in highlighting this abhorrent abuse https://t.co/5qw5j3VjNi
— Kick It Out (@kickitout) July 13, 2020
É válido ressaltar, portanto, que a participação ativa da Premier League na luta contra o racismo se dá desde meados da década de 1990. Por sua vez, tal atividade fora construída em conjunto com a fundação da ONG Kick It Out, criada em 1993 pela própria Premier League e a Federação Inglesa. Por sua vez, essa instituição surgiu com a missão de institucionalizar a luta contra o racismo no meio do futebol inglês.
Desse modo, desde então, seja através de apoio financeiro na busca por identificar e punir atos racistas nos estádios, ou mesmo por meio de campanhas utilizando grandes jogadores da liga, a Premier League demonstra seu suporte a essa causa fundamental. O trabalho da Kick It Out é atrelado a uma vertente educacional que busca atingir aos jovens integrantes das categorias de bases dos clubes ingleses.
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A árdua luta do futebol na Inglaterra contra o racismo
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Por outro lado, apesar da atuação constante da Premier League na luta contra o racismo, como apontado pela própria Kick In Out, em levantamento realizado em julho do ano passado, houve aumento de 43% nos casos de racismo, em comparação com a temporada 2017/2018. Esse contexto, portanto, reitera a necessidade de seguir na busca por conscientizar e punir corretamente quem realiza esse tipo de crime.
Nesse sentido, mais recentemente, alguns casos tornaram-se emblemáticos, como por exemplo, envolvendo Raheem Sterling, estrela da seleção inglesa e do Manchester City. Em partida contra o Bournemouth, o inglês foi alvo de insultos racistas por parte do torcedor Ian Baldry. Após julgamento, ele foi condenado a cinco anos sem poder frequentar estádios no país, além de receber um banimento vitalício por parte do Manchester City.
Apesar de ser reconhecida mundialmente como exemplo a ser seguida, a Premier League ainda encontra certas dificuldades em seu objetivo de erradicar manifestações racistas dos estádios ingleses. Tal fato se deve, sobretudo, segundo um porta-voz da Kick In Out, ao aumento da reprodução deliberada de discursos de ódio pelo país.
Portanto, observamos, de um lado, o comportamento correto da Premier League em prosseguir desenvolvendo mecanismos educacionais e punitivos na busca por combater o racismo. Por outro lado, percebemos as dificuldades inerentes a uma problemática que está inserida na própria sociedade inglesa.
A Kick It Out destinou um milhão de libras para serem utilizados no financiamento das atividades educacionais realizadas com os jogadores das categorias de base dos clubes da Premier League.