‘Fenômeno Chelsea’: números dizem que Pochettino está no caminho certo…Então, o que acontece?

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O Chelsea venceu o Brighton por 1 a 0 na última quarta-feira (27) e se manteve vivo na Copa da Liga Inglesa. Sensação do futebol inglês desde o ano passado, o Brighton parece passar o bastão de uma “maldição” para os Blues: o fenômeno das estatísticas esperadas, como o xG.

Desde 2020, o Brighton vivia com a “maldição” dos gols esperados (xG) e pontos esperados (xPT). Na temporada 2020/21 da Premier League, por exemplo, os Seagulls terminaram em 16º lugar, com 41 pontos, mas tiveram 64,1 xPT – o 4º melhor índice do campeonato. O time quase foi rebaixado, mas, “na verdade”, era para ter ido à Champions League.

A história tem se repetido com o Chelsea na atual temporada. Os números de desempenho da equipe de Mauricio Pochettino são bastante positivos e indicam que os Blues deveriam brigar entre as cabeças, mas estão, na verdade, “batendo cabeça”.

Nicolas Jackson exemplifica fase do Chelsea

Pochettino já comentou durante a temporada que os Blues estão no caminho positivo e estão jogando bem, “só falta marcar gols”. Parece simplista, mas é verdade. E isso é ilustrado justamente pelo xG.

Em números individuais, Nicolas Jackson é quem tem a maior diferença negativa de xG na Premier League, atrás de Haaland e Salah.

JogadorTimeGolsGols esperados (xG)
1. Erling HaalandManchester City87.88
2. Bryan MbeumoBrentford44.38
3. Nicolas JacksonChelsea13.79
4. Callum WilsonNewcastle43.6
Nicolas Jackson Chelsea
Foto: Icon Sport

Isso significa que Jackson deveria ter marcado pelo menos quatro vezes, mas só balançou as redes uma vez: uma diferença de – 3,14 de xG. Ainda existem jogadores que superam seus xG – ou seja, marcam mais do que o esperado. Callum Wilson, Mbuemo, Son e Ferguson são exemplos: todos têm menos de 4 de xG, mas marcaram ao menos quatro gols.

Jackson, inclusive, é o jogador de melhor pontaria do Chelsea, mas apenas 36,8% das suas finalizações são no alvo. Mas o time todo “contribui” para esse ponto negativo.

A equipe de Pochettino tem o terceiro pior ataque do campeonato inglês: só marcou cinco gols em seis jogos. No entanto, tem o 6º melhor ataque com base nos gols esperados: 12,48 de xG – ou seja, o Chelsea deveria ter marcado pelo menos sete gols a mais do que tem atualmente.

Estatísticas mostram desempenho promissor

Apesar dos Blues estarem claramente deixando a desejar, outros números mostram que a equipe tem a fundação de um time de sucesso e que falta apenas o próximo passo.

Defensivamente, o Chelsea está empatado como o terceiro time menos vazado da Premier League, com seis gols sofridos, e é o terceiro em gols sofridos esperados (xGA), com 7,38. Ou seja, sofreram menos gols do que o esperado.

É um time muito dominante com a bola, uma vez que tem a segunda melhor média do campeonato neste quesito (65,3%), atrás apenas do Manchester City. O padrão de construir com alas fortes e povoar a área, inclusive, faz dos Blues a equipe que mais cruza no campeonato (140), mas com o quinto pior aproveitamento (27,1%) no quesito.

Pochettino Chelsea
Foto: Icon Sport

Ainda assim, o Chelsea é o segundo time com mais toques na área adversária da liga, com 196 – nove a menos do que o Tottenham, o líder. Também é o time que mais vezes ficou em impedimento até aqui (19), mostrando agressividade em romper a última linha, apesar do erro ocasional.

Ainda é o segundo time com mais passes, segundo em passes em profundidade, o primeiro em passes para o terço final e, apesar de ter muito a bola, é somente o 14º em bolas perdidas – ou seja, consegue mantê-la com qualidade.

Defensivamente, os Blues ainda lideram a estatística avançada de intensidade de desafio, que leva em consideração duelos, combates e interceptações por minuto de posse adversária. Também têm a segunda melhor média de passes por ação defensiva (8,15) da liga – ou seja, o adversário troca cerca de oito passes antes de receber o combate de um jogador do Chelsea.

Chelsea na Premier League 2023/24

  • 1º em passes para frente
  • 1º em cruzamentos
  • 1º em passes para o terço final
  • 1º em impedimentos
  • 1º em intensidade do desafio
  • 2º em posse de bola
  • 2º em toques na área
  • 2º em passes por ação defensiva
  • 2º em passes
  • 2º em passes em profundidade
  • 3º em pontos esperados
  • 5º melhor média de chutes sofridos por jogo

Além disso tudo, a equipe comandada pelo argentino é a terceira mais jovem de toda a Premier League, com média de 24,4 anos. Perde por apenas dois meses de média para Arsenal e Burnley (24,2).

O potencial está ilustrado nos números e em pormenores das atuações do clube, que podem passar despercebidos pelo olho “menos treinado”, mas Pochettino não está errado quando diz que “falta pouco” para o Chelsea decolar.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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