Graham Potter: por que é o sucessor ideal a Southgate na seleção inglesa

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Graham Potter foi demitido do Chelsea depois de resultados inconstantes e grande pressão da torcida. Os Blues rapidamente anunciaram seu sucessor: Frank Lampard voltou de forma interina até o final da temporada.

Mesmo criticado, Potter ainda é o centro de um dos principais debates no futebol inglês – quem será o próximo técnico da seleção? Seu período no Brighton e os pontos positivos do trabalho curto no Chelsea o colocam como principal candidato a suceder Gareth Southgate no comando dos Três Leões.

Os bons olhares sobre Potter vêm desde quando comandava o Brighton e têm motivos bastante claros. Tanto em questão de modelo de jogo, possíveis preferências em convocações e até no que diz respeito a manter uma identidade nacional.

A PL Brasil listou os motivos pelos quais Graham Potter pode ser considerado o sucessor ideal a Southgate na seleção inglesa.

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Por que Potter é tão bem cotado?

Potter é um dos cotados para assumir a seleção inglesa - PA Images / Icon Sport
Potter é um dos cotados para assumir a seleção inglesa – PA Images / Icon Sport

Em outubro do ano passado, antes mesmo da Copa do Mundo do Catar, o jornal inglês “The Sun” já colocava Potter como “o óbvio sucessor a longo prazo” para o posto de Southgate. O atual técnico da seleção divide opiniões da torcida, principalmente por algumas de suas escalações e por ser considerado um treinador com ideias mais defensivas.

Ele assumiu os Três Leões depois da Eurocopa de 2016, quando a Inglaterra foi muito criticada ao ser eliminada pela Islândia, nas oitavas de final. Na Copa do Mundo de 2018, foram eliminados pela Croácia nas semifinais e perderam a disputa do terceiro lugar para a Bélgica.

Na Euro de 2021, entretanto, Southgate levou o time à final. Também por ser disputada na Inglaterra, o torneio foi recheado de expectativa sobre a equipe, derrotada pela Itália nos pênaltis na decisão.

Apesar dos “quases” – e ser o treinador mais bem-sucedido da história recente na seleção, Southgate não tem grande apoio público. Enquanto isso, o bom trabalho de Potter no Brighton chamou a atenção da mídia e da torcida, principalmente por ter levado uma equipe pouco badalada a grandes performances contra times do big-six – o que o levou a ser contratado pelo Chelsea.

Potter também tem diploma de mestrado em Liderança e Inteligência Emocional na Universidade de Hull, o que é bem visto pela federação inglesa (FA). Além disso, o fato de ser um treinador inglês – e que até pouco tempo vivia em alta nos holofotes – ajuda na concepção da FA em manter uma identidade nacional com um técnico local para comandar a seleção. A Premier League vinha sendo alvo de críticas por ter muitos treinadores estrangeiros e, de quebra, pelo fato de nenhum inglês ter sido campeão da competição.

Potter perdeu credibilidade pós-Chelsea?

Potter em treino do Chelsea - PA Images / Icon Sport
Potter em treino do Chelsea – PA Images / Icon Sport

Southgate tem contrato até o fim da Euro de 2024, mas antes mesmo da Copa do Catar já havia burburinho sobre substituí-lo. Potter está livre no mercado e também já comentou sobre o cargo “ser o sonho de qualquer treinador inglês”.

O ex-treinador do Chelsea é bem visto por trabalhar bem com jovens jogadores, o que pode se tornar importante para a FA na hora de escolher um treinador para implementar a cultura do novo ciclo. Para o site britânico “The Athletic”, nenhuma das opções chega perto de Potter entre os técnicos ingleses.

Trajetória digna de Football Manager

Perto de completar 48 anos, Potter é visto como uma opção jovem, mas já experiente: são 12 anos como treinador. Além disso, os pontos baixos nos Blues não apagam os pontos altos no Btighton e no modesto Östersunds FK, da Suécia – por lá, é venerado: pegou o time na quarta divisão, conseguiu três promoções em cinco anos, uma Copa da Suécia, um vice-campeonato nacional e, inclusive, venceu o Arsenal no Emirates Stadium na Europa League.

Seu bom retrospecto ainda é bastante positivo. O Tottenham, que demitiu Antonio Conte recentemente, havia tentado tirar Potter do Brighton em 2021 antes de contratar o italiano. O Leicester, ao sacar Brendan Rodgers, abriu as portas para o treinador.

Será uma boa opção dentro de campo?

Desde o seu início de carreira, Potter é visto como um treinador estudioso e com ideias modernas. Na Suécia, para combater um jogo majoritariamente físico e de bolas aéreas, o Östersunds desenvolveu um estilo baseado em posse de bola e toques rápidos. Além de efetivo, era esteticamente agradável e fez com que a média de torcedores nas partidas do clube crescesse em aproximadamente 12 vezes.

A versatilidade e o encaixe contra diferentes adversários também pode ser uma boa opção em torneios de mata-mata, como a Euro e a Copa do Mundo. Na primeira participação do Östersunds na Europa League, jogou em 3-4-3 contra o Athletic Bilbao e 3-5-2 contra o Galatasaray, por exemplo. No Chelsea, sua principal formação era o 4-2-3-1 (usada 25% das vezes), mas logo depois está o 3-4-3 (19%). O trio de defesa era o mais pedido pelo treinador – entre os diferentes esquemas, três zagueiros estavam em campo em 43% das vezes.

Em sua primeira temporada no Brighton, os Seagulls se tornaram o 4º time com menos chutes sofridos por jogo (9,4) e o 3º em gols contra esperados (39,9). E apesar dos números ruins no Chelsea, as estatísticas avançadas mostram que era um trabalho promissor. Alguns dos pontos negativos dentro de campo são majoritariamente ligados à taxa de acerto de finalizações – ou seja, a capacidade, ou falta dela, dos jogadores em transformarem chances em gols.

Chelsea com Graham Potter na Premier League

A maior diferença negativa de gols esperados – 13,7 gols (29 feitos, 42,7 de xG)

1º em intensidade dos duelos – 6,9

1º em passes por minuto de posse – 16,1

2º em passes por ação defensiva – 8,58

4ª melhor defesa – 29 gols sofridos

4ª em posse de bola – 58%

3ª pior aproveitamento em finalizações – 31,1%

No Chelsea, Potter construiu um modelo de posse de bola paciente, que cria oportunidades e defende de maneira assertiva, sufocando o adversário – mesmo que tenha bebido bastante da fonte do trabalho deixado por Thomas Tuchel, seu antecessor.

Na seleção inglesa, um projeto que tende a ser naturalmente a longo prazo, as bases de sucesso criadas por Potter tanto no Brighton quanto no Chelsea podem colher frutos positivos. O técnico é bem visto dentro da comunidade do futebol inglês e foi pedido por torcedores em grande número quando ainda estava nos Seagulls.

Potter se tornou popular por ser um líder querido por seus jogadores, não criar polêmicas internas e proporcionar um estilo de futebol atrativo, e isso atinge algumas das principais expectativas para o cargo dos Três Leões – ainda mais com o “bônus” de ser o principal treinador inglês no mercado e manter a identidade nacional.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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