O Liverpool não tem Alisson, não tem o melhor elenco e, agora, não tem a liderança da Premier League. Mas tem o povo. Ou melhor, tem sua torcida em Anfield. E isso pode ser o suficiente para conquistar o maior feito dos nove anos sob o comando de Jürgen Klopp.
A determinação dos Reds foi colocada à prova neste domingo (10), contra o Manchester City. Klopp não pôde começar o jogo com Salah e Robertson, dois dos seus melhores jogadores. Alisson, Konaté e Alexander-Arnold, pilares da defesa, também ficaram de fora.
Diogo Jota, homem de gols importantes, e Gravenberch, reforço para a atual temporada, tampouco estavam disponíveis. O mesmo vale para Curtis Jones, o menino na base que mais evoluiu na temporada.
Tudo isso para enfrentar o atual bicampeão inglês, maior pedra no sapato do Liverpool em anos recentes, com Rodri, De Bruyne e Haaland se reestabelecendo fisicamente. E o City ainda saiu na frente: Stones, num vacilo de bola parada, abriu o placar no primeiro tempo e calou a atmosfera espetacular de Anfield.
Depois de passar 45 minutos em casa tendo acertado só um chute no gol, os Reds precisariam se superar mais uma vez se quisessem viabilizar o sonho de vencer a Premier League. E foi exatamente o que fizeram.
Um ‘amasso’ do Liverpool no segundo tempo
O time voltou cedo e “on fire” do intervalo. Com três minutos, um ligado Darwin Nuñez se adiantou ao erro de Aké e foi derrubado por Ederson. Pênalti que valeu o empate, convertido por Mac Allister.
A partir daí, o que se viu foi um amasso dos donos da casa. Um time esfalecido por lesões colocou os atuais campeões contra as cordas, numa postura digna de quem está disposto a vencer a liga. Nem que seja mais pela vontade, pela força do ódio, do que pelo talento.
A vitória não veio. Luis Díaz perdeu dois gols imperdíveis, Gakpo entrou “desligado” e o árbitro não marcou um pênalti claro, no último minuto, quando Doku carimbou o peito de Mac Allister com a chuteira no último minuto. Um resultado injusto para “os melhores 53 minutos que o Liverpool já jogou contra o City de Guardiola“, como resumiu o próprio Klopp.
O time da casa perdeu a última chance direta de tirar pontos do seu principal concorrente. De quebra, ainda viu o Arsenal, “terceira via” que se consolidou na disputa, assistir ao jogo de camarote enquanto assume a liderança da tabela, com o mesmo número de pontos e um saldo de gols maior.
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— Liverpool FC (@LFC) March 10, 2024
Empate de campeão?
Mas as notícias não são ruins para os Reds. Nas 10 rodadas que faltam, o Liverpool tem clássicos contra Everton e Manchester United. Jogos históricos, enormes e fora de casa, mas contra rivais que mostraram alguma fragilidade na atual temporada. A partida teoricamente mais difícil, contra o Tottenham, é em Anfield.
Do outro lado, City e Arsenal ainda se enfrentam e, por isso, perderão pontos. Ambos também encaram os Spurs (os dois fora de casa) e os Gunners ainda jogam contra Chelsea e United.
E não é só a matemática, mas a postura. A mesma que possibilitou um time cheio de moleques vencer a final da Copa da Liga na prorrogação, contra o Chelsea, e fez Nuñez cabecear o gol da vitória no último minuto contra o Forest, na última rodada, se viu presente no segundo tempo do clássico contra o City.
# | Seleção | J | V | E | D | +/- | Pontos |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1 |
Liverpool |
15 | 11 | 3 | 1 | 18 | 36 |
2 |
Chelsea |
15 | 9 | 4 | 2 | 17 | 31 |
3 |
Arsenal |
16 | 8 | 6 | 2 | 14 | 30 |
4 |
Man City |
15 | 8 | 3 | 4 | 6 | 27 |
5 |
Nottm Forest |
15 | 7 | 4 | 4 | 1 | 25 |
6 |
Aston Villa |
15 | 7 | 4 | 4 | 0 | 25 |
7 |
Brighton |
15 | 6 | 6 | 3 | 3 | 24 |
8 |
Bournemouth |
15 | 7 | 3 | 5 | 3 | 24 |
9 |
Fulham |
16 | 6 | 6 | 4 | 2 | 24 |
10 |
Brentford |
15 | 7 | 2 | 6 | 3 | 23 |
11 |
Newcastle |
16 | 6 | 5 | 5 | 2 | 23 |
12 |
Tottenham |
15 | 6 | 2 | 7 | 12 | 20 |
13 |
Man Utd |
15 | 5 | 4 | 6 | 1 | 19 |
14 |
West Ham |
15 | 5 | 3 | 7 | -8 | 18 |
15 |
Everton |
15 | 3 | 6 | 6 | -7 | 15 |
16 |
Leicester |
16 | 3 | 5 | 8 | -13 | 14 |
17 |
Crystal Palace |
15 | 2 | 7 | 6 | -6 | 13 |
18 |
Ipswich |
16 | 2 | 6 | 8 | -12 | 12 |
19 |
Wolverhampton |
16 | 2 | 3 | 11 | -16 | 9 |
20 |
Southampton |
15 | 1 | 2 | 12 | -20 | 5 |
A conexão possibilita o sonho em Anfield
Só essa conexão rara entre torcida, time e treinador pode fazer com que o Liverpool tenha chances de terminar um campeonato de pontos corridos com o título, competindo contra dois elencos melhores e mais endinheirados — até porque se classificaram à Champions League. O Arsenal, por exemplo, quebrou a banca para trazer Declan Rice, o inglês mais caro de todos os tempos. Já o City gastou mais de 120 milhões de euros em Matheus Nunes e Doku, dois reservas de luxo para Guardiola.
Ser campeão da Premier League seria não só a coroação dos nove anos históricos de Klopp em Liverpool, como também o maior feito do treinador alemão na Inglaterra. O título mais difícil contra os rivais mais complicados, numa derradeira temporada de reconstrução e despedida antecipada. Um conto de fadas possível.