Por que o injusto empate contra o City prova que o Liverpool pode realizar o maior feito da ‘Era Klopp’

2 minutos de leitura

O Liverpool não tem Alisson, não tem o melhor elenco e, agora, não tem a liderança da Premier League. Mas tem o povo. Ou melhor, tem sua torcida em Anfield. E isso pode ser o suficiente para conquistar o maior feito dos nove anos sob o comando de Jürgen Klopp.

A determinação dos Reds foi colocada à prova neste domingo (10), contra o Manchester City. Klopp não pôde começar o jogo com Salah e Robertson, dois dos seus melhores jogadores. Alisson, Konaté e Alexander-Arnold, pilares da defesa, também ficaram de fora.

Diogo Jota, homem de gols importantes, e Gravenberch, reforço para a atual temporada, tampouco estavam disponíveis. O mesmo vale para Curtis Jones, o menino na base que mais evoluiu na temporada.

Tudo isso para enfrentar o atual bicampeão inglês, maior pedra no sapato do Liverpool em anos recentes, com Rodri, De Bruyne e Haaland se reestabelecendo fisicamente. E o City ainda saiu na frente: Stones, num vacilo de bola parada, abriu o placar no primeiro tempo e calou a atmosfera espetacular de Anfield.

Depois de passar 45 minutos em casa tendo acertado só um chute no gol, os Reds precisariam se superar mais uma vez se quisessem viabilizar o sonho de vencer a Premier League. E foi exatamente o que fizeram.

Um ‘amasso' do Liverpool no segundo tempo

O time voltou cedo e “on fire” do intervalo. Com três minutos, um ligado Darwin Nuñez se adiantou ao erro de Aké e foi derrubado por Ederson. Pênalti que valeu o empate, convertido por Mac Allister.

A partir daí, o que se viu foi um amasso dos donos da casa. Um time esfalecido por lesões colocou os atuais campeões contra as cordas, numa postura digna de quem está disposto a vencer a liga. Nem que seja mais pela vontade, pela força do ódio, do que pelo talento.

A vitória não veio. Luis Díaz perdeu dois gols imperdíveis, Gakpo entrou “desligado” e o árbitro não marcou um pênalti claro, no último minuto, quando Doku carimbou o peito de Mac Allister com a chuteira no último minuto. Um resultado injusto para “os melhores 53 minutos que o Liverpool já jogou contra o City de Guardiola“, como resumiu o próprio Klopp.

O time da casa perdeu a última chance direta de tirar pontos do seu principal concorrente. De quebra, ainda viu o Arsenal, “terceira via” que se consolidou na disputa, assistir ao jogo de camarote enquanto assume a liderança da tabela, com o mesmo número de pontos e um saldo de gols maior.

Empate de campeão?

Mas as notícias não são ruins para os Reds. Nas 10 rodadas que faltam, o Liverpool tem clássicos contra Everton e Manchester United. Jogos históricos, enormes e fora de casa, mas contra rivais que mostraram alguma fragilidade na atual temporada. A partida teoricamente mais difícil, contra o Tottenham, é em Anfield.

Do outro lado, City e Arsenal ainda se enfrentam e, por isso, perderão pontos. Ambos também encaram os Spurs (os dois fora de casa) e os Gunners ainda jogam contra Chelsea e United.

E não é só a matemática, mas a postura. A mesma que possibilitou um time cheio de moleques vencer a final da Copa da Liga na prorrogação, contra o Chelsea, e fez Nuñez cabecear o gol da vitória no último minuto contra o Forest, na última rodada, se viu presente no segundo tempo do clássico contra o City.

Premier League
# Seleção J V E D +/- Pontos
1 Liverpool

Liverpool

29 21 7 1 42 70
2 Arsenal

Arsenal

29 16 10 3 29 58
3 Nottm Forest

Nottm Forest

29 16 6 7 14 54
4 Chelsea

Chelsea

29 14 7 8 16 49
5 Man City

Man City

29 14 6 9 15 48
6 Newcastle

Newcastle

28 14 5 9 9 47
7 Brighton

Brighton

29 12 11 6 6 47
8 Fulham

Fulham

29 12 9 8 5 45
9 Aston Villa

Aston Villa

29 12 9 8 -4 45
10 Bournemouth

Bournemouth

29 12 8 9 12 44
11 Brentford

Brentford

29 12 5 12 5 41
12 Crystal Palace

Crystal Palace

28 10 9 9 3 39
13 Man Utd

Man Utd

29 10 7 12 -3 37
14 Tottenham

Tottenham

29 10 4 15 12 34
15 Everton

Everton

29 7 13 9 -4 34
16 West Ham

West Ham

29 9 7 13 -16 34
17 Wolverhampton

Wolverhampton

29 7 5 17 -18 26
18 Ipswich

Ipswich

29 3 8 18 -34 17
19 Leicester

Leicester

29 4 5 20 -40 17
20 Southampton

Southampton

29 2 3 24 -49 9

A conexão possibilita o sonho em Anfield

Só essa conexão rara entre torcida, time e treinador pode fazer com que o Liverpool tenha chances de terminar um campeonato de pontos corridos com o título, competindo contra dois elencos melhores e mais endinheirados — até porque se classificaram à Champions League. O Arsenal, por exemplo, quebrou a banca para trazer Declan Rice, o inglês mais caro de todos os tempos. Já o City gastou mais de 120 milhões de euros em Matheus Nunes e Doku, dois reservas de luxo para Guardiola.

Ser campeão da Premier League seria não só a coroação dos nove anos históricos de Klopp em Liverpool, como também o maior feito do treinador alemão na Inglaterra. O título mais difícil contra os rivais mais complicados, numa derradeira temporada de reconstrução e despedida antecipada. Um conto de fadas possível.

Diogo Magri
Diogo Magri

Jornalista nascido em Campinas, morador de São Paulo e formado pela ECA-USP. Subcoordenador da PL Brasil desde 2023. Cobri Copa América, Copa do Mundo e Olimpíadas no EL PAÍS, eleições nacionais na Revista Veja e fui editor de conteúdo nas redes sociais do Futebol Globo CBN.

Contato: [email protected]