Procure no mapa pela cidade de Petrolina. Pode buscar com calma, lá no estado de Pernambuco. Desça até o interior, mais precisamente no Sertão. Ainda não achou? Vai uma dica: fica no Sertão do São Francisco.
Se já há uma distância entre a capital Recife e os times de lá, imagine então para Londres, Inglaterra, Reino Unido. EUROPA! Mas uma coisa que aprendi nesses anos de torcedora: distância física não existe no quesito Chelsea Football Club.
Quando me fizeram a proposta de escrever esse texto, um dos questionamentos surgiu: em qual momento o Chelsea surgiu na minha vida e virei torcedora? Nossa, faz tanto tempo que eu nem me recordo. Lembro-me de ser na Era Mourinho, com aquele timaço formado por nomes como Petr Cech, John Terry, Ricardo Carvalho, Claude Makelele, Michael Essien, Frank Lampard, Didier Drogba e companhia.
Talvez tenha sido num jogo da Liga dos Campeões transmitido na TV aberta (se não me engano, na Band). Provavelmente tenha sido num duelo contra o Barcelona… Ou foi num jogo da Premier League? Honestamente, não lembro com exatidão. Fato é que desde o momento no qual vi o Chelsea, senti uma conexão.
Talvez por o azul ser minha cor favorita, talvez por gostar da Inglaterra e coisas relacionadas a Londres… Imediatamente comecei a pesquisar sobre o clube, buscava vídeos, notícias e afins. Importante destacar que isso aconteceu na metade dos 2000, então o acesso à internet não era muito fácil, muito menos TV paga (um artigo de luxo naquela época).
De vez em quando a Band exibia os jogos da Premier League, então aproveitava os momentos para ver os Blues em campo. Quando não, recorria ao tempo real em portais nacionais e internacionais, porque enfim, a conexão de alguns anos nem se compara a atual. E assim fui me familiarizando com o elenco, os nomes, as tradições, rivalidades, conquistas etc. Da Band para a Record com a Liga dos Campeões e ano após ano o Chelsea se tornava presente na minha vida.
Através do Chelsea Brasil, conheci pessoas, mesmo que de forma virtual, que até hoje são presentes na minha vida e seguimos trocando figurinhas sobre o clube. Lá formamos vínculos, uma família azul que torce, celebra, chora e corneta a nossa equipe azul. Vieram as conquistas e derrotas, algumas marcadas por lágrimas.
Títulos da Premier League, FA Cup, Carling Cup (hoje com nome de Carabao Cup), Community Shield e a tão sonhada Champions League no ano de 2012, na casa do Bayern e com emoção até o fim. As lágrimas de 2012 deram lugar ao grito engasgado e o choro de dor em 2008, naquela fatídica final da Rússia, com o capitão do time escorregando no que seria o gol da vitória.
De meados de 2000 até 2021 treinadores chegaram e saíram. Ídolos se despediram, novos jogadores vestiram a camisa azul. São muitas memórias mais antigas e outras recentes, como a Europa League em duas ocasiões, a chegada de Frank Lampard como treinador e um novo Chelsea que finalmente aprendeu a olhar para a garotada revelada na Academia. Mas devo confessar que hoje meu vínculo mais forte é o Chelsea Women.
Já faz alguns anos que acompanho a evolução do projeto das Ladies até alcançarem o patamar de Women. Os resultados ruins de um começo sem planejamento até a colheita dos frutos plantados em 2012 com a chegada de Emma Hayes. É uma alegria sem tamanho saber que a equipe é hoje uma referência na Europa.
Essa aproximação com o feminino vem de uma transformação, pois há uns três ou quatro anos voltei minha atenção aos esportes praticados por nós mulheres. E como disse acima, é muito gratificante ver atletas como Millie Bright, Melanie Leupolz, Magdalena Eriksson, Pernille Harder, Sam Kerr, Ji So-Youn, Guro Reiten e tantas outras atletas renomadas vestindo o manto. E sei que em breve esse grupo levantará a taça da Champions feminina.
Conhecer Londres sempre é e continua sendo um sonho. Saber que o Chelsea era daquela cidade fez meu coração de garotinha explodir. Sei que no futuro terei a oportunidade de ir ao Stamford Bridge e a Kingsmeadow. Enquanto isso, seguimos acompanhando as vitórias no meu querido Sertão.
por Maria Akemi