“Então você torce para a filial do Liverpool?”, “Por que você torce para um time que tomou 9 a 0 em casa?”, “É o time da cidade do Titanic, não é?”, essas foram algumas das perguntas que eu sempre tive que responder desde quando virei torcedor do Southampton. Mas, como foi mesmo que me tornei torcedor dos Saints?
A história começa em 2007, ano em que eu passei a acompanhar definitivamente o futebol inglês. Não tinha uma equipe para torcer, simpatizava um ou outro, mas assistia apenas como um mero espectador da Premier League.
Quatro anos depois, passei a acompanhar novos campeonatos na Inglaterra, sobretudo a Championship, onde estava o Southampton na época, recém-promovido da League One após entrar em administração ao fim da temporada 2008/09.
Apesar dos streams com baixa qualidade, dava para ter muitas informações, sobretudo por conta de portais como a Championship Brasil, pioneiro da cobertura da segunda divisão inglesa na época. Diferente da maioria dos meus amigos, que torciam pro Chelsea, Manchester United ou Liverpool, decidi que iria torcer para o Southampton por conta de diversos fatores, como o icônico uniforme patrocinado pela aap³ e por sua história, que de certa forma lembravam um pouco a do meu time no Brasil: o Ferroviário Atlético Clube, que como o Southampton, foi formado pela classe operária.
A partir daí, passei a acompanhar aquela geração de jogadores que marcou época no clube: Adam Lallana, Rickie Lambert, Kelvin Davis e um em especial que provavelmente foi um dos meus primeiros ídolos no Southampton: Morgan Schneiderlin, o francês que optou por jogar pelos Saints na terceira divisão que ir para o Portsmouth, que vivia um momento melhor que o nosso.
Passei a admirar outros jogadores, de épocas passadas, graças à internet. Matt Le Tissier, Jason Dodd, Antti Niemi, James Beattie, Mick Channon, Bobby Stokes, Kevin Keegan, li sobre histórias como a bizarra de Ali Dia e também sobre a maior conquista do clube: a FA Cup em 1976. Tudo aquilo era preciso e a expectativa para acompanhar o time na Premier League só aumentava.
O começo não foi bom para um time recém-promovido, mas graças a um jovem e motivado por Mauricio Pochettino, o time ficou na elite sem sustos e fez uma temporada seguinte bem sólida.
Nomes interessantes começaram a chegar, como Wanyama, Tadic, Mané, van Dijk, Forster, Pellè, entre outros, mesclando-se com a base já conhecida e que mesmo com algumas perdas, se firmou como um time de primeira divisão, conseguindo inclusive chegar à Europa League sob o comando de Ronald Koeman.
Foi nesse período que decidi entrar de vez em um projeto: a The Saints Br, um portal pioneiro feito por torcedor para falar sobre o Southampton em língua portuguesa no Twitter. Há três temporadas, iniciamos o Saints Cast, o podcast para falar sobre o Southampton e que conta com a participação de outros brasileiros que, assim como eu, sofrem por esse clube.
Há jogos marcantes para mim. A semifinal da Copa da Liga Inglesa diante do Liverpool, com gol de Shane Long em Anfield após um contra ataque mortal, por exemplo. Ou o gol de Manolo Gabbiadini contra o Swansea no País de Gales e que literalmente nos salvou do rebaixamento.
A vitória contra o Liverpool em St Mary’s com uma atuação perfeita de Sadio Mané, virando o jogo ou a esmagadora vitória diante do Portsmouth no primeiro South Coast Derby que eu pude assistir.
Os tempos não são tão bons no clube, seja no aspecto financeiro seja o do futebol apresentado. Ralph Hasenhüttl é incrível, mas infelizmente não é milagreiro. A direção toma rumos cada vez piores desde a venda feita a Gao Jiseng, que já planeja vender o clube.
Porém, para o torcedor, a esperança de dias melhores segue viva e um dia, quem sabe, o time voltará aos holofotes não por goleadas sofridas ou por vendas, mas sim por seu futebol.